
Diante do risco de morte iminente e com regras claras para se proteger, o normal seria que as pessoas, providas de consci�ncia, seguissem as recomenda��es de quem tem compet�ncia, expertise e fosse respaldada t�cnica e cientificamente sobre a amea�a em quest�o.
Contrariando a l�gica de quem pensa, ou talvez por isso mesmo, o comportamento para a maioria diante da COVID-19 � subverter as determina��es dos cuidados consigo e com o outro e “pagar para ver” ou brincar de “roleta-russa”.
Contrariando a l�gica de quem pensa, ou talvez por isso mesmo, o comportamento para a maioria diante da COVID-19 � subverter as determina��es dos cuidados consigo e com o outro e “pagar para ver” ou brincar de “roleta-russa”.
Dessa estat�stica, certamente fazem parte aquelas pessoas que h� um ano e tr�s meses decidiram seguir as orienta��es de ficar em casa e s� sair para o estritamente necess�rio. O que � louv�vel, mas tamb�m tem um pre�o. � que o distanciamento social prolongado pode desenvolver em alguns a chamada s�ndrome da gaiola ou s�ndrome da cabana ou s�ndrome do caracol.
O fen�meno n�o � uma doen�a ou transtorno mental, mas um acometimento, um estresse adaptativo entre pessoas que possam passar por dificuldades emocionais ao ter que sair do estado de retiro em sua casa e voltar �s atividades presenciais, seja na escola, no trabalho, no com�rcio, nas consultas m�dicas, na ida ao banco ou � reparti��o p�blica. S�o pessoas que, diante da flexibiliza��o das medidas protetivas, com o fim do isolamento ou do distanciamento social, se sentem amea�adas, inseguras e com medo de sair de casa.
Tem uns idiotas a�, o fique em casa. Tem alguns idiotas que at� hoje ficam em casa
Jair Bolsonaro, presidente da Rep�blica
A express�o s�ndrome da cabana tem origem no in�cio do s�culo 20 e serviu para relatar viv�ncias de pessoas que ficavam isoladas em per�odos de nevasca no hemisf�rio norte e que depois tinham que retomar o conv�vio. O mesmo estranhamento viveram os ca�adores do passado, embrenhados em matas por muito tempo, assim como encaram, nos dias de hoje, empregados em plataformas de petr�leo, que ficam dias afastados do contato com a rotina da vida diante da natureza do trabalho. Claro, guardadas as devidas propor��es.
NO CONTROLE

Fato � que, para aqueles que est�o h� tanto tempo vivendo o distanciamento social, o mundo l� fora passa a ser amea�ador. A casa ganha significado ainda maior, vai al�m de aconchego, ref�gio e lar, mas � elevada � pot�ncia de prote��o. Lugar onde conseguem ter controle e, assim, se sentirem seguros.
Por isso, a dificuldade de voltar � rotina, ainda que adaptada e com restri��es, os faz passar pela s�ndrome da gaiola, desenvolvendo muitas rea��es desconfort�veis e que afetam o bem-estar, a qualidade de vida e, claro, a sa�de mental. Eles se sentem paralisados diante da possibilidade de ir para a rua, o que os impedir� de manter o seu dia a dia. Um problema com que � preciso lidar.
Assim, todas as vezes que a necessidade de sair de casa surgir, a pessoa enfrentar� um sofrimento. Para piorar a situa��o, diante do descontrole da COVID-19 no Brasil, com mais de 500 mil mortos, esses cidad�os t�m tamb�m de lidar com a gest�o equivocada do presidente Bolsonaro no combate � pandemia, criticando as pessoas que cumprem o isolamento social, medida recomendada pela Organiza��o Mundial da Sa�de (OMS) e por autoridades sanit�rias do mundo todo como forma de conter a dissemina��o do novo coronav�rus.
Em 17 de maio de 2021, ele disse: “Tem uns idiotas a�, o fique em casa. Tem alguns idiotas que at� hoje ficam em casa”. Fala que justifica muitos brasileiros em sofrimento mental nem sequer se revelarem diante de rea��es incab�veis e cr�ticas maldosas, tudo que elas n�o precisam neste momento de morte, perda, medo e dor.
Por isso, a dificuldade de voltar � rotina, ainda que adaptada e com restri��es, os faz passar pela s�ndrome da gaiola, desenvolvendo muitas rea��es desconfort�veis e que afetam o bem-estar, a qualidade de vida e, claro, a sa�de mental. Eles se sentem paralisados diante da possibilidade de ir para a rua, o que os impedir� de manter o seu dia a dia. Um problema com que � preciso lidar.
Assim, todas as vezes que a necessidade de sair de casa surgir, a pessoa enfrentar� um sofrimento. Para piorar a situa��o, diante do descontrole da COVID-19 no Brasil, com mais de 500 mil mortos, esses cidad�os t�m tamb�m de lidar com a gest�o equivocada do presidente Bolsonaro no combate � pandemia, criticando as pessoas que cumprem o isolamento social, medida recomendada pela Organiza��o Mundial da Sa�de (OMS) e por autoridades sanit�rias do mundo todo como forma de conter a dissemina��o do novo coronav�rus.
Em 17 de maio de 2021, ele disse: “Tem uns idiotas a�, o fique em casa. Tem alguns idiotas que at� hoje ficam em casa”. Fala que justifica muitos brasileiros em sofrimento mental nem sequer se revelarem diante de rea��es incab�veis e cr�ticas maldosas, tudo que elas n�o precisam neste momento de morte, perda, medo e dor.
Luciana Felipetto, psicopedagoga e fonoaudi�loga, explica que a s�ndrome da gaiola � quando a pessoa tem dificuldade de sair do seu ambiente de conforto. No caso, principalmente a casa. Essa s�ndrome, como se v� agora na pandemia, atinge muitas pessoas que j� tinham quadros de ansiedade.
Em muitos casos, evolui para um transtorno de ansiedade que impede esse indiv�duo de resolver quest�es sociais, como ir � escola, por exemplo. Ou mesmo o impede do conv�vio com outras pessoas.
“Nesses casos, pode gerar um quadro de depress�o, de ansiedade extrema, de modo que a pessoa precise de ajuda psiqui�trica ou de um psic�logo.” Para ela, a pandemia foi um desencadeador da s�ndrome da gaiola porque trouxe muito medo, o medo da morte, do desconhecido. “As pessoas mais deprimidas foram as que mais sofreram e ainda v�m sofrendo.”