![''Não nos deixemos nos levar pelo radicalismo político. O povo brasileiro já está cansado. As eleições já ocorreram, os vitoriosos estão no poder. Lembro a vocês que meu candidato [Jair Bolsonro] perdeu a eleição presidencial. Deixemos as urnas de lado. Voltemos nossos olhos para o povo brasileiro'' Arthur Lira, (PP-AL), presidente da Câmara, em discurso no plenário, horas antes da aprovação da reforma tributária(foto: SERGIO LIMA/AFP) Arthur Lira, (PP-AL), presidente da Câmara, em discurso no plenário, horas antes da aprovação da reforma tributária](https://i.em.com.br/72fWqhWbolTK-GNd0kuLTUhPkmw=/790x/smart/imgsapp.em.com.br/app/noticia_127983242361/2023/07/09/1517897/arthur-lira-pp-al-presidente-da-camara-em-discurso-no-plenario-horas-antes-da-aprovacao-da-reforma-tributaria_1_52851.jpg)
O convite do presidente Luiz In�cio Lula da Silva ao presidente da C�mara, Arthur Lira (PP-AL), e a l�deres do Centr�o ao Pal�cio da Alvorada, na tarde de sexta-feira, representou mais do que um agradecimento pela aprova��o da reforma tribut�ria e do projeto de lei (PL) sobre o Conselho de Administra��o de Recursos Fiscais (Carf), no plen�rio da C�mara, na sexta-feira.
Ao lado de Lira, a foto de Lula em meio aos velhos aliados da esquerda e possivelmente aos novos aliados do Centr�o lirista indicam um novo caminho do terceiro mandato de Lula e uma nova correla��o de for�as partid�rias na C�mara e no poder Executivo.
A imagem pode ser considerada uma materializa��o dos ecos e coment�rios dos bastidores entre o Pal�cio do Planalto e o Congresso Nacional de que o Progressistas (PP) de Lira passar� a ocupar espa�o na Esplanada.
aprova��o do voto de qualidade pelo Carf, votado depois da reforma tribut�ria, tamb�m foi um gesto de que Lira est� disposto a ajudar o governo e entregar votos necess�rios. Juntamente � articula��o do ministro da Fazenda, Fernando Haddad, a influ�ncia do presidente da C�mara contou para o projeto, pol�mico em diversos pontos, que d� vantagem ao governo em julgamentos fiscais.
Mesmo a O pr�prio plen�rio, a partir da noite de quarta-feira, j� mostrava um clima favor�vel e de tranquilidade que n�o foi visto em nenhuma outra sess�o. De modo geral, era poss�vel ver nas conversas e nos semblantes dos parlamentares governistas a tens�o e as incertezas em torno da articula��o pol�tica e da vota��o das propostas de interesse da base.
Ap�s d�cadas em tramita��o, o relat�rio de Aguinaldo Ribeiro (PP-PB) s� avan�ou por converg�ncia e vontade pol�tica envolvendo nomes do Centr�o e do governo. Desde o grupo de trabalho (GT) da reforma, comandado por Reginaldo Lopes (PT-MG), esse acerto passou a ser constru�do. Como disse um parlamentar do Centr�o, o “pedido de casamento” do governo Lula ao grupo de Lira dever� ser, enfim, feito.
Os gestos foram dados de ambos os lados. Lula j� efetivou a troca no Minist�rio do Turismo. Sai Daniela Carneiro e entra Celso Sabino (PA), do Uni�o Brasil, e pr�ximo de Lira. O presidente da C�mara tamb�m mostrou estar disposto a juntar os “Ls”. Ao discursar antes da vota��o da reforma tribut�ria, deu um firme recado contra os radicais “que se prendem ao passado” e se posicionaram contra a reforma tribut�ria, em sua grande maioria bolsonaristas.
Lira ainda fez quest�o de frisar que o seu candidato nas elei��es de 2022, Jair Bolsonaro, foi derrotado e que as quest�es eleitorais deveriam ser deixadas de lado.
“N�o nos deixemos, tamb�m, levar pelo radicalismo pol�tico. O povo brasileiro j� est� cansado disso. As elei��es j� ocorreram, os vitoriosos est�o no poder. Lembro a voc�s que meu candidato perdeu a elei��o presidencial. Deixemos as urnas de lado. Voltemos nossos olhos para o povo brasileiro”, disse Lira no discurso feito na noite de quinta-feira.
A tend�ncia � que o presidente da C�mara indique nomes para outras duas pastas: Desenvolvimento Social (MDS) e Esporte (ME). O grupo tamb�m quer indicar novos presidentes para a Caixa Econ�mica Federal (CEF), para os Correios e para a Embratur. O primeiro alvo de Lira era o Minist�rio da Sa�de, mas Lula fechou a porta e descartou trocar N�sia Trindade. O recado � de que a pasta � do governo e n�o teria negocia��o.
Caso as trocas se efetivem, Wellington Dias (MDS), Ana Moser (ME), Rita Serrano (CEF), Marcelo Freixo (Embratur) e Fabiano Silva (Correios) podem perder seus cargos. Os nomes de Dias e Freixo podem enfrentar a maior resist�ncia do governo. O ministro do MDS e ex-governador do Piau� � amigo pessoal de Lula e � uma tradi��o petista colocar um ministro do partido na pasta que controla o Bolsa Fam�lia.
No entanto, caso perca o cargo, Wellington Dias passar� a exercer o mandato de senador, j� que foi eleito no ano passado. O caso de Freixo � pior. Importante quadro da esquerda, disputou as elei��es para o governo do Rio de Janeiro pelo PSB, mas foi derrotado por Cl�udio Castro e est� sem mandato. Em mar�o, Marcelo Freixo se filiou ao PT.
Entre os nomes para ocupar o comando dos �rg�os est�o Andr� Fufuca (PP-MA), cotado para assumir o Minist�rio do Desenvolvimento Social; Elmar Nascimento (Uni�o-BA), cotado para a Embratur; Silvio Costa Filho (Republicanos-PE) � o nome que pode entrar no Minist�rio do Esporte. Lulista, Silvio � a favor da entrada do Republicanos como base do governo, o que pode facilitar o acordo.
Para a Caixa, o nome de Gilberto Occhi � cotado. A nomea��o tamb�m pode ser facilitada, pois al�m de ser um quadro pol�tico, Occhi � t�cnico e presidiu a Caixa no governo Michel Temer e foi ministro das Cidades e da Integra��o Nacional durante o governo Dilma Rousseff.
Bolsonarismo
Outros nomes como Hugo Motta (Republicanos-PB) e at� do l�der do PL, Altineu C�rtes (RJ) tamb�m est�o entre os pedidos do Centr�o para ocupar a Esplanada. A entrada de Altineu no governo representaria um enfraquecimento ainda maior do bolsonarismo e do ex-presidente Jair Bolsonaro, que n�o conseguiu comandar uma ofensiva do PL e da direita contra a reforma tribut�ria. Por sinal, h� quase um consenso entre os que apoiaram a reforma tribut�ria de que apenas “radicais” foram contr�rios ao texto.
Com a aproxima��o Lula-Lira, quadros petistas e da esquerda devem ficar de fora da Esplanada e, al�m disso, a presen�a de mulheres sob o comando de cargos relevantes vai cair, com as poss�veis sa�das de Rita Serrano e Ana Moser. Em troca, o governo conseguir� a t�o importante governabilidade para evitar surpresas negativas e principalmente aprovar suas medidas priorit�rias, como o arcabou�o fiscal e o Desenrola, uma das prioridades do governo no segundo semestre para socorrer fam�lias endividadas.