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Lula diz que ditadura na Venezuela � 'narrativa' e critica bloqueio

Presidente exalta a visita de Nicol�s Maduro a Bras�lia e afirma que cabe ao l�der do pa�s vizinho "fazer as pessoas mudarem de opini�o"


30/05/2023 04:00 - atualizado 30/05/2023 07:28
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Lula chamou de 'momento histórico' a presença de Nicolás Maduro em território brasileiro
Lula chamou de "momento hist�rico" a presen�a de Nicol�s Maduro em territ�rio brasileiro (foto: EVARISTO S�/AFP)

Bras�lia – O presidente Luiz In�cio Lula da Silva (PT) recebeu ontem o presidente da Venezuela, Nicol�s Maduro, e disse que a visita � momento hist�rico que “reflete uma pol�tica externa s�ria”. Chamou de “narrativa” a vis�o de que a Venezuela virou ditadura e acrescentou que ele e o assessor especial Celso Amorim buscam explicar ao mundo que a situa��o n�o � essa.
 
“Depois de oito anos, o presidente Maduro volta a visitar o Brasil, e n�s recuperamos o direito de fazer pol�tica de rela��es internacionais com a seriedade que sempre fizemos, sobretudo com os pa�ses que fazem fronteira com o Brasil”, disse o petista. Lula deu a declara��o � imprensa ao lado de Maduro.
 
O presidente tamb�m chamou de “equ�vocos” as decis�es que impediram a vinda de Maduro e de outras autoridades venezuelanas ao Brasil nos �ltimos anos, durante o governo Jair Bolsonaro (PL), e defendeu a Venezuela na disputa com os EUA, ao dizer que “bloqueios econ�micos s�o piores que a guerra”.

Hoje, Maduro participar� de encontro proposto por Lula com presidentes da Am�rica do Sul, na tentativa de retomar planos de integra��o das na��es da regi�o. Ambos deram declara��o ao t�rmino das primeiras reuni�es de trabalho.
 
O petista disse que o venezuelano era bem-vindo e lamentou o tempo em que as rela��es entre Brasil e Venezuela foram obstru�das, ap�s a imposi��o de proibi��es do ingresso de altas autoridades do pa�s caribenho. “A Venezuela sempre foi parceiro excepcional, mas em raz�o das conting�ncias pol�ticas, dos equ�vocos, o presidente Maduro ficou oito anos sem vir ao Brasil. E o Brasil ficou muito tempo sem ir � Venezuela.”

Ele ainda chamou de “narrativa” a vis�o de que a Venezuela virou uma ditadura e acrescentou que ele e o assessor especial Celso Amorim buscam explicar ao mundo que a situa��o n�o � essa.
 
“Cabe � Venezuela mostrar a sua narrativa para que possa efetivamente fazer as pessoas mudarem de opini�o. � preciso que voc� [Maduro] construa a sua narrativa. E a sua narrativa vai ser infinitamente melhor do que o que eles t�m contado contra voc�. Est� nas suas m�os construir a sua narrativa e virar esse jogo, para que a gente possa vencer definitivamente, e a Venezuela voltar a ser um pa�s soberano, onde somente seu povo, por meio de vota��o livre, diga quem � que vai governar esse pa�s”, afirmou Lula.
 
 
Durante seu discurso, o brasileiro ainda deu uma guinada para criticar pot�ncias ocidentais. Em particular, mirou os EUA e lamentou duramente as san��es impostas por Washington a Caracas. Lula afirmou que bloqueios comerciais e financeiros t�m efeito pior que o de guerras.
 
“� culpa dele [de Maduro n�o ter d�lares para arcar com suas exporta��es]? N�o. � culpa dos EUA, que fizeram um bloqueio extremamente exagerado. Sempre acho que o bloqueio � pior do que uma guerra. A guerra, normalmente, morre soldado que est� em batalha. Mas o bloqueio mata crian�a, mata mulheres, mata pessoas que n�o t�m nada a ver com a disputa ideol�gica que est� em jogo”, afirmou.

Autoridades brasileiras ent�o prometeram trabalhar com Caracas para saldar a d�vida com o Brasil, al�m de abrir a possibilidade para uma coopera��o energ�tica, com a venda de energia venezuelana. Ap�s a reuni�o com Maduro, o ministro da Fazenda, Fernando Haddad (PT), afirmou que ser� constitu�do um grupo de trabalho para estudar a d�vida do pa�s caribenho.
 
“E, a partir dessa consolida��o dos n�meros, [vamos] reprogramar o pagamento. Cuido da rela��o com o Tesouro, e Minas e Energia cuidar� da quest�o da energia para Roraima. Mas a encomenda � essa, consolida��o da d�vida e reprograma��o.”

COOPERA��O 

Maduro tamb�m destacou a possibilidade de uma coopera��o no setor energ�tico e confirmou o interesse de vender energia ao Brasil. Para tal, no entanto, afirmou ser necess�rio um investimento de cerca de US$ 4 milh�es a US$ 5 milh�es (entre R$ 20 milh�es e R$ 25 milh�es) para que a transmiss�o seja poss�vel. Maduro afirmou que o encontro foi um “feito hist�rico” e uma vit�ria da “dignidade dos povos”. “O resgate da uni�o entre Brasil e Venezuela � o caminho que nos conduzir� at� o desenvolvimento e a integra��o da Grande P�tria.”
 
