Centr�o: 'A hora do acerto de contas chegou'

Bras�lia - O soci�logo e analista pol�tico Pedro C�lio compara o atual mandato de Lula com os anteriores. “O fator principal no atual mandato � de origem do bloco de poder. O bloco pol�tico negociado em 2022 nasceu como frente ampla, com a tarefa expl�cita de devolver o pa�s � normalidade institucional. Isso n�o havia nas elei��es de 2002 e 2006, quando as alian�as eram notoriamente nucleadas pelo PT e seus crit�rios program�ticos. A consequ�ncia foi que, desta vez, ocorreu a montagem de um governo de transi��o e de defesa da democracia, acima dos objetivos de uma ala ou outra. Mas a hora do acerto de contas chegou”, exp�e.

A advogada constitucionalista Vera Chemin, mestre em direito p�blico administrativo pela Funda��o Getulio Vargas (FGV), analisa que o governo Lula est� marcado pelas velhas pol�ticas. “Trata-se de um filme repetido. Os objetivos do atual governo se limitam � coaliz�o de partidos pol�ticos que viabilizem seus projetos pol�tico-ideol�gicos no curto, m�dio e longo prazos e, ao mesmo tempo, o apoiem na obten��o de recursos or�ament�rios para a sua concretiza��o. Nada parecido com o seu primeiro mandato que foi progressista, a despeito da macroecon�mica mundial”, avalia.

Segundo ela, o segundo mandato j� se revestia de v�cios que se multiplicam, tendo como principal objetivo a ascens�o da velha esquerda. “N�o se visualiza um projeto voltado para a promo��o do crescimento econ�mico com a ado��o de est�mulos ao investimento privado e, tampouco se constata preocupa��o com a estabilidade macroecon�mica. Ao que parece, a finalidade � a escolha de nomes com motiva��o exclusivamente pol�tica ao mesmo tempo em que se busca eliminar alguns agentes p�blicos que n�o se coadunam com a ideologia de esquerda”, opina.

Para M�rcio Coimbra, presidente do Instituto Monitor da Democracia, Lula est� apenas cedendo � realidade pol�tica do pa�s. “N�o � nada relativo ao governo em si. � uma realidade que se coloca diante de v�rios governos, depende de quando esse governo cede � entrada do Centr�o dentro da estrutura do Executivo. Com Bolsonaro, demorou um tempo mais, com Temer o Centr�o j� entrou diretamente no governo, mas Lula esperou essa acomoda��o e est� fazendo aos poucos”.

“J� t�nhamos visto a entrada do Uni�o Brasil logo no come�o, mas agora ele vem em um bloco mais robustecido, atendendo diversas partes do partido. A gente vai ver o Republicanos cada vez mais se envolvendo no governo. E temos Lira como grande embaixador do Progressistas. E n�o duvido que mais na frente a gente veja o embarque do PL ou pelo menos um embarque de parte do PL. Talvez depois das elei��es municipais isso possa acontecer de uma maneira mais robusta”, diz Marcos Coimbra, lembrando que o presidente do partido, Valdemar Costa Neto, foi o principal s�cio da vit�ria de Lula em 2003.

“Os dois mandatos de Lula tiveram um vice que teve a ben��o do Valdemar Costa Neto e era do PL. Lula entende muito bem como se d� essa din�mica do Centr�o e entende que precisa dela para operar a aprova��o das medidas no Congresso. Isso tudo � uma realidade do presidencialismo de coaliz�o”, aponta. Por fim, Marcos Coimbra enaltece amadurecimento por parte do chefe do Executivo em seu terceiro mandato. “Acho que a experi�ncia da din�mica de poder que ele viveu nos dois primeiros mandatos est� sendo essencial para saber os limites das negocia��es, das concess�es e da pol�tica nesta gest�o”, conclui.