
Nos bastidores, pol�ticos bolsonaristas d�o como certa a condena��o por abuso de poder pol�tico em fun��o da reuni�o com embaixadores no Pal�cio da Alvorada, em julho do ano passado, quando fez acusa��es contra o sistema eleitoral sem apresentar provas.
Por isso, o ex-mandat�rio tem sido aconselhado a n�o inflar pr�-candidaturas, para evitar sinalizar desist�ncia diante do rev�s jur�dico. O discurso ser� o de que h� tempo, at� a pr�xima elei��o, para que a decis�o seja revertida —principalmente se houver um contexto menos hostil a ele nos tribunais superiores.
A orienta��o � insistir em recursos at� o �ltimo momento e n�o sair de cena —assim como fez o presidente Lula (PT) em 2018, quando lan�ou m�o de todos os instrumentos jur�dicos e s� trocou sua candidatura pela de Fernando Haddad (PT) quando n�o havia alternativa.
A t�tica de n�o admitir a derrota beneficia ainda o governador de S�o Paulo, Tarc�sio de Freitas (Republicanos), que, na opini�o de auxiliares de Bolsonaro, � visto por ele como um sucessor natural, por ter sido seu ministro, vencido as elei��es no estado com seu apoio e se mantido fiel.
Tarc�sio tem evitado ocupar a arena eleitoral, pregando foco na gest�o local e afirmando que seu plano para o estado � de longo prazo, o que o faria buscar a reelei��o.
Segundo deputados aliados do governador, Bolsonaro indic�-lo como candidato � Presid�ncia tanto tempo antes do pleito serviria apenas para que Tarc�sio se tornasse alvo de advers�rios e at� de fogo amigo.
Quem conhece o ex-presidente diz ainda que sua desconfian�a tamb�m � um impeditivo para nomear um substituto t�o cedo.
Al�m disso, a escolha de um bolsonarista para competir em seu lugar teria que ser pactuada com uma s�rie de aliados e de dirigentes de partidos, envolvendo tamb�m os filhos do ex-presidente e sua mulher Michelle, que flerta com uma carreira pol�tica.
Todos esses fatores levam auxiliares do ex-presidente a adotarem cautela ao mencionar nomes que possam herdar votos bolsonaristas. A manuten��o de Bolsonaro na lideran�a desse segmento evitaria a briga antecipada de aliados com ambi��es eleitorais.
Outros nomes
Al�m de Tarc�sio, s�o mencionados como nomes do campo oposicionista os governadores de Minas Gerais, Romeu Zema (Novo), e do Rio Grande do Sul, Eduardo Leite (PSDB).
A mensagem ensaiada pelo bolsonarismo diante do risco no TSE lembra a de Lula quando estava preso pela Opera��o Lava Jato e explorou alega��es como injusti�a e persegui��o. O petista, que derrotou Bolsonaro no ano passado, concorreu ap�s ter suas condena��es anuladas em 2021.
'Descondenado'
Bolsonaristas se referem a Lula como "descondenado" e difundem a tese de que o petista recuperou os direitos pol�ticos gra�as a um grande acordo do Judici�rio.
Bolsonaro tem indicado em suas falas que a eventual inelegibilidade n�o ser� encarada como morte pol�tica. Nas �ltimas semanas, o ex-presidente evitou confrontar o TSE e deu a entender que j� se conforma com o resultado negativo, embora considere a decis�o injusta.
Na quarta-feira (14), durante evento do PL em Bras�lia, ele fez cr�ticas gen�ricas � Justi�a ao comentar os "mais de 500 processos" que enfrenta e disse que ainda pode contribuir muito para o futuro do pa�s, "aconte�a o que acontecer".
"Valdemar [Costa Neto, presidente do partido] sabe como � que � a pol�tica brasileira e j� sabemos como � a Justi�a aqui no Brasil. Ent�o, a gente se prepara para que aconte�a o que acontecer... A gente se prepara com muita altivez a� para buscar alternativas", afirmou o ex-presidente.
"Acredito em Deus, neste pa�s, a vida nossa n�o � f�cil, mas tudo bem, a gente enfrenta esses obst�culos", refor�ou.
No in�cio deste m�s, em S�o Paulo, Bolsonaro entabulou um discurso de tom vitimista, ao dizer que cogita disputar uma vaga no Senado ou concorrer novamente � Presid�ncia e, por isso, "n�o gostaria que as portas [da pol�tica] fossem fechadas" para ele.
"Se me tornarem ineleg�vel, logicamente me afastam do jogo democr�tico. [...] Eu pe�o a Deus, n�, que ilumine a� o pessoal do TSE e n�o torne ineleg�vel um inocente", disse, chamando de exagero deix�-lo fora das elei��es pela reuni�o com embaixadores, que ele diz ter sido leg�tima e regular, diferentemente do que sustenta a acusa��o contra ele na corte eleitoral.
Em caso de condena��o, cabem apela��es ao pr�prio TSE e ao STF (Supremo Tribunal Federal).
A linha de argumenta��o do ex-presidente inclui atribuir a decis�o negativa a uma esp�cie de conluio entre a Justi�a e o grupo ora no poder —de Lula e da esquerda. "N�s devemos enfrentar os advers�rios � nas urnas, e n�o nos tribunais", afirmou na capital paulista, em recado aos rivais.
Centr�o e direita
Integrantes do centr�o e de grupos da direita que discutem as elei��es de 2024 e 2026 consideram Bolsonaro um cabo eleitoral indispens�vel e afirmam que a presen�a dele nas articula��es, mesmo n�o sendo candidato, � importante para atrair o voto dos eleitores que o apoiaram.
"Se essa injusti�a acontecer, o TSE estar� criando um l�der pol�tico sem precedentes na hist�ria", disse o presidente do PP, Ciro Nogueira, em entrevista � Folha nesta semana.
No �ltimo dia 5, durante evento do grupo Esfera, em S�o Paulo, Ciro afirmou tamb�m que "condenar o l�der de milh�es de brasileiros por conta de uma reuni�o de embaixadores e permitir uma candidatura como a do Lula, com todas as acusa��es, � uma coisa um pouco desproporcional".
Nas redes sociais, os filhos do ex-presidente e a milit�ncia bolsonarista t�m silenciado sobre o risco de condena��o no TSE.
H� alguns dias, o deputado federal Eduardo Bolsonaro (PL-SP) criticou a corte pela cassa��o do deputado federal Deltan Dallagnol (Podemos-PR) e disse que a decis�o foi "um absurdo jur�dico que s� partid�rios de uma ditadura conseguem defender".
Em entrevista � Folha em mar�o, o senador Fl�vio Bolsonaro (PL-RJ) afirmou que tornar o pai ineleg�vel "seria a maior atrocidade das �ltimas d�cadas" e uma interfer�ncia na democracia.