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Estado de Minas P�S-MENOPAUSA

Estudo aponta rela��o entre horm�nios do apetite e dist�rbios do humor

De acordo com a pesquisa, mulheres na p�s-menopausa apresentaram �ndices maiores de doen�as mentais, como depress�o e ansiedade. Entenda


09/04/2021 14:00 - atualizado 09/04/2021 13:06

(foto: Pixabay)

Estudo da Universidade Federal de S�o Paulo (Unifesp), realizado pelos departamentos de Fisiologia, Psicobiologia e Ginecologia da Escola Paulista de Medicina, aponta para uma rela��o direta entre os horm�nios do apetite e quadros de dist�rbios mentais e do humor. As constata��es se mostraram ainda mais relevantes no que tange mulheres no per�odo de p�s-menopausa.
 
Para al�m disso, a pesquisa d� “luz” � estreita liga��o da nutri��o com aspectos relacionados �s doen�as psicol�gicas e psiqui�tricas. 

Segundo Maria Fernanda Naufel, doutora em nutri��o e uma das respons�veis pelo estudo, fatores como peso, resist�ncia � insulina, ingest�o alimentar e gasto energ�tico influenciam as doen�as da mente, como depress�o e ansiedade, bem como os dist�rbios do humor. 

“Constatamos que, al�m da obesidade total e abdominal, o avan�ar da idade e resist�ncia � insulina influenciarem em quadros de depress�o e ansiedade, a leptina e a grelina s�o fortes preditores independentes, que se associaram respectivamente com a ansiedade e a depress�o na popula��o estudada. Ou seja, averiguamos que quanto maiores os �ndices de leptina maiores os sintomas de ansiedade e quanto maiores os n�veis de grelina maiores os sintomas de depress�o em mulheres na p�s-menopausa.” 

Mas, como essa rela��o se faz? Ou seja, como os horm�nios do apetite se ligam aos dist�rbios do humor? O estudo observou que a grelina e a leptina, conhecidas como horm�nios da homeostase energ�tica – que influenciam no apetite, ingest�o alimentar e gasto energ�tico –, tamb�m se relacionam com o controle do humor, j� que t�m a��es em diferentes estruturas do c�rebro: tanto as que controlam a ingest�o e gasto energ�tico, como o hipot�lamo, quanto estruturas que t�m rela��o com o humor, como o hipocampo. Estruturas, inclusive, que t�m conex�es, explica a nutricionista.  

Apesar de constatada a rela��o dos horm�nios da fome (grelina) e saciedade (leptina) com a depress�o e a ansiedade, Maria Fernanda ressalta que ainda n�o � poss�vel concluir se esses efeitos s�o positivos ou negativos para o humor.  
 
“Essa associa��o pode refletir tanto uma resposta fisiol�gica do corpo tentando lutar contra a depress�o e ansiedade – neste caso, os horm�nios estariam atuando como antidepressivos ou ansiol�ticos –, quanto podem ser um fator causal destas patologias. Estudos experimentais levam a crer que estes horm�nios auxiliam na melhora dos dist�rbios de humor, contudo, mais estudos em humanos s�o necess�rios para se chegar a uma conclus�o.” 

De acordo com a especialista, estudos anteriores j� haviam encontrado receptores de grelina – horm�nio da fome – e leptina – horm�nio da saciedade – em zonas do c�rebro respons�veis pela regula��o do humor. Por meio desse estudo, ent�o, pode se observar uma estreita associa��o entre esses horm�nios, afirma. 

O estudo � uma combina��o de duas pesquisas feitas pela Unifesp e ambas foram publicadas em revistas cient�ficas, como a "Scientific Reports" (2021) e "Menopause" (2019). 


P�S-MENOPAUSA 


E por que as mulheres em p�s-menopausa apresentaram resultados ainda mais significantes no que tange essa rela��o?  “� certo que quadros de ansiedade e depress�o se manifestam com maior frequ�ncia em mulheres nesta fase. Parte dos transtornos de humor da p�s-menopausa est�o relacionados com a redu��o nos n�veis de estr�geno, j� que esse horm�nio apresenta in�meras a��es nas fun��es neurais.” 

“Al�m da influ�ncia hormonal, os sintomas menopausais n�o tratados, como fogachos, ins�nia e ganho de peso; e fatores estressores que acompanham esta fase da vida feminina, que incluem falta de apoio social e familiar, desemprego, s�ndrome do ninho vazio, e o envelhecimento, tamb�m s�o considerados fatores de risco importantes”, explica. 
 

"Essa associa��o pode refletir tanto uma resposta fisiol�gica do corpo tentando lutar contra a depress�o e ansiedade quanto podem ser um fator causal destas patologias. Estudos experimentais levam a crer que estes horm�nios auxiliam na melhora dos dist�rbios de humor, contudo, mais estudos em humanos s�o necess�rios para se chegar a uma conclus�o."

