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Estado de Minas COMPORTAMENTO

Envelhecimento: a for�a da economia prateada

A economia prateada � a soma das atividades econ�micas associadas �s pessoas com 50+. O poder de compra do 60+ vai superar os US$ 15 trilh�es at� 2030


02/05/2021 04:00 - atualizado 02/05/2021 16:25

Mauro Wainstock, CEO da HUB 40 , destaca que as oportunidades se proliferam e percebe-se a criação de novos produtos e serviços direcionados para este nicho de mercado
Mauro Wainstock, CEO da HUB 40 , destaca que as oportunidades se proliferam e percebe-se a cria��o de novos produtos e servi�os direcionados para este nicho de mercado (foto: Arquivo Pessoal)


Segundo o Oxford Economics, a "silver economy" ou economia prateada � a soma de todas as atividades econ�micas associadas �s pessoas com mais de 50 anos. E os n�meros s�o inquestion�veis e comprovam tanto o acelerado crescimento num�rico como o enorme potencial qualitativo dessa faixa et�ria: at� 2025, o mundo ter� mais de 2 bilh�es de pessoas acima de 60 anos, 25% da popula��o total.

"A economia prateada � a terceira maior do mundo, atr�s dos EUA e da China. Globalmente, o poder de compra do 60+ vai superar os US$ 15 trilh�es at� 2030. De acordo com o Federal Reserve, 53,2% do patrim�nio das fam�lias dos EUA � controlado pelos baby boomers. J� no mundo corporativo, a idade m�dia dos presidentes das 100 maiores empresas do mundo � de 63 anos.

No Brasil, os 60 eram 7,1 milh�es de pessoas em 1990 e ser�o 68,1 milh�es (30% da popula��o) at� 2050. Por outro lado, � o grupo et�rio que tem o maior poder aquisitivo", os dados s�o de Mauro Wainstock, s�cio-fundador da HUB 40+, comunidade voltada para a empregabilidade e marketing de pessoas acima dos 40 anos.

Algum argumento ainda se sustenta de n�o valorizar, n�o prestigiar ou n�o contar com as pessoas mais velhas no mercado de trabalho, na evolu��o da sociedade?

Diante dessa realidade, Mauro Wainstock destaca que as oportunidades se proliferam e percebe-se uma “silveriza��o” de novos produtos e servi�os direcionados para este nicho de mercado.

“Este movimento tamb�m impulsiona a cria��o de profiss�es, de postos de trabalho e o surgimento dos mais variados cursos, seja para profissionais de todas as idades que querem atender a esse p�blico, seja para ajudar a estimular o racioc�nio dos 50, como aulas de games, e tamb�m aqueles que ensinam ferramentas tecnol�gicas para o uso corporativo, que possibilitam, por exemplo, a cria��o de neg�cios virtuais.”

No entanto, para grande parte do mercado profissional, chegar aos 40 anos � se ver na curva descendente da carreira. � quando, principalmente as mulheres, come�am a se preparar para a qualquer momento ser descart�vel. O que � cruel para quem se sente produtivo, ativo, curioso e apto a aprender e ensinar.

“� necess�rio desmistificar determinados conceitos. O primeiro � a quest�o do sal�rio mais elevado. Qual � o custo de abrir m�o da experi�ncia? Quanto vale a viv�ncia e o conhecimento daqueles que j� cometeram v�rios erros em suas carreiras? Erros esses que, na �poca, serviram de aprendizado pr�tico e que, provavelmente, n�o v�o mais se repetir? Essa caracter�stica � extremamente significativa no mundo corporativo.”

Segundo Mauro Wainstock, a r�pida tomada de decis�o � uma habilidade conquistada com as viv�ncias acumuladas; o equil�brio e a lideran�a trazem a indispens�vel confian�a e almejado respeito, enquanto o forte networking ajuda na concretiza��o de neg�cios.

E muitas vezes a remunera��o n�o � o principal objetivo desse profissional. Para o especialista, ele pode querer estar inserido no mercado de trabalho, envolvido em um prop�sito, adquirir novos conhecimentos, obter mais especializa��o, potencializar suas conex�es, sentir que � �til, produtivo e ampliar o senso de pertencimento.

Para Mauro Wainstock, � inacredit�vel, mas metade da popula��o mundial tem atitudes preconceituosas em rela��o � idade. Essa informa��o consta em relat�rio que acaba de ser produzido pela Organiza��o Mundial da Sa�de (OMS). O HUB 40 respalda esse conte�do no Brasil como uma das formas de participar da Campanha Global de Combate ao Age�smo.

O material oferece estrat�gias para minimizar a quest�o: pol�ticas e leis, atividades educacionais e interven��es intergeracionais. “Temos que eliminar todas as formas de discrimina��o, seja movida pela inseguran�a, ignor�ncia ou pelo preconceito enraizado e irracional. Ele � execr�vel, inaceit�vel e intoler�vel. Como diz Alexandre Kalache, ex-presidente da OMS, n�o basta n�o sermos etaristas, temos que ser antietaristas.”

Mauro Wainstock, que � Linkedin Top Voice, lembra que, em 1940, a expectativa de vida do brasileiro era de 45,5 anos. Em 2019, quando o IBGE fez seu �ltimo levantamento, esse n�mero pulou para 76,6 anos.

