Movimento que galvanizou as ruas nos meses que antecederam o impeachment de Dilma Rousseff (PT), o VPR (Vem Pra Rua) levou 345 bal�es pretos para a avenida Paulista neste domingo (4). Representavam, segundo a porta-voz do VPR, Adelaide Oliveira, os 345 mil votos que o deputado Deltan Dallagnol (Podemos-PR) conquistou e que o TSE (Tribunal Superior Eleitoral) jogou no lixo ao votar pela sua cassa��o.
O qu�rum come�ou com cerca de um ter�o desse n�mero, pouco mais de cem pessoas num ato esvaziado que n�o contou com apoio de grandes parceiros do passado, como o MBL (Movimento Brasil Livre).
"Bom dia, guerreiros, destemidos, corajosos, que apesar de tudo est�o aqui se indignando", discursa no microfone a deputada Adriana Ventura (Novo-SP). Ela fala em "descontentamento com esta ditadura do Judici�rio".
Os manifestantes pedem uma CPI para investigar um suposto abuso de autoridade no TSE e no STF (Supremo Tribunal Federal). A revolta com a cassa��o do ex-procurador da Lava Jato n�o � a �nica causa em pauta. Em cartazes e nas falas, h� tamb�m ataques � indica��o de Cristiano Zanin para o STF e o afago do presidente Lula (PT), em solo brasileiro, no ditador da Venezuela, Nicol�s Maduro.
O deputado Luiz Philippe de Orleans e Bragan�a (PL-SP) abriu sua participa��o dizendo que estava at� feliz de estar ali, "mas um pouquinho infeliz que a gente n�o est� ganhando esta batalha".
Lembra que a direita se uniu "para tirar a Dilma, o PT" e tem como desafio "manter essa uni�o de novo". Clamou pela destitui��o de Lula ("sabemos que ele e criminoso"), zombou dos "200 man�s" do centr�o e criticou a "esquerda radical" do Congresso. A ala bolsonarista, da qual faz parte, foi poupada.
Lembran�a de 2013

"H� dez anos o Brasil conhecia a for�a das ruas", dizia chamada para a manifesta��o em redes sociais, lembrando dos protestos de 2013 que eletrizaram o pa�s. Mas agora, afirma no microfone o administrador de empresas Charles Putz, definitivamente n�o � por R$ 0,20, valor a mais nas passagens que motivou a tomada das ruas na d�cada passada. "� pelo contingente de votos que Dallagnol teve", continua.
A animosidade contra Lula � latente entre manifestantes. "Se fizer o L, late", diz o dono de dois lulus-da-pomer�nia para uma amiga. O ministro Alexandre de Moraes, do STF e do TSE, tamb�m virou alvo. "Alexandre cabe�a de ovo: imperador do Brasil no s�culo 21", achincalha um cartaz.
Adelaide, do VPR, afirma � aglomera��o de dimens�es modestas que tamanho n�o importa, "mas importa que coloquemos nossa voz" num movimento "absolutamente democr�tico". Ela prop�e que todos tapem a boca com uma faixa preta distribu�da pela organiza��o. "N�o aceitamos morda�a nos nossos votos, nos nossos direitos."
� reportagem ela diz que "a separa��o dos Poderes � um pilar da democracia" que n�o est� sendo respeitado por cortes superiores. "Consideramos que elas est�o avan�ando em pautas que n�o s�o da sua compet�ncia, principalmente no Legislativo."
Polariza��o afetou protesto
Adelaide define os ataques de 8 de janeiro em Bras�lia como "uma instabilidade grave" provocada "por ingenuidade, burrice, sei l� o que, desespero". Para ela, ainda h� espa�o para uma direita moderada.
Acha que o protesto esburacado em p�blico sofreu com a polariza��o, um espantalho para a unidade das direitas. "As pessoas est�o desfilando muito �dio, n�o conseguem mais se unir por pontos comuns, s� olham pelo que as divide. Infelizmente o MBL n�o conseguiu participar."
O ato se estende com uma caminhada pela Paulista e p�blico um pouco mais parrudo, embora ainda microsc�pico se comparado �s multid�es postas nas ruas em 2016. A certa altura os manifestantes se confundiram com pessoas que foram � avenida, fechada para carros aos domingos, em busca de divers�o. Esbarraram com apresenta��es de samba, mission�rios das Testemunhas de Jeov� e um grupo que treinava crossfit.
Tudo termina com o Hino Nacional, o bord�o "democracia, liberdade, justi�a" e a soltura dos bal�es pretos pelos c�us de S�o Paulo.
