
Um estudo coordenado pela Funda��o Oswaldo Cruz (Fiocruz) concluiu que 55% dos trabalhadores brasileiros que atuam nos servi�os essenciais desenvolveram sintomas de ansiedade e depress�o durante a pandemia da COVID-19. Publicada na revista cient�fica Journal of Medical Internet Research, a pesquisa foi feita com a contribui��o das universidades de Val�ncia, na Espanha, e a Federal do Rio Grande do Sul (UFRS), com atua��o do Hospital de Cl�nicas de Porto Alegre (HCPA).
Foram entrevistadas quase 23 mil pessoas, sendo que quase 16% foram de trabalhadores das �reas essenciais, o foco do estudo. O �ndice de adoecimentos desse grupo na Espanha foi menor: 23%. Na �poca em que o question�rio foi aplicado, o pa�s europeu passava pela pior fase da pandemia e, por isso, os resultados surpreenderam os pesquisadores.
Para Francisco In�cio Bastos, do Instituto de Comunica��o e Informa��o em Sa�de (Icict/Fiocruz), h� algumas hip�teses que justificam essa diferen�a. “V�rios artigos publicados durante a crise econ�mica grega mostraram o desemprego e amea�a de desemprego como fatores importantes na gera��o de estresse e depress�o. E o impacto econ�mico da covid-19 est� sendo muito forte no mercado de trabalho”, explicou.
Diferen�as socioecon�micas
Tamb�m respons�vel pela condu��o dos estudos, a pesquisadora Raquel De Boni acredita que as diferen�as socioecon�micas, e a forma com que os dois pa�ses lidam com as quest�es de sa�de, s�o fatores que pesam na discrep�ncia entre os n�meros. “� preciso que se tenha aten��o redobrada � sa�de mental dos trabalhadores em locais onde se agregam m�ltiplos problemas sociais e de sa�de. Segundo a Teoria de Sindemias (desenvolvida por Merrill Singer nos anos 1990), a presen�a dessas situa��es simultaneamente age de forma sin�rgica, aumentando o risco de problemas de sa�de, tanto f�sica quanto mental”, frisou.
Ao unir os resultados dos dois pa�ses, os sintomas de ansiedade e depress�o apareceram para 47,3% dos trabalhadores de servi�os essenciais durante a pandemia. Mais da metade dos que indicaram apresentar sintomas sofrem de ansiedade e de depress�o ao mesmo tempo (27,4%). Al�m disso, 44,3% t�m abusado de bebidas alco�licas; 42,9% sofreram mudan�as nos h�bitos de sono; e 30,9% j� foram diagnosticados ou se trataram de doen�as mentais no ano anterior.
A conclus�o � que � necess�rio uma aten��o especial ao grupo de trabalhadores das �reas essenciais, no Brasil ou na Espanha. “� preciso que se tenha aten��o redobrada. Esse � um aprendizado para agora e para situa��es que possam surgir no futuro”, explicou o professor do Servi�o de Psiquiatria do Hospital de Cl�nicas de Porto Alegre, Fl�vio Kapczinski.