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Estado de Minas DISCURSO

Lula se contradiz sobre pacifica��o com bolsonaristas

Lula: 'N�s derrotamos o Bolsonaro, mas n�o derrotamos os bolsonaristas ainda. Os malucos est�o na rua, ofendendo pessoas, xingando pessoas'


29/07/2023 14:11 - atualizado 29/07/2023 14:16
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Lula e Bolsonaro
Lula evita pronunciar o nome de Bolsonaro e usa substitutos como "titica" e "vagabundo" (foto: Brendan SMIALOWSKI / JOE RAEDLE / AFP)
Falas do presidente Lula (PT) e de aliados contra Jair Bolsonaro (PL) e apoiadores do ex-presidente t�m colocado em xeque o discurso de pacifica��o adotado na campanha e ap�s a elei��o.


O mesmo Lula que na posse prometeu responder ao �dio com amor contribui hoje para alimentar a tese de que pratica revanchismo e estimula persegui��o � direita, como argumentam setores da oposi��o.


Eleito na disputa mais apertada da hist�ria do pa�s --apenas 1,8 ponto percentual � frente do rival--, o petista deu declara��es sobre os suspeitos da hostilidade contra Alexandre de Moraes na It�lia que foram vistas como generaliza��o dos eleitores de Bolsonaro.


Lula chamou de "animal selvagem" um dos envolvidos na confus�o com o ministro do STF (Supremo Tribunal Federal) no dia 14. Disse ainda que o homem "n�o � um ser humano" e que "essa gente que renasceu no neofascismo colocado em pr�tica no Brasil tem que ser extirpada".


Dias depois, reiterou: "N�s derrotamos o Bolsonaro, mas n�o derrotamos os bolsonaristas ainda. Os malucos est�o na rua, ofendendo pessoas, xingando pessoas".

 

 


O tom foi mal recebido por expoentes do campo destro, como o ex-vice-presidente e atual senador Hamilton Mour�o (Republicanos-RS), que enxergou na express�o "malucos" uma refer�ncia "aos 58 milh�es de brasileiros que votaram no projeto da direita, conservadora e liberal".


Mour�o, em uma publica��o, disse que "a democracia n�o ser� defendida com discrimina��o, deboche, agress�es e criminaliza��o das pessoas que discordam do seu pensamento pol�tico".


Outros gestos soaram como provoca��o a Bolsonaro e seus eleitores, inten��o que a Presid�ncia nega.


Cotado para assumir um cargo na comunica��o do governo com o apoio da primeira-dama Ros�ngela da Silva, a Janja, o ex-deputado Jean Wyllys instaurou uma crise ao promover o que foi visto como um ataque gratuito ao governador do Rio Grande do Sul, Eduardo Leite (PSDB).


Wyllys chamou o tucano de gay homof�bico ap�s Leite manter no estado as escolas c�vico-militares, desestimuladas pelo governo federal. O ga�cho --que foi ao Minist�rio P�blico contra o ex-deputado por homofobia-- faz oposi��o, mas mant�m uma rela��o cordial com a gest�o petista.


Ao mesmo tempo, o Planalto sofreu cr�ticas por sugerir penas de at� 40 anos para crimes contra o Estado democr�tico de Direito, puni��o qualificada por especialistas como excessiva. A proposta, lan�ada para responder aos ataques golpistas de 8 de janeiro, despertou rumores de censura.


O governo, por sua vez, argumenta que a gravidade da invas�o �s sedes dos Poderes justifica o endurecimento de penas para proteger a democracia e autoridades. O ministro da Justi�a, Fl�vio Dino, defendeu combater o "perigos�ssimo nazifascismo do s�culo 21".


Dino coleciona embates com a oposi��o e j� fez tro�a de "quem acha que a Terra � plana" em audi�ncia na C�mara dos Deputados, atrelando o governo anterior ao negacionismo cient�fico.


