
Nos maiores grupos pr�-Jair Bolsonaro no Telegram e no Facebook, a rea��o � proposta de dela��o premiada entregue pelo ex-ajudante de ordens do ex-presidente Mauro Cid ao Supremo Tribunal Federal (STF) � de sil�ncio.
Nas �ltimas semanas, bolsonaristas compartilharam milhares de vezes uma mensagem de �udio em que o advogado de Cid, Cezar Bitencourt, critica a cobertura da imprensa sobre o caso, negando que seu cliente tenha acusado o ex-presidente em depoimentos � Pol�cia Federal.
Agora que o tenente-coronel e ex-bra�o direito de Bolsonaro entregou, em 6 de setembro, um termo de inten��o de acordo de dela��o premiada � Suprema Corte, a verborragia bolsonarista foi substitu�da pela quietude.
Entre familiares e pol�ticos aliados ao ex-presidente, a rea��o � semelhante.
Cid est� preso desde maio, depois de ter sido alvo de uma opera��o da Pol�cia Federal sobre a inser��o de dados falsos de vacina��o contra a COVID no sistema do Minist�rio da Sa�de.
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Ele tamb�m est� no centro de uma investiga��o que apura suposto esquema de negocia��o ilegal de joias dadas por delega��es estrangeiras � Presid�ncia. Defesa de Bolsonaro nega ilegalidades.
Mauro Cid tamb�m � apontado como um dos articuladores de uma suposta trama para organizar um golpe de estado no Brasil ap�s a derrota de Bolsonaro para o atual presidente, Luiz In�cio Lula da Silva (PT), nas elei��es do ano passado. Segundo a PF, foram encontrados no celular de Cid uma minuta para um golpe e um decreto de Garantia da Lei e da Ordem (GLO).
Ap�s uma s�rie de idas e vindas sobre a possibilidade de uma dela��o premiada que poderia encurralar o ex-presidente, a defesa de Cid esteve no gabinete do ministro Alexandre de Moraes na quarta-feira (6/9) e prop�s colabora��o com a Justi�a.
Os termos da dela��o ainda n�o s�o conhecidos, mas, segundo a Globonews e o portal UOL, a Pol�cia Federal informou que concorda com a proposta.
Para ser confirmada, ela ainda depende de parecer positivo do Minist�rio P�blico Federal (MPF) e da aceita��o de Alexandre de Moraes, relator dos inqu�ritos envolvendo o tenente-coronel Cid.
Euforia pr�-dela��o

Em um grupo com quase 300 mil bolsonaristas, as cr�ticas do advogado de Cid � imprensa foram compartilhadas pelo menos 5 vezes em 24h, no dia 1º de setembro.
Divulgadas nas redes sociais em texto, v�deo e �udio, inclusive por autoridades como as deputadas federais Bia Kicis (PL) e Carla Zambelli (PL), as falas do advogado geraram como��o.
"A verdade sempre aparece. Deus no comando", escreveu um apoiador do ex-presidente.
"Deus � fiel, parab�ns doutor", disse outro.
"Uma pessoa �ntegra e de car�ter , anda pela via correta com base na verdade. Parab�ns ao advogado Dr. Cezar Bitencourt", publicou um terceiro.
Na mensagem enviada � jornalista Camila Bonfim, da GloboNews, Bitencourt diz que "est�o colocando palavras" e "acusa��es a Bolsonaro que n�o existem" na boca de Cid.
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"Cid assumiu tudo. N�o colocou Bolsonaro em nada. N�o tem nenhuma acusa��o de corrup��o, envolvimento de Bolsonaro, envolvimento ou suspeita de Bolsonaro. A defesa n�o est� colocando o Cid contra Bolsonaro", afirmou o advogado nas mensagens, publicadas no blog da jornalista no portal G1.
Na mensagem, Bitencourt se declara "estarrecido" com a forma como o tema era abordado por jornalistas na televis�o.
Ap�s divulgar a fala do advogado, um dos principais perfis de apoio a Bolsonaro, com 2 milh�es de seguidores s� no X (antigo Twitter), escreveu: "Quero capa da Veja com o novo �udio do advogado do Cid! Cad�?"
Sil�ncio p�s-an�ncio

O tom bolsonarista mudou, no entanto, quando a imprensa noticiou, nesta quinta-feira, que Mauro Cid procurou o STF para possivelmente apresentar evid�ncias sobre um suposto envolvimento de Jair Bolsonaro em atividades ilegais.
Bolsonaro nega veementemente qualquer ilegalidade.
Para que uma dela��o premiada seja aceita, a Justi�a exige a entrega de provas concretas e n�o aceita apenas falas e acusa��es.
O tema, que passou em branco nos principais grupos de apoio ao presidente, tampouco mobilizou a defesa de bolsonaristas no mundo pol�tico.
Tradicionais aliados, como Bia Kicis, Carla Zambelli, Nikolas Ferreira (PL), Ricardo Salles (PL) e Magno Malta (PL), al�m dos filhos do presidente, Carlos, Flavio e Eduardo Bolsonaro, n�o comentaram o an�ncio de inten��o de dela��o.
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No X (antigo Twitter), alguns apoiadores do ex-presidente comentaram uma suposta contradi��o entre o apoio de petistas e simpatizantes � dela��o premiada de Cid e as cr�ticas de lulistas �s dela��es da opera��o Lava Jato.
7 de setembro e Toffoli

A estrat�gia adotada pela grande maioria dos bolsonaristas, nas redes e grupos de apoio ao ex-presidente, foi apostar em outros temas.
Os mais frequentes foram a primeira celebra��o do 7 de setembro, dia da Independ�ncia do Brasil, ap�s o fim do governo Bolsonaro, e a decis�o do ministro do STF Dias Toffoli, que anulou "todas e quaisquer provas obtidas" a partir do acordo de leni�ncia celebrado pela Odebrecht no �mbito da Opera��o Lava Jato.
No Telegram, montagens supostamente mostrando imagens da celebra��o da independ�ncia em 2022 e 2023 sugeriam esvaziamento na gest�o "comunista", segundo bolsonaristas, do presidente Luiz In�cio Lula da Silva.
Segundo a Pol�cia Federal e o Ex�rcito, o desfile de 7 de setembro em Bras�lia reuniu cerca de 50 mil pessoas – 20 mil a mais que a estimativa do governo.
Em seus perfis, Bolsonaro publicou imagens da celebra��o durante seu governo, seguido pelos filhos Flavio e Eduardo, pela esposa Michele, e por apoiadores como Nikolas Ferreira, que definiu a celebra��o como “171 de setembro”.
Tofolli, por sua vez, vem sendo frequentemente chamado de "advogado do PT" em publica��es contr�rias a sua decis�o de invalidar o acordo de leni�ncia da empreiteira Odebrecht na Opera��o Lava Jato.
Indicado por Lula ao STF em 2009, Toffoli foi de fato advogado do partido nas elei��es de 1998, 2002 e 2006, al�m de ter trabalhado como assessor jur�dico da sigla na C�mara dos Deputados entre 1995 e 2000.
Na decis�o, Toffoli definiu a pris�o de Lula como um dos “maiores erros judici�rios da hist�ria do pa�s".