 
A visita oficial de Maduro s� entrou na agenda de Lula na manh� de ontem, poucas horas antes do in�cio dos eventos —passagens de chefes de Estado costumam ser divulgadas com muita anteced�ncia. Maduro chegou no meio da manh� � sede do governo e foi recebido por Lula na rampa presidencial.
 
Os dois tiveram encontro reservado, seguido de reuni�o ampliada, com assessores e ministros dos dois lados. Da parte do Brasil, participaram, al�m de Lula, o vice Geraldo Alckmin, o assessor especial da Presid�ncia Celso Amorim e os ministros Mauro Vieira (Rela��es Exteriores), Fernando Haddad (Fazenda), Paulo Pimenta (Secretaria de Comunica��o Social), Carlos F�varo (Agricultura) Alexandre Silveira (Minas e Energia) e o secret�rio-executivo do Minist�rio da Justi�a, Ricardo Cappelli.

Tamb�m estiveram na reuni�o as primeiras-damas Ros�ngela Lula da Silva, a Janja, e a venezuelana Cilia Flores de Maduro. Seguiu-se, ent�o, uma cerim�nia de assinaturas. A agenda tamb�m previa um almo�o no Pal�cio do Itamaraty. A �ltima vez que o venezuelano esteve em Bras�lia foi em janeiro de 2015, para a posse de Dilma Rousseff, que inaugurava seu segundo mandato. A entrada de Maduro em territ�rio brasileiro depois acabou proibida: em 2019, o governo Bolsonaro editou uma portaria proibindo o ingresso de autoridades de alto escal�o do pa�s. (Folhapress)


Oposi��o cita “vergonha” com visita


Bras�lia – Parlamentares da oposi��o fizeram cr�ticas ao presidente Luiz In�cio Lula da Silva (PT) por ter recebido o presidente da Venezuela, Nicol�s Maduro. As cr�ticas partiram principalmente de aliados do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), que lembraram, em tom de ironia, decis�o do Tribunal Superior Eleitoral, no ano passado, que impediu pe�as de campanha que relacionassem Lula a Maduro.
 
Um dos poucos governistas a defender a visita, o l�der do governo na C�mara dos Deputados, Jos� Guimar�es (PT-CE), afirmou que a visita representa que o “Brasil volta ao cen�rio internacional com protagonismo”.

O senador Ciro Nogueira (PP-PI), ex-ministro da Casa Civil na gest�o Bolsonaro, ironizou o slogan “o Brasil voltou”, usado frequentemente por petistas. “Voltou a paparicar ditadores da Am�rica Latina e a trat�-los como ‘chefes de Estado’. Democracia para o PT � uma palavra no dicion�rio”, escreveu Ciro, que j� foi aliado de Lula, em suas redes sociais.

O filho mais velho do ex-presidente, senador Fl�vio Bolsonaro (PL-RJ), afirmou que Lula n�o tem compromisso com a democracia por ter recebido o venezuelano. “Lula demonstra, mais uma vez, a sua falta de compromisso com a democracia ao receber o ditador da Venezuela, Nicol�s Maduro, acusado de crimes contra a humanidade, como assassinatos, tortura, agress�es, viol�ncia sexual e desaparecimentos”, afirmou.
 
O ex-vice-presidente Hamilton Mour�o (Republicanos-RS) afirmou que a visita de Maduro era uma “vergonha para os brasileiros” e um “desrespeito com o povo venezuelano”. “Na campanha de 2022, o TSE determinou a retirada de inser��es que associavam Lula a ditadores como Maduro e [Daniel] Ortega, [da Nicar�gua]. Maduro � acusado de torturas, desaparecimentos, agress�es e crimes contra a humanidade. Lula, ao receber Maduro, mostra que n�o tem compromisso com a democracia e nossos valores!”, escreveu o senador.

Outros bolsonaristas adotaram uma estrat�gia diferente, enviando of�cios para a embaixada dos Estados Unidos para que tome provid�ncias e prenda Maduro.
 
O ex-ministro do Turismo e deputado Marcelo �lvaro Ant�nio (PL-MG) foi um dos que acionaram o posto americano. “Enviei um of�cio para a embaixada dos EUA, comunicando que Nicol�s Maduro, foragido do governo americano, se encontra em territ�rio brasileiro, sendo recebido por Luiz In�cio Lula da Silva. Solicitei que o governo americano se manifeste pela pris�o de Maduro pela justi�a do Brasil”, escreveu.
 
 
Foram poucos os governistas e petistas que sa�ram em defesa da visita oficial de Nicol�s Maduro. O deputado Andr� Janones (Avante-MG) partiu para o enfrentamento com bolsonaristas. Em suas redes sociais, ele ironizou ao escrever “ain, mas Bolsonaro odeia ditadores”, em uma postagem que mostrava falas de Bolsonaro louvando personagens, como o ex-ditador paraguaio Alfredo Stroessner. “N�o quero discutir m�rito sobre Maduro. O fato � que, ele foi indiciado pelos EUA, mas n�o foi acusado formalmente, nem condenado. Toda a��o dos deputados de direita, pedindo provid�ncia dos EUA � engodo para gado. S�o despreparados e desesperados por like; para isso, enganam os pr�prios apoiadores”, escreveu.


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