
Um dos problemas enfrentados por grande parte da popula��o durante a pandemia da COVID-19 � a interrup��o de um h�bito saud�vel: a pr�tica de atividades f�sicas. Essa mudan�a na rotina pode gerar efeitos negativos � sa�de, principalmente para grupos de indiv�duos que mais precisam dos ganhos imediatos proporcionados pelos exerc�cios, como as gestantes.
Uma pesquisa americana mostrou que gr�vidas cujas rotinas de atividades f�sicas foram afetadas pelo per�odo pand�mico apresentam n�veis mais altos de depress�o do que aquelas que continuaram a se exercitar. A descoberta foi apresentada na �ltima edi��o da revista especializada Plos One e, segundo os autores, poder� ajudar no combate � depress�o pr�-natal e p�s-parto.
No artigo, os cientistas explicam que, devido �s mudan�as fisiol�gicas causadas pela gesta��o, as gr�vidas correm risco maior de terem depress�o. Por esse motivo, a equipe de pesquisa decidiu investigar se as rotinas de exerc�cio dessas mulheres haviam mudado devido � pandemia, se as interrup��es estariam relacionadas � depress�o e como esse efeito poderia variar entre as futuras m�es que vivem em grandes cidades e as de �reas n�o metropolitanas.
Os cientistas utilizaram dados de uma pesquisa chamada COVID-19 e seus efeitos reprodutivos (CARE, em ingl�s). Na investiga��o, mais de 1.850 gr�vidas foram entrevistadas, por meio de plataformas on-line, entre abril e junho. As participantes responderam a quest�es sobre como o novo coronav�rus afetou seu bem-estar pr�-natal, o p�s-parto e a sa�de geral. "No momento em que a pesquisa foi feita, 92% das participantes informaram que orienta��es e restri��es para ficar em casa estavam em vigor onde moravam", contam os autores do estudo.
As participantes tamb�m foram questionadas se a rotina de exerc�cios havia mudado em decorr�ncia da pandemia e precisaram informar o n�mero de dias por semana que praticavam atividades f�sicas por pelo menos 30 minutos. As volunt�rias responderam ainda a question�rios que comp�em a Pesquisa de Depress�o P�s-natal de Edimburgo (EPDS), que � considerada, entre cientistas, o padr�o ouro para medir a depress�o pr�-natal e p�s-parto.
Os resultados mostraram o impacto da crise sanit�ria na rotina de exerc�cios das entrevistadas: 56% relataram que praticavam atividades f�sicas moderadas pelo menos tr�s vezes por semana antes da pandemia. Com a crise sanit�ria, 47% delas passaram a se exercitar menos e 9%, a se exercitar mais. Os cientistas tamb�m constataram que as gr�vidas que relataram mudan�as na pr�tica de exerc�cios exibiram taxas de depress�o significativamente mais altas, quando comparadas �s mulheres que relataram n�o ter alterado esse h�bito.
"Nossos dados demonstram que a pandemia da COVID-19 pode exacerbar o risco j� elevado que as mulheres gr�vidas t�m de serem acometidas pela depress�o pr�-natal", afirma, em comunicado, Theresa Gildner, pesquisadora da Universidade de Dartmouth, nos Estados Unidos, e principal autora do estudo. "Foi demonstrado que exerc�cios moderados diminuem o risco de depress�o em mulheres gr�vidas e que interrup��es nas rotinas de exerc�cios podem levar a uma piora na sa�de mental", enfatiza a cientista.
Situa��o financeira
O estudo tamb�m revelou que as mulheres que viviam em �reas metropolitanas tinham duas vezes mais risco de experimentarem mudan�as nos exerc�cios di�rios, quando comparadas �s moradoras de cidades menores. "Nossos resultados entram em concord�ncia com o que ocorreu este ano, com muitas academias e centros de recrea��o fechados. Sem espa�o para treinar em casa, para muitas mulheres gr�vidas nas �reas metropolitanas, as rotinas de atividades f�sicas foram suspensas", afirmam os autores do artigo.
Outro ponto de destaque da pesquisa, segundo a equipe, � a observa��o de que mulheres que estavam financeiramente estressadas apresentaram taxas de depress�o mais altas. "A maioria das gestantes era branca e tinha altos n�veis de escolaridade e renda familiar. Um pouco mais de 57 % indicaram que estavam preocupadas com as finan�as devido � pandemia. Entretanto, mulheres mais velhas e mais ricas, tiveram �ndices de depress�o mais baixos, demonstrando como a idade e a riqueza podem ter um efeito mediador", contextualizam.
