A alergia pode come�ar inesperadamente com uma dermatite inc�moda, uma rea��o a um alimento ou uma alergia respirat�ria sazonal
A alergia � um dos dist�rbios imunol�gicos cr�nicos mais frequentes no mundo hoje. Ela pode come�ar nos primeiros meses de vida ou surgir de forma inesperada na idade adulta. Mas por que ocorre t�o repentinamente?
As alergias ocorrem quando o sistema imunol�gico reage a uma subst�ncia que � inofensiva para a maioria da popula��o.
E s�o causadas por uma grande variedade de subst�ncias, tanto biol�gicas quanto sint�ticas. As fontes de sensibiliza��o mais comuns s�o p�lens, alimentos, �caros, peles de animais, venenos de insetos e medicamentos.
Quando o sistema imunol�gico funciona bem, nossas defesas atacam micro-organismos invasores, como v�rus e bact�rias, e os destroem. Mas, no caso de alergia, o sistema imunol�gico identifica erroneamente prote�nas que est�o presentes na pele de um animal de estima��o ou em uma comida perfeitamente boa.
Ele os reconhece como um perigo para o corpo e, a partir da�, organiza suas "defesas".

O amendoim � um dos alimentos que podem causar alergias
Getty ImagesEmbora haja um claro componente heredit�rio, a alergia pode come�ar inesperadamente com uma dermatite inc�moda. Tamb�m podemos ter uma rea��o a um alimento ou uma alergia respirat�ria sazonal.
O car�ter at�pico (de rea��es inesperadas do sistema imunol�gico) faz parte do cart�o gen�tico de um indiv�duo. Portanto, pode aparecer quando menos se espera. Ent�o, bem-vindo ao clube da alergia!
Por que desenvolvemos alergias?
Um p�len ou um alimento � alerg�nico porque cont�m prote�nas que, completas ou em fragmentos, na maioria dos casos, s�o capazes de ativar as c�lulas e mol�culas do sistema imunol�gico. Portanto, eles desencadeiam os inc�modos sintomas de alergia.
Para estimular o sistema imunol�gico, eles precisam passar pelas camadas de c�lulas epiteliais que revestem nossas vias a�reas e nosso sistema digestivo.
Essa estrutura celular tamb�m n�o � um simples muro de conten��o. �, na verdade, uma estrutura din�mica que estabelece uma aut�ntica conversa��o molecular, celular e imunol�gica assim que um al�rgeno passa por ela.

Antibi�ticos ou uso excessivo de medicamentos podem influenciar o desenvolvimento de alergias
Getty ImagesEssa camada celular se completa com uma camada de bact�rias que vivem conosco e representam 2% do nosso peso corporal: nossa microbiota.
Quando alteramos esta estrutura, devido a um tratamento com antibi�ticos ou ao consumo excessivo de medicamentos como os anti-inflamat�rios, podemos aumentar a permeabilidade a subst�ncias como os al�rgenos. E isso pode desencadear ou at� agravar a alergia em um indiv�duo.
Tratamentos de alergia
Os tratamentos de alergia baseiam suas estrat�gias na administra��o peri�dica de quantidades crescentes de extratos contendo a mol�cula � qual um paciente � al�rgico.
O objetivo � atingir uma perda gradual de sensibiliza��o. Em �ltima an�lise, o que se pretende � aumentar o limiar de detec��o de seu sistema imunol�gico.
No entanto, embora a cura para alergias como a do p�len possa ser definitiva, a marca registrada da atopia n�o se perde facilmente. Muitos desses sintomas podem reaparecer misteriosamente.
E assim, de repente, em um dia de maio, um indiv�duo pode ter uma sensa��o de coceira e lacrimejamento por causa de uma alergia ao p�len ou a um animal de estima��o. O sistema imunol�gico est� em constante mudan�a.
Por que algumas alergias desaparecem por conta pr�pria?
Com o passar dos anos, contudo, muitos indiv�duos al�rgicos deixam para tr�s todos os sintomas associados � alergia ou mesmo os substituem por outros ligados a novas subst�ncias.
Nos casos em que desaparecem os sintomas que sofremos na inf�ncia e juventude, os especialistas atribuem isso a uma dessensibiliza��o do paciente aos al�rgenos aos quais foi exposto naturalmente. Ou seja, o paciente foi perdendo a reatividade contra eles.
Habituar-se � presen�a de alimentos na dieta, ou seja, dessensibilizar-se a eles, � uma das estrat�gias terap�uticas que hoje est�o sendo desenvolvidas com sucesso para muitas alergias infantis, como as de ovo, amendoim ou leite.

Em muitos casos, as alergias que desenvolvemos quando crian�as desaparecem quando somos adultos
Getty ImagesNa �ltima d�cada, os resultados de estudos cl�nicos realizados com esse tipo de tratamento mostraram que um alto percentual de crian�as com alergia a esses alimentos foi curado.
Por�m, em muitas ocasi�es, os sintomas graves que se originam exigem que se evite a subst�ncia alerg�nica ou que o tratamento de dessensibiliza��o seja controlado, por meio da chamada imunoterapia espec�fica, sob supervis�o de um especialista.
Embora as alergias pare�am estar desaparecendo para muitos indiv�duos, a realidade � que nos pr�ximos anos viver com alergias ser� comum para a maior parte da popula��o mundial.
Um futuro com mais alergias
Essa tend�ncia natural de desaparecimento dos sintomas al�rgicos, em muitos casos na popula��o adulta, est� sendo dificultada justamente por certas condi��es ambientais e, frequentemente, pela excelente qualidade de vida nos pa�ses desenvolvidos.
Por um lado, no caso das alergias respirat�rias, temos a presen�a cada vez mais frequente de animais de estima��o nas nossas casas, ou ent�o a presen�a de part�culas poluentes no ambiente.
Estes s�o verdadeiros ve�culos para manter os gr�os de p�len suspensos no ar. Influencia tamb�m o aparecimento, em consequ�ncia das altera��es clim�ticas, de novas esp�cies bot�nicas nos nossos campos e jardins resistentes � seca.
Tudo isso levou a um aumento na frequ�ncia das alergias respirat�rias.
Por outro lado, o alto limiar de higiene, o abuso de antibi�ticos e os problemas cr�nicos desencadeados pelas intoler�ncias alimentares t�m causado a perda de toler�ncia que um bom estado de nossas mucosas e de nosso sistema imunol�gico poderia supor.
Essa patologia afeta atualmente 25% da popula��o. Com a taxa de crescimento atual, espera-se que em duas d�cadas o percentual da popula��o afetada possa chegar a 40%.
Por isso, j� se fala em consider�-la uma das pandemias do s�culo 21.
*Mar�a Teresa Villalba Diaz � Professora de Bioqu�mica e Biologia Molecular da Universidade Complutense de Madrid, Espanha.
*Este artigo foi publicado em The Conversation e reproduzido aqui sob a licen�a Creative Commons. Clique aqui se voc� quiser ler a vers�o original.
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