
O ex-juiz da Lava Jato, sem tr�nsito no cen�rio pol�tico, foi orientado por aliados a estabelecer pontes no meio jur�dico, que definir� seu destino.
Hoje ciente do risco de perda de mandato, Moro passou a intensificar essa estrat�gia de defesa desde o avan�o do caso de Deltan Dallagnol (Podemos-PR), ex-coordenador da Lava Jato em Curitiba.
Esse processo culminou em maio na cassa��o, por unanimidade, de seu mandato de deputado federal pelo TSE (Tribunal Superior Eleitoral)
O senador estava em um evento de seu partido quando recebeu a not�cia sobre Deltan e, de acordo com pessoas presentes, a rea��o foi de total perplexidade.
No dia seguinte � cassa��o do mandato de Deltan, o senador se reuniu com o presidente do TSE, Alexandre de Moraes, ap�s esperar pelo ministro, sozinho, sentado em uma poltrona do sal�o branco do STF (Supremo Tribunal Federal).A conversa se deu no ruidoso ambiente que marca os intervalos das sess�es, geralmente usados por ministros para receber advogados.
Desde a cassa��o do mandato de Deltan, Moro tamb�m esteve em audi�ncias com os ministros Rosa Weber, presidente do STF, Lu�s Roberto Barroso e Luiz Fux.
Segundo relatos, as conversas foram solicitadas a pretexto de se discutir um projeto a cargo da deputada federal Ros�ngela Moro (Uni�o Brasil-SP) no Congresso Nacional, mas serviram para que o juiz pudesse abordar os integrantes da corte.
Em gestos considerados como acenos aos ministros, Moro n�o assinou o pedido de impeachment de Barroso e criticou a hostilidade a Moraes no aeroporto internacional de Roma. Tamb�m quis deixar claro que n�o era contra a indica��o de Cristiano Zanin ao Supremo por Lula (PT) —seu advers�rio nos tempos de Lava Jato—, por quest�es pessoais.A nova configura��o do TRE (Tribunal Regional Eleitoral) do Paran� tamb�m serviu de alerta, segundo aliados do ex-juiz.
Aconselhado a buscar magistrados no Paran�, Moro se reuniu com o presidente do Tribunal de Justi�a do Paran�, Luiz Fernando Tomasi Keppen, no final do m�s passado. Segundo interlocutores do senador, ele tamb�m j� se encontrou com o presidente do TRE paranaense, Wellington Emanuel Coimbra de Moura.
No Senado, a avalia��o � a de que nem mesmo os senadores da oposi��o v�o defender o colega se houver decis�o desfavor�vel da Justi�a. Com hist�rico antipol�tica dos anos � frente da Lava Jato, Moro n�o � pr�ximo de caciques da Casa e mant�m rela��o "institucional" com os demais.
Apesar de fazerem coment�rios elogiosos ao ex-juiz, senadores da oposi��o e colegas de partido dizem que Moro � muito reservado e participa de almo�os e jantares apenas para tratar de trabalho.
Segundo parlamentares ouvidos pela reportagem, Moro n�o fala da a��o eleitoral nem com colegas mais pr�ximos. Um l�der afirma que Moro parece negar a amea�a de cassa��o at� para si.
Do outro lado, caciques pol�ticos n�o escondem o desconforto com o ex-juiz lavajatista. No mesmo dia em que tomou posse, Moro ouviu do senador Omar Aziz (PSD-AM) que a �ltima ju�za a passar pelo Senado, conhecida como "Moro de saias" (referindo-se � ex-senadora Selma Arruda) n�o terminou o mandato.
O caso de Selma � frequentemente comparado ao de Moro dentro e fora da pol�tica.
Eleita pelo PSL-MT, ela teve o mandato cassado por abuso de poder econ�mico e caixa dois na campanha de 2018. Com a convoca��o de novas elei��es em Mato Grosso, a vaga no Senado foi ocupada pelo hoje ministro da Agricultura, Carlos F�varo (PSD).
Parlamentares da base afirmam ainda que a tropa de choque com a qual o senador anda pelos corredores do Senado —quase sempre com dois policiais e dois assessores— d� a impress�o de que ele faz quest�o de manter o ar de superioridade dos tempos de juiz.
Moro ganhou direito � prote��o da Pol�cia Legislativa ap�s a descoberta, em mar�o, de um plano da fac��o criminosa PCC contra ele e a fam�lia. Al�m do ex-juiz, s� o presidente do Senado e o filho mais velho de Jair Bolsonaro (PL), Fl�vio Bolsonaro (PL-RJ), circulam pela Casa escoltados.
O senador tamb�m tem feito acenos a pol�ticos do estado, mas n�o consegue escapar de trope�os. A participa��o dele em um evento em Ponta Grossa (PR) foi lembrada como exemplo de inabilidade pol�tica.
Moro afirmou que o ex-prefeito Jocelito Canto (PSDB) —que � pr�ximo a �lvaro Dias (Podemos)— foi injusti�ado em uma a��o que o impediu de assumir uma vaga na C�mara dos Deputados.
O ex-juiz s� se esqueceu que o autor da a��o, o secret�rio estadual de Log�stica do Paran�, Sandro Alex (PSD), estava no mesmo palco, e que quem faz a defesa dele � seu pr�prio advogado, Gustavo Guedes.
O senador foi procurado pela reportagem, mas n�o quis se manifestar.