Maria Fernanda Naufel, doutora em nutri��o e uma das respons�veis pelo estudo

 

Outros resultados observados pelo estudo, segundo Maria Fernanda Naufel, incluem o fato de as mulheres na p�s-menopausa apresentarem, tamb�m, maior preval�ncia de obesidade total e obesidade abdominal, quando comparadas �s mulheres na pr�-menopausa.  

“Com o aumento da expectativa de vida nas �ltimas d�cadas, � esperado que as mulheres vivam um ter�o ou mais de suas vidas no per�odo da p�s-menopausa, o que torna imperativo a investiga��o e tratamento dos sintomas climat�ricos, como a depress�o, a ansiedade e a obesidade. Assim, � de suma import�ncia monitorar o ganho de peso e altera��es de humor em mulheres na p�s-menopausa, para um diagn�stico e tratamento precoce, preservando com isso a qualidade de vida”, indica a nutricionista e respons�vel pelo estudo. 
 

O ESTUDO 


No primeiro estudo ("Menopause Journal"), foram inclu�das mulheres na pr�-menopausa no chamado grupo controle, com idade entre 40 e 50 anos, e mulheres na p�s-menopausa, entre 50 e 65 anos. No segundo estudo ("Scientific Reports"), foram inclu�das somente mulheres na p�s-menopausa que apresentavam algum grau de depress�o, excluindo, portanto, aquelas n�o deprimidas.  

“Em ambos os estudos foram analisadas medidas antropom�tricas por meio de bioimped�ncia avan�ada. Sintomas de depress�o e ansiedade foram avaliados por question�rios. Tamb�m foram dosados in�meros par�metros bioqu�micos e hormonais por meio de amostras de sangue e saliva, al�m de par�metros cl�nicos”, explica a especialista. 

Maria Fernanda Naufel, doutora em nutrição e uma das responsáveis pelo estudo
Maria Fernanda Naufel, doutora em nutri��o e uma das respons�veis pelo estudo (foto: Arquivo pessoal)
Segundo ela, esse � um estudo de importante relev�ncia, haja vista o crescente n�mero de pessoas deprimidas e ansiosas no mundo. “O n�mero de transtornos mentais j� era alarmante antes do in�cio da pandemia de COVID-19. O relat�rio global da OMS apontou que, em 2017, o n�mero de pessoas deprimidas e/ou ansiosas ao redor do mundo havia crescido de forma exponencial, sendo o Brasil o quinto pa�s com maior n�mero de deprimidos (5,8%), e o primeiro pa�s em n�mero de ansiosos – 18.657.943 ou 9,3% da popula��o brasileira.” 

Pesquisas nacionais e internacionais apontam que, com o in�cio da quarentena, o n�mero de transtornos psiqui�tricos vem aumentando ainda mais. Estudo recente observou que enquanto 10% da popula��o adulta do Reino Unido apresentava sintomas de depress�o antes da pandemia, ap�s o in�cio da pandemia de COVID-19 este n�mero praticamente dobrou e atingiu 19% dos adultos.

"No Brasil a situa��o n�o � diferente. Assim, estudos sobre poss�veis fatores que podem estar relacionados com a piora do humor s�o sempre bem-vindos, na tentativa de auxiliar na preven��o e/ou tratamento destas patologias”, elucida. 

Em solo brasileiro, segundo um estudo recente da Universidade de S�o Paulo (USP), cerca de 63% da popula��o sofre de ansiedade e 59% de depress�o, e isso somente levando em conta o per�odo da pandemia. O Brasil, inclusive, � o l�der de casos no mundo. 

E AGORA? 


“In�meras pesquisas apontam que a alimenta��o tamb�m influencia diretamente em nosso humor, e por ser t�o importante para a sa�de mental, inspirou o surgimento de um novo campo da medicina denominado psiquiatria nutricional."

Desta forma, diante de in�meras evid�ncias, est� cada vez mais clara a intensa rela��o entre a nutri��o e os dist�rbios psicol�gicos. "Assim, o controle do peso, da ingest�o cal�rica, e a prefer�ncia por alimentos saud�veis e in natura, devem fazer parte da rotina para melhorar, entre v�rios fatores, o humor.” 

� o que afirma Maria Fernanda Naufel. E justamente por isso os estudos n�o param por a�. Para ela, � de suma import�ncia, agora, entender a a��o desses horm�nios sobre os dist�rbios do humor, se � positiva ou negativa. Por isso, mais estudos em humanos s�o necess�rios. “Depois de constatados os efeitos, devemos pensar e pesquisar maneiras de fazer com que esta descoberta auxilie na melhora de quadros de depress�o e ansiedade”, afirma. 

*Estagi�ria sob a supervis�o da editora Teresa Caram 


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