O deboche foi usado tamb�m em p�ginas oficiais para alfinetar o antecessor. Quando o ex-presidente se tornou ineleg�vel, o perfil do governo no Twitter publicou o t�tulo "grande dia" e um emoji de "joinha" --elementos usados por Bolsonaro contra desafetos.

 

 


Janja foi outra que recorreu � f�rmula na manh� em que Bolsonaro foi alvo de opera��o da Pol�cia Federal por suspeita de fraude no cart�o de vacina��o, em maio. "Bom diaaaaaaaaaaaaaaa", postou ela.


O estilo contrasta com a mensagem de concilia��o evocada por ministros do pr�prio governo, alinhados � prega��o de Lula sobre administrar para todos.


O titular da Agricultura, Carlos F�varo, incorporou como mantra a ideia de que "a elei��o passou", frase repetida por ele em encontros e entrevistas para abrir canais com o agroneg�cio, majoritariamente refrat�rio a Lula. O petista j� chamou alas do segmento de fascistas.


Outro ministro que repisa a necessidade de deixar as diverg�ncias no passado � M�rcio Mac�do (Secretaria-Geral da Presid�ncia). "N�s viramos essa p�gina da elei��o", disse ele em entrevista � Folha de S.Paulo neste m�s. "Estamos trabalhando para incluir todos que queiram ser inclu�dos."


Lula evita pronunciar o nome de Bolsonaro e usa substitutos como "titica" (excremento de galinha), vagabundo, "sabidinho que n�o quis aceitar o resultado eleitoral" e "cidad�ozinho que quis dar golpe" --assimilados como ofensas n�o s� ao advers�rio, mas tamb�m � sua milit�ncia.


Parlamentares do PL como os deputados federais Carla Zambelli (SP), J�lia Zanatta (SC) e Bibo Nunes (RS) e os senadores Rog�rio Marinho (RN) e Jorge Seif (SC) se manifestaram contra as declara��es.

 

 


"Precisamos lembrar ao presidente que [...] n�o somos inimigos do Brasil nem indignos de todas as garantias constitucionais, concedidas a todos os cidad�os", escreveu Seif em rede social.


Perfis bolsonaristas ecoam a ideia de que a proposta de extirpar radicais seria "criminaliza��o do anticomunismo" e que a men��o a animal feita por Lula representaria desumaniza��o de opositores.


A postura de acirramento mereceu reprova��o tamb�m de Roberto Freire, que apoiou Lula no segundo turno. O presidente nacional do Cidadania disse que "extirpar n�o � linguajar de quem deseja instaurar civilidade alguma" e que o pa�s n�o ter� paz enquanto persistirem declara��es do tipo.


Para a cientista pol�tica Argelina Cheibub Figueiredo, "� perfeitamente compreens�vel" que detratores vejam como repres�lia ou vingan�a falas mais acaloradas de Lula, mas o presidente n�o tomou medidas que indiquem tratamento diferenciado.


A professora da Universidade Estadual do Rio de Janeiro concorda que extirpar "n�o foi um bom termo", embora considere leg�timo reagir a uma oposi��o que atue fora dos marcos democr�ticos e civilizat�rios.


"N�o acho que ele esteja criticando os eleitores de Bolsonaro de forma geral", diz Argelina, distinguindo aqueles que votaram no ex-presidente por raz�es como pauta moral e pol�tica econ�mica daqueles que ela classifica como bolsonaristas puros, por operarem em vias autorit�rias e violentas.


A pesquisadora lembra que pesquisas mostram aprova��o razo�vel do governo --o que leva a crer que parte dos que avaliam a gest�o positivamente tenha votado no outro candidato-- e que Lula est� dialogando com pol�ticos e partidos que sustentaram Bolsonaro.


O governo, em nota � reportagem, diz que o presidente "reafirma, como fez nessas falas e em muitas outras ocasi�es, ser contra ofensas e agress�es pol�ticas" e que ele "n�o fez generaliza��es".


