
Por causa da pandemia e do alto risco de cont�gio pelo novo coronav�rus, todo tipo de intera��o social migrou para um sistema remoto.
Por�m, lidar com a morte n�o � f�cil, principalmente na cultura ocidental. E esse assunto, que j� � um tabu, virou ponto principal em v�rias discuss�es. Diariamente, milhares de pessoas morrem pela COVID-19 no mundo e o Brasil vem batendo recordes, chegando a 3 mil �bitos registrados em 24 horas.
Momentos como vel�rio e enterro s�o considerados cruciais para o luto. E eles est�o muito limitados em tempos de COVID-19. Isso levou a uma mudan�a de comportamento, segundo a psic�loga especialista em luto Luciana Carvalho Rocha: "N�o pode haver missa ou enterro. Isso torna o luto mais dif�cil de ser elaborado, o que a pessoa tem para expor s�o as redes sociais. Para o enlutado, � saud�vel se expressar atrav�s das redes. � uma forma de homenagear o ente querido”.
Outro lado � o de quem l� as postagens. A proximidade dos casos de COVID-19, incerteza do futuro e o medo de se contaminar geram rea��es normais para o cen�rio.
“A pessoa que v� isso, � esperado que sinta medo e tristeza. � natural estarmos todos um pouco tristes com a situa��o. O medo existe a partir do momento que a morte se tornou muito pr�xima de todos, ainda mais na nossa cultura ocidental”, comenta a psic�loga.
“A pessoa que v� isso, � esperado que sinta medo e tristeza. � natural estarmos todos um pouco tristes com a situa��o. O medo existe a partir do momento que a morte se tornou muito pr�xima de todos, ainda mais na nossa cultura ocidental”, comenta a psic�loga.
Os comunicados nas redes sociais
Com o crescente n�mero de mortes e as redes socias se tornando meio de homenagens, usu�rios come�aram a enxerg�-las como ‘obitu�rios’.
O Twitter virou obtuario! Muito triste! Meus sinceros sentimentos � todos q est�o passando por isso.
%u2014 Alexandre (@Alevfaria) April 11, 2021
Apesar da poss�vel proximidade entre o usu�rio que v� a postagem e quem publicou a homenagem, nem sempre h� uma rela��o. De qualquer forma, � comum sentir empatia, compaix�o, tristeza e medo.
Luciana Carvalho Rocha alerta, contudo, para o comportamento n�o se tornar excessivo, podendo ser transformado em uma s�ndrome.
“At� um certo ponto, sentir medo e tristeza faz parte, � humano ter compaix�o. O que n�o pode acontecer � a pessoa viver todo o tempo voltado para olhar a situa��o da pandemia nas redes. A�, ela passa a ter um comportamento, de certa forma, patol�gico. Pode desenvolver uma s�ndrome do p�nico ou depress�o”, afirma.
Luciana Carvalho Rocha alerta, contudo, para o comportamento n�o se tornar excessivo, podendo ser transformado em uma s�ndrome.
“At� um certo ponto, sentir medo e tristeza faz parte, � humano ter compaix�o. O que n�o pode acontecer � a pessoa viver todo o tempo voltado para olhar a situa��o da pandemia nas redes. A�, ela passa a ter um comportamento, de certa forma, patol�gico. Pode desenvolver uma s�ndrome do p�nico ou depress�o”, afirma.
Para lidar com as sensa��es despertadas por um post sobre a perda de um ente querido para o coronav�rus, Luciana deixa algumas orienta��es
“Sugiro que essas coisas que est�o deixando a pessoa com medo e tristeza sirvam como incentivo para que tome os devidos cuidados, evitando que ela ou a fam�lia se contamine. O usu�rio n�o precisa, tamb�m, s� focar a quest�o da doen�a e das mortes. � necess�rio impor limites, n�o se encher de informa��es. N�o � ser negacionista, mas se afogar nas informa��es tamb�m n�o � saud�vel”, comenta.
“Sugiro que essas coisas que est�o deixando a pessoa com medo e tristeza sirvam como incentivo para que tome os devidos cuidados, evitando que ela ou a fam�lia se contamine. O usu�rio n�o precisa, tamb�m, s� focar a quest�o da doen�a e das mortes. � necess�rio impor limites, n�o se encher de informa��es. N�o � ser negacionista, mas se afogar nas informa��es tamb�m n�o � saud�vel”, comenta.

“Em segundo lugar, parar de compartilhar coisas sem saber, passando para frente tudo que v�. � necess�rio buscar informa��es em meios confi�veis. Al�m disso, buscar meios de distra��o em casa, como gin�stica, medita��o, vivendo um dia de cada vez. Pensar muito pode gerar uma ansiedade grande”, destaca Luciana.
O pensamento no presente � uma forma de enfrentamento, diz a psic�loga: “Hoje eu vou viver bem, amanh� voc� pensa da mesma forma. E se um dia ficar triste, fique. Mas n�o foque somente nas coisas ruins. Se a pessoa perceber que est� em um n�vel dif�cil, sem �nimo, � preciso buscar ajuda de um profissional, psic�logo ou psiquiatra”, completa.
“Na pr�pria rede, h� muitos perfis bons. Se soubermos usar, elas s�o excelentes, tem v�rios canais de informa��es boas e positivas. Precisamos de apoio, n�o d� para andar sozinho. Seja de um filho, m�e, amigo, n�o podemos aglomerar, mas d� para conversar em chamadas de v�deo, por exemplo. Temos que buscar essas coisas, porque se ficarmos dentro da bolha, o sofrimento � maior”, finaliza.
*Estagi�ria sob supervis�o da subeditora Kelen Cristina