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Estado de Minas

Curativos inteligentes


11/07/2021 04:00

(foto: RMIT University/Divulga��o)

 
Vilhena Soares

A �rea de sa�de tem sido uma das mais beneficiadas pela tecnologia nos �ltimos anos. Gra�as ao uso de novos dispositivos, diagn�sticos e cirurgias se tornaram tarefas mais f�ceis de ser realizadas nos hospitais. Pesquisadores da �rea t�m, agora, se dedicado a refinar um dos materiais mais utilizados em centros m�dicos: os curativos. Por meio da nanotecnologia, um grupo da Austr�lia desenvolveu uma atadura que, ao mudar de cor, avisa o momento em que precisa ser trocada. J� cientistas da China estudam o uso de curativos com correntes el�tricas para tratar infec��es sem a necessidade de antibi�ticos.
 

Solu��o desenvolvida na Austr�lia muda de cor para avisar que precisa ser trocada. Na China, pesquisadores incorporam corrente el�trica �s bandagens para tratar infec��es

 
“Atualmente, a �nica maneira de verificar o progresso das feridas � removendo os curativos, uma tarefa dolorosa, arriscada e que d� aos pat�genos a chance de atacar”, afirma ao Estado de Minas Vi Khanh Truong, pesquisador da Universidade de Melbourne, na Austr�lia. Para resolver esse problema, o cientista e sua equipe se dedicaram a desenvolver uma bandagem inteligente, capaz de indicar a hora de ser trocada pela mudan�a de cor. “Se consegu�ssemos observar facilmente que algo est� errado, isso reduziria a necessidade de trocas frequentes de curativos e ajudaria a manter as feridas mais protegidas”, enfatiza Truong.
 
Para essa tarefa, a equipe usou hidr�xido de magn�sio como mat�ria-prima da nova solu��o m�dica. O material � conhecido pelo poder antimicrobiano e antif�ngico, al�m de barato. “Um curativo feito com esse material � bem mais f�cil de produzir do que os feitos � base de prata, que tamb�m s�o usados para melhorar o controle das infec��es. Essas duas mat�rias-primas s�o igualmente eficazes no combate a bact�rias e fungos”, detalham os autores do estudo, publicado na �ltima edi��o da revista especializada ACS Applied Material Interfaces.

O hidr�xido de magn�sio foi sintetizado em nanofolhas 100 mil vezes mais finas do que um cabelo humano, e o produto final incorporado �s fibras de ataduras convencionais. Os especialistas tamb�m adicionaram nanossensores ao material, para que o curativo inteligente conseguisse responder �s mudan�as no pH da superf�cie em que � aplicado apenas com o uso de luz ultravioleta.

“A pele saud�vel � ligeiramente �cida, enquanto as feridas infectadas s�o moderadamente alcalinas. Sob a luz ultravioleta, as nanofolhas brilham intensamente em ambientes alcalinos e desbotam em condi��es �cidas, indicando os diferentes n�veis de pH que marcam os est�gios de cicatriza��o de feridas”, explicam os cientistas.
 
Composto por hidróxido de magnésio e nanossensores, o curativo muda a tonalidade conforme alterações no pH da pele ferida
Composto por hidr�xido de magn�sio e nanossensores, o curativo muda a tonalidade conforme altera��es no pH da pele ferida (foto: RMIT University/Divulga��o)
 

RESULTADOS POSITIVOS Testes iniciais mostram que as nanofolhas de hidr�xido de magn�sio t�m resultados bastante positivos em an�lises feitas com animais, al�m de durabilidade admir�vel. “Normalmente, os curativos antimicrobianos come�am a perder o desempenho depois de alguns dias, mas os estudos mostram que os nossos podem durar at� sete dias”, conta Truong.

Os pesquisadores adiantam que mais pesquisas precisam ser feitas com a nova tecnologia m�dica, mas acreditam que ela pode evoluir r�pido e ser incorporada facilmente �s pr�ticas m�dicas. “Como o magn�sio � muito abundante se comparado � prata, nosso curativo pode ser at� 20 vezes mais barato do que os usados atualmente”, compara Truong.

FACILIDADE Filipe T�rres, membro do Instituto de Engenheiros Eletricistas e Eletr�nicos (IEEE) e especialista em engenharia biom�dica e engenharia eletr�nica da Universidade de Bras�lia (UnB), avalia que os resultados obtidos no trabalho australiano s�o positivos, ainda que experimentais. “� algo inovador, que n�o envolve etapas muito complicadas. Isso faz dessa tecnologia algo palp�vel, que pode evoluir rapidamente. Al�m disso, o hidr�xido de magn�sio � encontrado com facilidade. Us�-lo como base foi uma estrat�gia muito inteligente”, afirma.

Outra grande vantagem do curativo, segundo o especialista brasileiro, � a mudan�a de cor para avisar a troca. “Apenas a exposi��o � luz ultravioleta j� acusa essa necessidade. Isso � algo que � f�cil de ser feito em centros de tratamentos especializados e hospitais, o que facilita bastante o uso. Esse � um crit�rio essencial para que uma tecnologia funcione”, justifica. “Acredito que esse projeto tem tudo pra evoluir, e podemos tamb�m esperar ataduras com sistemas semelhantes, pois essa � uma �rea que tem crescido bastante. A utiliza��o de novos recursos tecnol�gicos para auxiliar a �rea m�dica � algo em que vale a pena ficar de olho”, sugere.

A equipe australiana planeja conduzir mais testes, em parceria com m�dicos e cl�nicas, para fazer ajustes que considerem necess�rios. “Com mais an�lises, esperamos que nossos curativos multifuncionais possam se tornar parte de uma nova gera��o de tecnologias de baixo custo baseadas em magn�sio para tratamento avan�ado de feridas”, diz Truong.


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