Renata Nayara Figueiredo, m�dica psiquiatra e presidente da Associa��o Psiqui�trica de Bras�lia, avalia que o estudo americano mostra dados interessantes e que a equipe fez uma boa escolha ao incluir outros fatores que podem influenciar os n�veis de depress�o, como a situa��o financeira. "Isso � importante porque sabemos que esses problemas tamb�m aumentam o mau humor, o estresse. � de se esperar que gestantes com essas preocupa��es apresentem n�veis mais altos de depress�o", justifica. "Outro ponto tamb�m a se destacar � que, al�m de n�o realizarem exerc�cios como antes, as mulheres t�m o medo de serem infectadas por um v�rus desconhecido e n�o sabem se isso pode causar problemas ao beb�. Isso tudo gera ansiedade e d�vidas, que pioram o cen�rio."
Perda da conex�o social
Com base nos dados vistos no estudo, os pesquisadores estadunidenses defendem que os especialistas na �rea de sa�de materna perguntem �s pacientes sobre as rotinas de exerc�cios f�sicos e se houve mudan�as em decorr�ncia da pandemia. Segundo Zaneta M. Thayer, professora-assistente de antropologia na Universidade de Dartmouth e coautora da pesquisa, essas informa��es podem ser usadas para ajudar a identificar as mulheres com maior risco de depress�o materna.
"Com a pandemia do novo coronav�rus interrompendo os regimes de exerc�cios, nosso estudo mostra que as mulheres gr�vidas n�o estavam apenas perdendo a ida � ioga", ilustra. "N�o � apenas o fato de que o exerc�cio lhe d� endorfinas, mas as participantes indicaram que tamb�m estavam perdendo a conex�o social que se obt�m por ter outras pessoas ao redor. Pesquisas anteriores tamb�m j� mostraram os benef�cios para a sa�de mental de se conectar com outros indiv�duos. Isso mostra que nossa pesquisa est� tamb�m em sintonia com esses trabalhos."
A psiquiatra Renata Nayara Figueiredo acredita que os dados vistos no estudo mostram como medidas que ajudam a evitar problemas como depress�o pr�-natal e p�s-parto s�o necess�rias. "Vemos, mais uma vez, como � importante trabalhar com a preven��o, com a melhora da qualidade de vida. � a melhor estrat�gia para evitar esse tipo de problema", afirma.
"Extrapolando ainda mais o estudo, podemos falar sobre como � importante fazer os exerc�cios ao ar livre, j� que a luz solar contribui para o bem-estar", frisa a especialista brasileira. "Outro ponto importante que a pesquisa mostra � que as atividades f�sicas s�o estrat�gicas para ter um contato social. Essa troca com os outros � essencial para a sa�de mental. Temos esses dados vistos em um cen�rio de pandemia, mas s�o li��es que podemos levar para a vida."
Novo teste prev� gravidade da COVID
Cientistas holandeses conseguiram prever a gravidade da COVID-19 por meio de an�lises apuradas do sangue. No trabalho publicado na �ltima edi��o da revista cient�fica eLife, os pesquisadores chegaram a esse resultado com a ajuda de algoritmos, que conseguiram apontar altera��es moleculares espec�ficas nas c�lulas sangu�neas. Segundo os especialistas, a ferramenta pode ajudar os profissionais de sa�de a escolherem melhores medidas durante o tratamento da doen�a causada pelo Sars-CoV-2.

Os autores explicam que o novo coronav�rus gera altera��es espec�ficas nas c�lulas sangu�neas circulantes, que, em sua maioria, podem ser observadas por meio de um hemograma completo. Mas algumas dessas mudan�as moleculares n�o aparecem no exame tradicional, e s�o elas que podem revelar se a doen�a pode evoluir para um caso mais grave. "Essas nuances podem ser identificadas por meio de novas t�cnicas. � poss�vel criar um algoritmo com valor preditivo para encontr�-las", explicam.
Por meio da t�cnica, os cientistas realizaram an�lises sangu�neas de 982 pacientes adultos, atendidos em 11 hospitais da Europa. A taxa de efic�cia das previs�es foi de 97%. Para a equipe, a abordagem pode ser adotada com facilidade nos hospitais. "Um hemograma � uma medi��o totalmente automatizada, barata, dispon�vel e um dos exames mais solicitados no mundo, al�m de ser rotineiramente solicitado justamente aos pacientes com COVID-19 que se apresentam aos hospitais", explica, em comunicado, Andr� van der Ven, infectologista do centro m�dico da Universidade de Radboud, na Holanda, e principal autor do estudo. "Ao usar essas novas t�cnicas em conjunto, as altera��es das c�lulas do sangue podem ser melhor determinadas e, com isso, seremos capazes de desenvolver um progn�stico confi�vel."