
Essa forma de cria��o pode ser caracterizada por comportamentos excessivamente controladores por parte dos pais. Esse comportamento, muitas vezes, � acompanhado de gritos, emo��es reprimidas, di�logos agressivos, agress�es f�sicas e repreens�es psicol�gicas. “Pais muito r�gidos t�m regras inflex�veis, s�o muito exigentes e se empenham em punir e desmerecer os filhos quando suas vontades n�o s�o realizadas da forma que eles queriam”, relata.
Muitos pais e respons�veis t�m um medo muito grande em n�o saber educar e ensinar seus filhos da maneira correta, por isso, podem acabar pecando pela omiss�o ou excesso. A cria��o r�gida provoca traumas e consequ�ncias mentais n�o s� na inf�ncia, mas tamb�m na adolesc�ncia e vida adulta.
Perfeccionismo

Uma crian�a que foi criada com pais exigindo sempre o melhor pode se tornar perfeccionista, j� que precisa sempre alcan�ar sua melhor vers�o em tudo; competitiva de forma exagerada, buscando alcan�ar o mais alto n�vel de rendimento e nunca achar ser o suficiente. “Ela tamb�m resulta em pessoas inseguras, por n�o conseguir atingir objetivos e metas muito altas; ansiosa; com baixa autoestima; falta de controle sobre suas pr�prias responsabilidades; agressividade; passividade e, at� mesmo, apresentar quadros depressivos. N�o quer dizer que todas as crian�as apresentar�o essas caracter�sticas. Mas � bem prov�vel que tenham algumas delas.”
Jaqueline aponta que, muitas vezes, os pais ou respons�veis n�o ir�o perceber ou at� mesmo aceitar que est�o criando seus filhos de uma maneira prejudicial. Nesses casos, cabe as pessoas ao redor tomar alguma atitude. “Professores, familiares e amigos pr�ximos podem perceber as consequ�ncias desse comportamento na forma como as crian�as lidam com as situa��es e atividades do dia a dia. O di�logo � sempre o melhor caminho”, ressalta.
� importante apresentar aos tutores que existem outras formas de educa��o e cria��o, com carinho, paci�ncia e orienta��o que v�o tornar o relacionamento em casa mais harm�nico e que se mostram muito mais eficientes.
Relacionamento
No caso de adolescentes, que j� t�m mais discernimento e conseguem comparar o comportamento manipulador com um comportamento que visa � educa��o, vale analisar algumas situa��es como a invas�o de privacidade, necessidade de gerenciar a vida dos filhos, estimular a depend�ncia a qualquer custo, chantagens emocionais para conseguir o que quer ou enxergar amigos, namorados e outros parentes como rivais, por exemplo.
A psiquiatra afirma ser essencial, al�m do autoconhecimento, contar com a ajuda de um profissional, seja orientador, professor, diretor, psic�logo ou terapeuta.
Muitos pais com comportamento autorit�rios podem se encaixar na categoria de uma pessoa narcisista – tende a ser encantada com a pr�pria imagem ou personalidade e por isso, superior �s pessoas que o cercam. No caso de m�es narcisistas, elas t�m uma imagem distorcida de si pr�pria e acabam exigindo uma admira��o constante e excessiva.
Pais tamb�m podem apresentar esse mesmo comportamento, sempre priorizando os pr�prios interesses e impondo uma grande press�o emocional na vida dos filhos. Vale evidenciar que por tr�s de uma m�e ou pai r�gidos, ou com comportamento manipulador, muitas vezes, existe a hist�ria de uma crian�a/e ou jovem que tamb�m sofreu isso com os pr�prios pais.
Ajuda profissional

A psic�loga Lourdes Maria enfatiza a import�ncia do acompanhamento profissional. “Todos sofremos e lidamos com traumas diariamente, compreend�-los � essencial para que n�o repassemos algum tipo de comportamento prejudicial que tiverem com a gente em algum per�odo das nossas vidas”.
H� quem defenda que uma cria��o r�gida � sin�nimo de firmeza e gera crian�as mais educadas, mas isso n�o � verdade. O autoritarismo extremado dos pais, na maioria das vezes, faz com que seu filho se afaste cada vez mais e passe a fazer as coisas escondidas, como � o caso da advogada Nat�lia Camini. “Eu sentia falta de ter uma presen�a materna e paterna em que pudesse confiar, sentia falta de n�o ter de ‘pisar em ovos’ toda vez que fizesse ou falasse alguma coisa. Foram v�rias as vezes que eu precisei tirar a minha m�er de cima da minha irm�, ou vice-versa. At� o momento que resolvemos nos afastar e sair de casa para tentar recuperar e manter a sanidade mental”, relata.
Nat�lia afirma que invejava a rela��o dos amigos com seus respectivos pais. “� muito dif�cil entender e aceitar que voc� est� naquela situa��o. Com 25 anos de idade eles n�o aceitavam meu namorado e s� podia sair uma vez por semana, eu e minha irm� brinc�vamos que nosso sobrinho de 4 anos vivia mais que a gente.”
Atualmente, Nat�lia est� noiva do ent�o namorado da �poca em que morava com os pais. Essa rela��o abusiva n�o afetava somente a ela, mas todos � sua volta.
A advogada conta que a luta foi e � �rdua, mas que hoje, ela e sua irm� est�o tendo a liberdade que sempre quiseram. “Minha irm� sempre falava uma frase muito bacana: 'Antes de ser pai ou m�e, a pessoa � um ser humano, e todo ser humano � pass�vel de erros'. Ent�o pais, por favor, escutem quando o filho de voc�s relatar algum desconforto, caso contr�rio, eles v�o escolher se afastar para preservar a sa�de mental, como foi no meu caso”, conclui.
Existem meios de mudar essa rela��o e brigar nunca � a melhor sa�da. Entender que muitas vezes seus pais tamb�m tiveram pais r�gidos e que s� conheceram esse tipo de rela��o, ajuda a pensar na melhor abordagem para a mudan�a. Exponha e valide suas pr�prias ideias e necessidades tentando se expressar sempre com muita calma e respeito. Mostre afeto e sensibilidade, respeitando os seus limites e cuidando para que o seu emocional e psicol�gico se mantenha forte nos momentos em que a rela��o est� mais dif�cil.
“A melhor forma de tentar se libertar � por meio da ajuda profissional. � o especialista terapeuta, psic�logo ou terapeuta, que ser� capaz de desfazer qualquer trauma relacionado � cria��o e inf�ncia”, finaliza Jaqueline.
*Estagi�ria sob supervis�o da editora Teresa Caram