Excesso no consumo de alimentos considerados não saudáveis pode trazer sérias consequências ao organismo

Excesso no consumo de alimentos considerados n�o saud�veis pode trazer s�rias consequ�ncias ao organismo

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De acordo com dados divulgados pelo projeto ConVid, pesquisa de comportamento da UFMG, o consumo de alimentos saud�veis diminuiu durante o isolamento social imposto pelos �rg�os de sa�de no combate do novo coronav�rus. Em contrapartida, a ingest�o de alimentos embutidos, congelados e ricos em a��cares e gordura aumentou

O estudo aponta que os �ndices de consumo de verduras e/ou legumes, em cinco dias ou mais por semana, ca�ram de 37% para 33%. Enquanto isso, a ingest�o de alimentos saud�veis, em adultos jovens entre 18 e 29 anos, registrou taxas de apenas 13%

Por outro lado, o consumo de alimentos considerados n�o saud�veis, em dois dias ou mais por semana, aumentou, sendo registrada eleva��o das taxas em 5% na ingest�o de embutidos e hamb�rgueres, 4% na de congelados e 6% na de chocolates e doces.

Entre os adultos jovens, aproximadamente 63% est�o consumindo alimentos ricos em a��car em dois dias ou mais da semana. 

Para Adauto Versiani, presidente da Sociedade Brasileira de Endocrinologia e Metabologia - Regional Minas Gerais (SBEM-MG), o excesso no consumo de doces e alimentos n�o saud�veis pode se dever � ansiedade e �s incertezas, sejam do ponto de vista pol�tico, de sa�de ou da economia.

“N�o saber o que vai acontecer no futuro pode gerar uma inseguran�a. Muitas vezes, as pessoas querem descontar essa ansiedade na comida e acabam por procurar o que � mais f�cil para se fazer e/ou comer”, afirma. 

A psic�loga Fabiana Bacelar destaca que o fator psicol�gico pode sim ser um dos maiores respons�veis pelo aumento de ingest�o de doces neste per�odo. E elucida o motivo de eles serem, quase sempre, o alimento escolhido em momentos de grande tens�o.

“A partir do momento em que as pessoas se veem isoladas, a car�ncia emocional e a ansiedade aumentam, principalmente diante de tanta incerteza, perdendo o controle de suas pr�prias vidas e levando � ingest�o de mais doce e chocolate, que estimulam o organismo a produzir serotonina. O c�rebro libera a sensa��o de prazer quando esses alimentos s�o ingeridos. Por vezes, as pessoas buscam o doce na falta de algo ou para compensa��o ou para recompensa”, explica. 

Segundo Versiani, � primeira inst�ncia, o consumo de doces pode causar ao indiv�duo sensa��o de prazer e de al�vio dos sintomas ansiosos e do estresse. No entanto, a m�dio e longo prazo, os danos podem ser graves, a justificar pelo excesso de calorias capazes de causar obesidade e, tamb�m, de interferir no sistema imunol�gico
 
Adauto Versiani, presidente da Sociedade Brasileira de Endocrinologia e Metabologia -Regional Minas Gerais (SBEM-MG)

Adauto Versiani, presidente da Sociedade Brasileira de Endocrinologia e Metabologia -Regional Minas Gerais (SBEM-MG)

Divulga��o
“A obesidade tamb�m propicia o aparecimento de outras doen�as, como diabetes, hipertens�o, colesterol alto, problemas articulares e/ou problemas respirat�rios, ou seja, uma s�rie de comorbidades relacionadas ao excesso de peso, com potencial para fazer mal � sa�de do ser humano.” 

Em meio � pandemia de COVID-19, essa consequ�ncia pode ser ainda mais agravante, a considerar que a obesidade � um dos principais fatores de risco � doen�a.

“O excesso de peso promove a libera��o de citocinas, capazes de causar um quadro de inflama��o cr�nico, e a segunda fase da infec��o causada pelo novo coronav�rus � caracterizada por uma ‘tempestade’ de citocinas. Em um corpo j� inflamado cronicamente, isso pode ter um sinergismo e potencializar as a��es do v�rus", explica Versiani.

Cuidados com a sa�de


Versiani pontua que alguns aspectos podem ser importantes para que o cuidado com o corpo seja acentuado e os riscos relacionados ao excesso de ingest�o de alimentos n�o saud�veis reduzidos, a come�ar pelo consumo de refei��es mais saud�veis.

Algumas dicas do presidente da SBEM-MG s�o para que haja maior variedade na alimenta��o, bem como mais cor, al�m de aumentar a ingest�o de �gua e diminuir a de �lcool e cigarro
 

"A compuls�o alimentar, ou o descontrole alimentar, � uma consequ�ncia de pessoas que buscam por um motivo de fuga, vazio, falta ou descontrole dentro do seu contexto biopsicossocial. Nestes momentos, � muito importante procurar ajuda psicol�gica, mesmo que seja online, quando o sentimento de ter perdido o controle das atitudes e comportamentos for percebido."

Fabiana Bacelar, psic�loga



“Tomar sol, a fim de produzir vitamina D, fazer atividade f�sica, dormir e acordar cedo tamb�m s�o atitudes funcionais para que o metabolismo seja regulado. Al�m disso, criar uma rotina � muito importante, porque o organismo se adapta muito bem, principalmente com h�bitos e atitudes saud�veis. Ainda, o isolamento social � uma oportunidade para cozinhar, de forma saud�vel, em casa e evitar o consumo de comidas pr�-fabricadas ou industrializadas”, recomenda. 

Para Fabiana, � essencial que o indiv�duo fa�a a si mesmo uma pergunta: “estou mesmo com fome ou apenas ansioso?”. 

“Se a resposta for ansiedade, � preciso buscar estrat�gias para driblar os sintomas ansiosos. Algumas formas de fazer isso s�o diminuindo o acesso � tecnologia e buscando hobbies e atividades que denotem prazer, como leitura, atividade f�sica e comunh�o com a fam�lia”, destaca. 

A psic�loga ressalta, tamb�m, ser importante a intera��o com pessoas e a realiza��o de atividades on-line, como podcasts e demais canais, e a busca, em momentos ansiosos, por informa��es capazes de delinear pensamentos positivos e tranquilizar o estado emocional do indiv�duo. 

“A compuls�o alimentar, ou o descontrole alimentar, � uma consequ�ncia de pessoas que buscam por um motivo de fuga, vazio, falta ou descontrole dentro do seu contexto biopsicossocial. Nesses momentos, � muito importante procurar ajuda psicol�gica, mesmo que seja on-line, quando o sentimento de ter perdido o controle das atitudes e comportamentos for percebido.” 

* Estagi�ria sob supervis�o da editora Teresa Caram