
Os gastos se referem ao valor de toda a comitiva do petista em nove pa�ses no in�cio do seu terceiro mandato, sem considerar a �ltima viagem � Europa, que incluiu It�lia, Vaticano e Fran�a.
Lula realizou 12 viagens oficiais ao exterior at� aqui em seu terceiro mandato, incluindo a participa��o em duas c�pulas. No mesmo per�odo de 2019, o ent�o presidente Jair Bolsonaro (PL) fez seis.
A pol�tica externa tornou-se uma das prioridades de Lula, com a reinser��o do Brasil na geopol�tica, o resgate do processo de integra��o da Am�rica do Sul, a agenda ambiental e as negocia��es do acordo comercial entre Uni�o Europeia e Mercosul como focos.
Lula tamb�m tentou se colocar como candidato a mediador do processo de paz para encerrar a guerra entre R�ssia e Ucr�nia. No entanto, algumas declara��es vistas como pr�-russas geraram rea��es negativas dos Estados Unidos e de pa�ses europeus.Durante as viagens ao exterior, Lula e sua comitiva se hospedaram em hot�is de alto padr�o, custeados com dinheiro p�blico na maior parte das vezes. O Itamaraty afirma que, em alguns casos, � praxe os pa�ses anfitri�es oferecerem a hospedagem como cortesias aos visitantes.
"A acomoda��o do presidente nas viagens realizadas aos EUA e aos Emirados �rabes Unidos, entre outras, foram custeadas pelos governos anfitri�es", informou a pasta em nota. Na viagem a Washington, Lula ficou hospedado na Blair House, resid�ncia oficial do governo americano reservada a chefes de Estado que visitam o pa�s.
O hotel que recebeu o mandat�rio brasileiro em Abu Dhabi foi o luxuoso Emirates Palace Mandarin Oriental, onde a su�te principal conta com tr�s quartos.
A Folha questionou o Itamaraty sobre os gastos espec�ficos dos quartos usados pelo presidente, mas a pasta informou que n�o seria "exequ�vel" detalhar essa informa��o em pouco tempo.
A viagem com maior gasto com hospedagem para a comitiva oficial foi a da China, em abril deste ano. Foram gastos R$ 1,8 milh�o durante os cinco dias em territ�rio chin�s. Na cidade de Xangai, onde Lula compareceu � posse da ex-presidente Dilma Rousseff na presid�ncia do Banco dos Brics, o petista ficou no luxuoso Fairmont Peace Hotel. Em Pequim, a hospedagem foi no hotel St. Regis.
A visita � China significou a reaproxima��o entre os pa�ses ap�s o afastamento durante os anos Bolsonaro. Lula foi acompanhado por uma grande comitiva: estavam com ele o presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (PSD-MG), cinco governadores, oito ministros de Estado e 26 parlamentares.
O presidente teve uma reuni�o com o l�der chin�s, Xi Jinping, e assinou 15 acordos de coopera��o e investimentos. A proje��o da Fazenda � que os pactos totalizem R$ 50 bilh�es em investimentos.
Nos deslocamentos internacionais, diversos assessores tamb�m acompanham o presidente. As outras viagens com os maiores gastos com hospedagem foram para Reino Unido (R$ 1,4 milh�o), Portugal (R$ 1 milh�o) e Espanha (R$ 815 mil).
Lula foi a Londres em maio para a cerim�nia de cora��o do rei Charles 3º. Ele tamb�m se reuniu com o premi� Rishi Sunak. Na ocasi�o, o brit�nico se comprometeu com uma contribui��o para o Fundo Amaz�nia em torno de R$ 500 milh�es. Recentemente, os EUA afirmaram que pretendem pagar R$ 2,5 bilh�es ao fundo.
As contribui��es para o mecanismo ambiental foram uma conquista do governo Lula. Os tradicionais doadores do fundo, Alemanha e Noruega, afastaram-se do Brasil durante o governo Bolsonaro.
A viagem com o menor gasto de hospedagem para a comitiva brasileira foi a de Montevid�u. Lula chegou ao Uruguai na manh� de 25 de janeiro, encontrou-se com o presidente Luis Lacalle Pou e retornou ao Brasil na tarde do mesmo dia. Apesar de n�o ter pernoitado em Montevid�u, sua comitiva teve gastos de hospedagem de R$ 59,1 mil.
Os gastos com hospedagem s�o os mais expressivos nas agendas internacionais, mas n�o s�o os �nicos. Nos quatro dias em que Lula esteve em Buenos Aires, para uma visita oficial e para a c�pula da Celac (Comunidade dos Estados Latino-Americanos e Caribenhos), a comitiva brasileira gastou R$ 715,8 mil com hospedagem; R$ 337,6 mil com di�rias pagas a servidores, R$ 497,9 mil com alugueis de ve�culos, R$ 24,6 mil com contrata��o de int�rpretes, entre outros.
No governo anterior, apoiadores de Bolsonaro usavam o argumento de que o ent�o presidente economizava dinheiro no exterior ao se hospedar em embaixadas. Embora Bolsonaro tenha em algumas ocasi�es usado as estruturas de miss�es brasileiras, ele tamb�m recorreu amplamente a hot�is.
Foi o caso de praticamente todas as agendas internacionais de Bolsonaro no primeiro semestre de 2019. A exce��o foi a visita oficial a Washington, para se encontrar com Donald Trump, onde o ex-presidente tamb�m se hospedou na Blair House.
De janeiro a junho daquele ano, Bolsonaro foi ao F�rum de Davos, na Su��a; a Washington (EUA); a Santiago (Chile); a Jerusal�m e Tel Aviv (Israel); a Dallas (EUA); a Buenos Aires (Argentina); e a Osaka (Jap�o). Na Argentina, ficou hospedado no luxuoso Alvear Palace, cuja di�ria na su�te presidencial custa hoje R$ 14,9 mil.
A Secretaria de Comunica��o da Presid�ncia ressaltou que as viagens s�o fruto de um esfor�o de Lula para retomar as rela��es diplom�ticas do Brasil com o restante do mundo.
"O objetivo � n�o s� recuperar a imagem do pa�s no exterior, como tamb�m reestabelecer as rela��es comerciais com parceiros importantes, o que resulta na atra��o de investimentos estrangeiros em �reas estrat�gicas que contribuem diretamente para recupera��o da capacidade do mercado interno brasileiro, impulsionando a gera��o de emprego e renda", informou em nota.
O governo cita, como ganhos pr�ticos e diretos, as contribui��es de R$ 3,1 bilh�es ao Fundo Amaz�nia, al�m dos investimentos negociados na China (cerca de R$ 50 bilh�es) e nos Emirados �rabes Unidos (cerca de R$ 12 bilh�es).