
Luciano foi alvo da opera��o Hefesto no dia 1º de junho e acabou demitido da lideran�a do PP na C�mara no dia seguinte. A investiga��o teve in�cio ap�s reportagem da Folha de S. Paulo de abril de 2022 revelar ind�cios de irregularidades em contratos para kit de rob�tica bancados pelo FNDE (Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educa��o).
De acordo com informa��es em posse da PF, as empresas PJX Administra��o e Exclusiva Tecnologia repassaram ao menos R$ 150 mil para a empresa Promenade Ponta Verde II Empreendimentos. Os envios foram realizados entre os dias 1º de junho de 2022 e 23 de maio de 2023.
As duas empresas est�o em nome de Pedro Magno, flagrado, ao lado de sua esposa, Juliana, em saques e posteriores entregas de dinheiro supostamente desviados de contratos p�blicos.
Os investigadores foram atr�s de informa��es sobre a Promenade e descobriram que ela era respons�vel pela constru��o de um edif�cio em Alagoas com apartamentos de dois quartos, com tamanho de 52 m² e pre�o a partir de R$ 318.234.
"Acredita-se que as transfer�ncias citadas que tiveram como destinat�ria a empresa Promenade Ponta Verde II Empreendimentos, realizadas atrav�s de contas de empresa fict�cia do casal de Bras�lia, se destinaram � aquisi��o ou pagamento parcelado de unidades no empreendimento Edif�cio Promenade II Ponta Verde, em benef�cio de Luciano Cavalcante", diz a PF ao pedir buscas contra as empresas.
Como mostrou a Folha de S. Paulo, outro im�vel utilizado por Luciano j� estava na mira dos investigadores.
Ao seguir o caminho do dinheiro proveniente da Megalic e de seu s�cio, Edmundo Catunda, empresa respons�vel pela venda de kits de rob�tica para cidades de Alagoas, a PF mapeou um repasse de R$ 550 mil para a construtora EMG, de Alagoas.
A construtora aparece como respons�vel por construir a casa que os investigadores apontam como sendo de Luciano Cavalcante. Ela recebeu os pagamentos entre abril e outubro de 2020, per�odo em que eram realizados certames para contrata��o de kits de rob�tica.
A PF apura a rela��o entre desvios de dinheiro p�blico e os repasses do s�cio da Megalic para a EMG. Os policiais descobriram essa casa de Luciano, no condom�nio Laguna, ao seguir o casal de entregadores de dinheiro durante uma viagem a Macei�.
Os investigadores mapearam mais de uma dezena de entregas realizadas por Pedro e Juliana e intensa movimenta��o financeira em suas empresas.
As empresas, entre elas as duas citadas pela PF no caso do apartamento de Luciano, seriam utilizadas como "verdadeiros caixas eletr�nicos, realizando diversas opera��es financeiras entre contas pr�prias, de suas empresas ou de titularidade de outras pessoas f�sicas e jur�dicas, al�m dos pr�prios saques e entrega pessoais de valores em esp�cie".
Para os policiais, os valores em esp�cie sacados s�o "possivelmente destinados a agentes p�blicos ou empres�rios intermedi�rios".
"Tais movimenta��es demonstram s�rios ind�cios de que Pedro e Juliana (atrav�s de intensa movimenta��o financeira em suas empresas) seriam possivelmente operadores de consider�vel e amplo esquema de lavagem de capitais em v�rios estados da Federa��o, ocultando e dissimulando bens, direitos e valores provenientes de pr�ticas delitivas cometidas por diversos n�cleos criminosos, com ou sem conex�o entre si", diz a PF.
Uma dessas entregas monitoradas pela PF foi para o motorista do pr�prio assessor de Lira.
Segundo a PF, o casal realizou entregas pessoalmente de valores ao menos nas cidades de Bras�lia, Luzi�nia (GO), Goi�nia, Florian�polis e Macei�.
O advogado Andr� Callegari, que defende Luciano Cavalcante, disse em nota que n�o teve acesso integral aos autos do inqu�rito e dilig�ncias j� realizadas. Segundo ele, isso "impede qualquer manifesta��o", uma vez que "n�o se sabe a motiva��o da opera��o deflagrada".
"Assim, qualquer manifesta��o defensiva nesse momento se mostra precipitada."
A reportagem n�o conseguiu contato com a defesa do casal. Em nota assinada pelo advogado Eug�nio Arag�o, a defesa da Megalic afirmou haver "grave equ�voco" nas suspeitas e que todos os contratos se deram a partir de par�metros t�cnicos do Minist�rio da Educa��o e do FNDE, com processo licitat�rio e ampla competitividade.
A nota diz que o TCU (Tribunal de Contas da Uni�o) n�o viu direcionamento nem pre�os incompat�veis e que a reportagem da Folha de S.Paulo que deu origem � investiga��o fez compara��o indevida dos produtos da Megalic com kits de qualidade inferior.
Lira tem negado qualquer rela��o com supostos desvios de verba p�blica.