
A mulher do tenente-coronel Mauro Cid, Gabriela Ribeiro Cid, admitiu, em depoimento � Pol�cia Federal, que o ex-ajudante de ordens do ex-presidente Jair Bolsonaro foi o respons�vel por falsificar os certificados de vacina��o contra a COVID-19 no sistema do Minist�rio da Sa�de. A informa��o foi confirmada pelo Correio com fontes na investiga��o.
Gabriela disse que fez uso da carteira de imuniza��o para viajar aos Estados Unidos e burlar a vigil�ncia sanit�ria. No entanto, se esquivou da responsabilidade pela adultera��o. Segundo a reportagem apurou, a estrat�gia da defesa - o advogado do casal � Bernardo Fenelon - visa fazer com que ela responda apenas por uso de documento falso, cuja pena � de um a cinco anos de reclus�o.
A esposa do tenente-coronel (preso desde 3 de maio) dep�s, nesta sexta-feira (19/5), no �mbito da Opera��o Venire, que investiga a inser��o de dados falsos no sistema do Minist�rio da Sa�de. De acordo com o inqu�rito, teriam sido emitidos certificados de vacina��o contra a COVID-19 para o militar, a mulher e as filhas. Bolsonaro e a filha ca�ula, Laura, tamb�m tiveram os dados adulterados.
Aos agentes, ela alegou n�o saber dizer qual foi a participa��o do ex-major do Ex�rcito Ailton Barros no esquema de dados falsos de vacina��o - ele tamb�m est� preso.
A revela��o da mulher do ex-ajudante de ordens acendeu um alerta nos aliados de Bolsonaro, que temem uma dela��o premiada. O tenente-coronel trocou de advogado e contratou um profissional especialista nesse tipo de colabora��o. Segundo fontes, parte da fam�lia de Cid acredita que houve um "abandono" dele por parte do ex-chefe do Planalto.
Antes, Cid era defendido por Rodrigo Roca, que deixou o caso alegando "raz�es de foro profissional" e "impedimentos familiares". Agora, o militar e a mulher estariam sendo preparados pela nova defesa para relatar � pol�cia a participa��o de Bolsonaro no plano.
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Enquanto Cid permaneceu calado no depoimento da �ltima quinta-feira � PF, o ex-presidente disse, na oitiva � corpora��o, que n�o sabia do esquema para falsificar seu certificado de vacina��o e que, se o tenente-coronel arquitetou tudo, foi "� revelia e sem o seu conhecimento".
Bolsonaro, no entanto, admitiu que o ent�o auxiliar acessava o sistema com seus dados. "N�o tem conhecimento sobre quem teria acessado e emitido o referido certificado; que sequer sabe acessar o aplicativo ConecteSUS; que o declarante e sua esposa n�o realizaram o cadastro no sistema Gov.br e ConectSUS em nome de L.F.B (filha de Bolsonaro); que pelo fato de L.F.B n�o ter sido vacinada n�o tinham motivo para acessar e emitir certificado de vacina��o em nome de sua filha", diz trecho do depoimento do ex-chefe do Executivo.
Habeas corpus
A defesa de Cid protocolou, nesta sexta, no Supremo Tribunal Federal (STF), um pedido de revoga��o da pris�o preventiva do militar. A deten��o dele foi decretada pelo ministro Alexandre de Moraes.
No pedido apresentado � Corte, o advogado argumenta que os autos devem ser encaminhados � Procuradoria-Geral da Rep�blica (PGR) e o coloca � disposi��o para o cumprimento de medidas cautelares.
"O recolhimento domiciliar noturno, a proibi��o de contato com os demais investigados, a proibi��o de ausentar-se do pa�s e a entrega de seu passaporte revelam-se plenamente suficientes para resguardar a ordem p�blica e a ordem econ�mica", diz um trecho do documento.
O defensor justifica o pedido de soltura alegando que n�o h� risco de descumprimento de eventuais medidas cautelares. "A n�o ser que consideremos que o Ex�rcito brasileiro poderia ser conivente com o descumprimento de uma ordem do STF, o que, por �bvio, ocasionaria uma completa ruptura institucional, algo completamente inconceb�vel no Estado democr�tico de Direito da Rep�blica do Brasil", afirma.
Veja a cronologia da fraude
O primeiro cart�o em nome de Gabriela Santiago Ribeiro Cid aponta duas doses da vacina Pfizer supostamente aplicadas na cidade de Cabeceiras (GO), cidade a cerca de 349 quil�metros de Goi�nia. Os dados usados foram copiados do cart�o de uma enfermeira, que foi, de fato, vacinada no munic�pio, segundo a investiga��o.
As doses seriam registradas no sistema integrado do Minist�rio da Sa�de com a ajuda do segundo-sargento do Ex�rcito Eduardo Crespo Alves, mas ele n�o conseguiu fazer o cadastro, porque os lotes destinados a Goi�s n�o foram aceitos. Ele operava a plataforma pelo Rio de Janeiro, e o sistema identificou a inconsist�ncia.
Um segundo cart�o foi falsificado, dessa vez em Duque de Caxias (RJ), com duas doses da Pfizer. O advogado e militar da reserva Ailton Gon�alves Moraes teria conseguido o cart�o em branco e os lotes que, segundo conversas de WhatsApp obtidas pela Pol�cia Federal, foram copiados do certificado de um "amigo". Coube ao ent�o secret�rio municipal de Governo de Duque de Caxias, Jo�o Carlos de Sousa Brecha, registrar os dados falsos de vacina��o da fam�lia de Mauro Cid no sistema do Minist�rio da Sa�de.