Segundo o texto, "as declara��es s�o especificamente sobre quem ofende as pessoas, muitas vezes acompanhadas de familiares, em espa�os de conviv�ncia. A diferen�a � bastante clara".

 

Falas de Lula sobre bolsonaristas e opositores

 

M� educa��o

"Um cidad�o que faz isso [hostilidade a Alexandre de Moraes] n�o � um ser humano que voc� pode ter respeito por ele, � um canalha. Ele precisava pelo menos ser educado. [...] Se vale a moda desse cidad�o, que vai xingar um ministro que votou uma coisa que ele n�o gosta, os ministros n�o ter�o mais sossego no Brasil"

em 25.jul, em sua live semanal

 

Deu a louca

"N�s derrotamos o [Jair] Bolsonaro, mas n�o derrotamos os bolsonaristas ainda. Os malucos est�o na rua, ofendendo pessoas, xingando pessoas. E n�s vamos dizer para eles que n�s queremos fazer com que esse pa�s volte a ser civilizado"

em 23.jul, durante discurso em S�o Bernardo do Campo (SP)

 

Ju�zo final

"Precisamos punir severamente pessoas que ainda transmitem o �dio, como o cidad�o que agrediu o ministro Alexandre de Moraes no aeroporto de Roma. Um cidad�o desse � um animal selvagem, n�o � um ser humano. [...] Essa gente que nasceu no neofascismo colocado em pr�tica no Brasil tem que ser extirpada"

em 19.jul, durante entrevista a jornalistas em Bruxelas

 

Neg�cios � parte

"Com todo respeito ao mercado financeiro, mais conhecido como o povo da Faria Lima, mas ele nunca gostou ou votou no PT, nunca gostou ou votou no [Fernando] Haddad e n�o vai votar. [...] O Haddad n�o foi indicado para eles, mas para tentar resolver a vida do povo pobre"

em 13.jul, durante entrevista � TV Record

 

Impuros

"Era ele [Bolsonaro] e o pessoal dele, [com] a destila��o de �dio. [...] Tem gente que ficou azeda. � preciso purificar essa gente, para essa gente voltar a ter fraternidade, a ter amor no cora��o, a ter sensibilidade"

em 4.jul, durante evento em Foz do Igua�u (PR)

 

Agrot�xico

"Tem a famosa feira l� em Ribeir�o Preto que alguns fascistas, alguns negacionistas, n�o quiseram que ele [Carlos F�varo] fosse na feira, desconvidaram meu ministro"

em 6.jun, durante evento em Lu�s Eduardo Magalh�es (BA)

 

N�s x eles

"A �nica raz�o [pela qual] eu voltei a me candidatar a presidente da Rep�blica foi para provar outra vez � elite atrasada brasileira que um torneiro mec�nico � capaz de fazer o que eles n�o conseguiram fazer em tantos anos nesse pa�s"

em 6.jun, durante inaugura��o em Goiana (PE)

 

Tom & Jerry

"'[Eu respondia:] n�o est� tudo bem. S� vai estar tudo bem quando eu foder esse [Sergio] Moro'"

em 21.mar, durante entrevista para o portal Brasil 247

 

Isolamento social

"N�s vamos precisar de um tempo para fazer um processo de limpeza, e fazer com que aquelas pessoas que pregam o �dio, aquelas que vivem xingando as pessoas na rua, ofendendo, que essas pessoas sejam isoladas da sociedade brasileira, porque a sociedade brasileira n�o pensa assim, n�o � assim e n�o quer isso"

em 13.fev, durante evento de 43 anos do PT, em Bras�lia

 

Luta de classes

"O que aconteceu no Pal�cio do Planalto, no Congresso e no STF [no 8 de janeiro] foi uma revolta dos ricos que perderam as elei��es"

em 6.fev, na posse do novo presidente do BNDES, Aloizio Mercadante

 


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