
Os dados da mais recente pesquisa do Datafolha ajudam a delimitar o tamanho do estrago na imagem dos militares brasileiros devido � sucess�o de casos sob investiga��o em que fardados ligados ao governo surgem com destaque.
Institucionalmente, a mais rumorosa apura��o � sobre os atos golpistas de 8 de janeiro, na qual o papel de militares do Ex�rcito que deveriam guardar o Pal�cio do Planalto � questionado. Muitos dos v�ndalos que atacaram as sedes dos tr�s Poderes naquele domingo estavam acampados havia semanas na frente do Quartel-General da For�a, sem serem incomodados.
Do ponto de vista de visibilidade e percep��o popular, o caso das joias sauditas recebidas como presente pelo ex-presidente chama talvez mais aten��o. Aqui, a figura do tenente-coronel Mauro Cid, ent�o ajudante de ordens de Bolsonaro, � central.
- Dela��o premiada: Mauro Cid afirma que entregou dinheiro das joias a Bolsonaro, diz revista
Ele foi preso por falsificar dados de vacina��o contra Covid-19, mas j� era ouvido acerca do seu papel na tentativa de reaver joias que a Receita havia retido no aeroporto de Guarulhos quando outro militar, o almirante e ent�o ministro das Minas e Energia Bento Albuquerque, tentou traz�-las como presente para o casal presidencial de uma viagem de trabalho � Ar�bia Saudita.
As investiga��es avan�aram, e Cid foi solto no �ltimo dia 9, ap�s concordar fazer uma dela��o premiada sobre o caso. Segundo a revista Veja, ele disse que vendeu rel�gios levados com Bolsonaro no avi�o presidencial na antev�spera do fim do governo para os EUA e usou a conta americana de seu pai, um general de quatro estrelas da reserva hom�nimo, na transa��o.
Por fim, diz a revista, ele confessou � PF ter dado o dinheiro vivo em m�os para Bolsonaro na Fl�rida, onde o ex-presidente passou tr�s meses em ex�lio volunt�rio. Bolsonaro nega irregularidades, assim como o pai de Cid e outros envolvidos.
Com efeito, a cren�a no envolvimento de militares � maior entre aqueles 77% que se dizem informados sobre o caso das joias: 65%, ante 24% que n�o a t�m. O �ndice vai a 69% entre aqueles mais ricos, com renda mensal acima de 10 sal�rios m�nimos, e a 70% entre moradores do Nordeste, base eleitoral do PT.
Como em quase tudo na polariza��o brasileira, o corte entre petistas e bolsonaristas tamb�m se v� neste caso: 84% dos primeiros veem envolvimento militar, enquanto 52% dos segundos o descartam.
O Datafolha ouviu 2.016 pessoas na ter�a (12) e na quarta (13) passadas, em 139 cidades. A margem de erro da pesquisa � de dois pontos percentuais para mais ou para menos.