“Em breve, teremos muitos brasileiros vivendo acima dos 100 anos. Qual ser� a nossa qualidade de vida durante esse per�odo? Como vamos conseguir equilibrar trabalho e lazer, a sa�de f�sica e a mental? Como ser� a conviv�ncia com a fam�lia e amigos, como enfrentaremos as inevit�veis transi��es durante esses 30 anos adicionais de vida? Todos n�s envelhecemos a cada dia. Sou muito otimista e encaro esse processo com orgulho e entusiasmo. Deixo uma reflex�o de George Eliot, pseud�nimo de Mary Ann Evans, romancista autodidata brit�nica: “Nunca � tarde demais para ser o que voc� poderia ter sido””.

VALORIZAR A VIDA 

A exist�ncia humana est� estruturada no ciclo de vida: inf�ncia, adolesc�ncia, vida adulta, velho. O privil�gio de quem consegue vivenciar cada etapa deve ser motivo de gratid�o e rever�ncia. A chance de experimentar a vida com todos os sabores, doces e amargos, quentes e frios. Por isso, a velhice n�o deveria ser negada ou discriminada por ningu�m.

A antrop�loga Guita Deber constatou em pesquisas etnogr�ficas que “velho � sempre o outro”. Ou seja, uma percep��o da nega��o da pr�pria velhice, o que s� refor�a o estigma negativo e o ostracismo social que se imp�e � velhice.

Elza Franco Rotheia, de 85 anos, psicóloga clínica, conta que há meses se rendeu às modernidades tecnológicas e resolveu retomar alguns atendimentos on-line
Elza Franco Rotheia, de 85 anos, psic�loga cl�nica, conta que h� meses se rendeu �s modernidades tecnol�gicas e resolveu retomar alguns atendimentos on-line (foto: Arquivo Pessoal)
O que n�o ocorre com Elza Franco Rotheia, de 85 anos, psic�loga cl�nica em atividade, que tem a sabedoria do envelhecer e viver. Para ela, quando a gente valoriza a vida, o envelhecer faz parte naturalmente. E o preconceito faz parte desse mundo ocidental, desse capitalismo selvagem em que o dinheiro � mais importante que o indiv�duo.

Elza foi funcion�ria p�blica do antigo Instituto Nacional de Assist�ncia M�dica da Previd�ncia Social (Inamps), hoje Sistema �nico de Sa�de (SUS), onde atuou 20 anos como enfermeira e 10 como psic�loga. Sem conseguir parar, ela se mant�m sempre ativa nas condi��es que se apresentam: “Durante o confinamento, estou cursando seis mat�rias no programa da maturidade da Est�cio de S� BH. Os cursos s�o excelentes, me ajudam ocupando meu tempo e trabalhando minha mem�ria e minha mente, assim n�o fico t�o ociosa e n�o deixo meu c�rebro acompanhar a idade. Entrar para a faculdade foi �timo para minha sa�de mental e conheci novas pessoas para aumentar meu c�rculo de amizades”.

N�o precisamos nos aposentar e parar de trabalhar, podemos continuar contribuindo para o desenvolvimento da sociedade. Quando enxergarmos o caminho da renova��o de valores e a oportunidade de crescimento, evoluiremos, independentemente da idade

Elza Franco Rotheia, de 85 anos, psic�loga

Elza conta que tem encarado a pandemia como um tempo para repensar os valores. Ela que j� fez curso superior de m�sica, de enfermagem e quando a irm� faleceu e lhe deixou cinco filhos, foi estudar psicologia. “J� quase formada, ganhei uma menina. Hoje, meus filhos est�o todos casados, todos superbem estabelecidos e minha fam�lia cresceu, tenho 12 netos e oito bisnetos. Perdi um filho por complica��es card�acas, ainda bem novo, foi uma das maiores dores que j� senti na vida. Ainda tenho consult�rio. Nos primeiros meses da pandemia, parei de atender, pois acho o atendimento presencial muito importante na psicologia. Mas h� meses me rendi �s modernidades tecnol�gicas e resolvi retomar alguns atendimentos on-line porque os pacientes necessitavam nesse momento t�o cr�tico, mesmo achando que a terapia fica bem prejudicada. Mas � a forma como posso acompanhar e ajudar. Sempre trabalhei e estudei.”

O autocuidado faz parte da rotina de Elza e � o que ela recomenda para todos neste momento de isolamento social; “Continuo fazendo atividade f�sica on-line, com meu grupo da igreja do Gutierrez, ministrado por um educador f�sico, al�m do pilates com minha fisioterapeuta. Sinto falta � de sentar em um boteco e tomar uma cerveja com os amigos, de ir a um concerto na Sala Minas Gerais e de reunir a fam�lia.”

A luta da aceita��o da velhice, do respeito dos jovens e do fim do descarte pela sociedade � um caminho longo, conforme Elza. Para a psic�loga, enquanto n�o tivermos uma educa��o b�sica em que o ser humano e o lugar onde ele vive � valorizado, dificilmente essa mentalidade mudar�.

“A educa��o tem que ser mais voltada para o ser humano do que para o capital. Envelhecer � uma consequ�ncia de viver, todos envelheceremos, e quem n�o sabe conviver com isso � quem n�o valoriza a sabedoria e a experi�ncia que uma pessoa idosa tem e como ela pode contribuir positivamente � sociedade. N�o precisamos nos aposentar e parar de trabalhar, podemos continuar contribuindo para o desenvolvimento da sociedade. Quando enxergarmos o caminho da renova��o de valores e a oportunidade de crescimento, evoluiremos, independentemente da idade.”
 
 
 
 


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