O governo Lula (PT) deve ampliar superintend�ncias da Codevasf (Companhia de Desenvolvimento dos Vales do S�o Francisco e do Parna�ba) para acomodar aliados e debelar disputas regionais por espa�o na estatal.
Segundo integrantes do governo, parlamentares e membros da Codevasf, o plano � duplicar a dire��o das superintend�ncias de pelo menos dois estados: Pernambuco e Minas Gerais.
Em nota, a companhia confirmou que a expans�o est� em an�lise e disse que n�o h� estimativa de custos ou defini��es sobre cargos.
A iniciativa, segundo a Folha apurou, ainda pode ser reproduzida ao menos em Goi�s e na Para�ba, palco de rixas entre partidos que j� integram a base governista ou que o Pal�cio do Planalto busca atrair.
A Codevasf foi entregue pelo ent�o presidente Jair Bolsonaro (PL) ao centr�o e � mantida dessa forma por Lula em troca de apoio no Congresso.
As discuss�es por cargos ocorrem no momento em que avan�a uma apura��o sobre suposta corrup��o com verbas da estatal, que no �ltimo governo passou a escoar verbas de emendas em obras de pavimenta��o e maquin�rios.
Em 2022, a Pol�cia Federal levantou suspeitas de que uma empresa pagou propina de R$ 250 mil para um gerente da companhia, como revelou a Folha de S.Paulo.
Hoje h� 12 superintend�ncias da Codevasf instaladas em 11 estados, al�m de outras 2 que aguardam aprova��o de novos cargos pela Sest (Secretaria de Coordena��o das Estatais), do Minist�rio da Economia, para come�ar a operar em Fortaleza e Jo�o Pessoa.
N�o seria novidade a Codevasf ter duas superintend�ncias em um mesmo estado. No caso da Bahia, h� representa��o em Bom Jesus da Lapa e em Juazeiro.
Em Pernambuco, por exemplo, a Codevasf ampliada deve ter dois escrit�rios: Petrolina e Recife. Para o comando da regional do Recife, dever� ser nomeado um indicado do PSB e do Republicanos, sendo respons�vel por 139 munic�pios. Um indicado do PT dever� assumir a regional de Petrolina, abarcando outras 46 cidades.
A unidade da Codevasf de Petrolina est� desde 2016 sob comando de Aurivalter da Silva, que foi assessor parlamentar de Fernando Bezerra (MDB), ex-l�der no Senado do governo Bolsonaro.
No governo Lula, o cl� da fam�lia Bezerra Coelho, que tamb�m abriga o deputado federal Fernando Coelho e o ex-prefeito de Petrolina Miguel Coelho, ambos da Uni�o Brasil, j� emplacou o advogado Henrique de Assis Coutinho Bernardes em uma das diretorias mais cobi�adas da estatal federal.
Desde mar�o, Bernardes comanda a diretoria de Desenvolvimento Integrado e Infraestrutura da Codevasf, setor cobi�ado por parlamentares por envolver desde a compra de maquin�rios, como tratores, at� obras de pavimenta��o e da integra��o do rio S�o Francisco.
Os cargos de chefia da Codevasf em Pernambuco est�o numa disputa que envolve o deputado Silvio Costa Filho (Republicanos), o grupo pol�tico liderado pelo prefeito do Recife, Jo�o Campos (PSB), e o senador Humberto Costa (PT).
Em Minas Gerais, a superintend�ncia atual fica em Montes Claros e � comandada por Marco Antonio Gra�a C�mara.
A indica��o dele contempla um grupo de deputados mineiros como Luis Tib� (l�der do partido Avante), Fred Costa (l�der do Patriota) e Luiz Fernando Faria (PSD), com apoio do presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (PSD-MG). No entanto, h� press�o de outros partidos para ocupar o cargo, inclusive do deputado Paulo Guedes (PT-MG).
Diante disso, o governo planeja abrir outra superintend�ncia em Belo Horizonte.
Na leitura de t�cnicos da Codevasf, a expans�o mostra que a estatal tem perdido o foco para atender a interesses pol�ticos.
Isso porque os bra�os regionais da estatal est�o sendo levados para locais sem projetos de irriga��o.
Como exemplo, esses t�cnicos citam a mudan�a da sede da empresa em Alagoas de Penedo, no interior, para a capital Macei�. Essa unidade � comandada por Jo�ozinho Pereira (PP), primo do presidente da C�mara, Arthur Lira (PP-AL).
O governo Lula decidiu manter o engenheiro Marcelo Moreira na presid�ncia da estatal, nome indicado em 2019 pelo atual l�der da Uni�o
Brasil na C�mara, Elmar Nascimento (BA). J� parte dos diretores e superintendentes foi alterada para retirar bolsonaristas e abrigar indicados de aliados no Congresso Nacional.
O relator do Or�amento de 2023, senador Marcelo Castro (MDB-PI), emplacou o filho no comando da estatal no Piau�, cargo antes exercido por um indicado do senador Ciro Nogueira (PP), ex-ministro da Casa Civil de Bolsonaro.