Temperos

A pandemia da COVID-19 mostrou a import�ncia de determinados alimentos, principalmente para fortalecer a imunidade e ser uma arma contra sintomas da gripe e outras doen�as sazonais

Epsita M/Pixabay

Que todo alimento na medida certa, no preparo mais adequado e respeitando poss�veis restri��es de cada um s�o verdadeiros aliados da sa�de todos j� sabem.

Mas a pandemia da COVID-19 escancarou, jogou holofote e mostrou a import�ncia de determinados alimentos, principalmente para fortalecer a imunidade e ser uma arma contra sintomas da gripe e outras doen�as sazonais.

A nutri��o adequada � fundamental em qualquer momento da vida e, agora, deve ser levada ainda mais a s�rio e com rigor para que o organismo se mantenha forte e apto para combater doen�as. Alho, cebola, canela e cravo fazem parte de um quarteto e s�o chamados de soldados da sa�de.
 
Maria Cl�udia S. G. Blanco, engenheira-agr�noma da Secretaria de Agricultura e Abastecimento, que atua no Departamento de Extens�o Rural (Dextru), da Coordenadoria de Assist�ncia T�cnica Integral (Cati), de S�o Paulo, destaca esses quatro alimentos que est�o presentes em quase todos os lares e mesas dos brasileiros: “Podemos destacar, por conta de seus altos valores nutricional e medicinal, o cravo e a canela, base da confec��o das compotas de frutas e outros quitutes; bem como o alho e a cebola, temperos obrigat�rios no arroz, feij�o e carne de cada dia, assim como em diversos outros pratos”.

Maria Cláudia Blanco

Maria Cl�udia Blanco, engenheira-agr�noma, destaca que esses alimentos s�o fonte de diversas subst�ncias bioativas de a��o terap�utica

Arquivo Pessoal
 

Conforme Maria Cl�udia, esses alimentos, al�m de temperar os mais diversos pratos, salgados e doces, s�o fonte de diversas subst�ncias bioativas de a��o terap�utica. “Por isso, est�o sendo recomendados pelo Programa de Fitoterapia de Campinas nos servi�os de sa�de integrativa, e futuramente em uma cartilha que ser� distribu�da pela prefeitura municipal , elaborada por uma equipe que conta com m�dica e farmac�utica.”
 
Sandra Maria Pereira da Silva, pesquisadora da APTA Regional de Pindamonhangaba, da Secretaria de Agricultura e Abastecimento do Estado de S�o Paulo, enfatiza que o quarteto da sa�de � considerado tempero, condimento, especiaria, portanto, utilizados em menor quantidade no preparo de alimentos salgados, como o alho e a cebola, e em doces, como o cravo e a canela. Seus benef�cios na alimenta��o s�o in�meros, pois al�m de auxiliar na conserva��o do alimento, aromatizar e dar sabor, t�m propriedades medicinais.
 

A fitoterapia pode auxiliar muito em tempos de pandemia, com medicamentos de base natural, que t�m efeitos comprovados cientificamente

Sandra Maria Pereira da Silva, pesquisadora da APTA Regional de Pindamonhangaba



“Imagine um arroz feito com alho fresco, um refogado acebolado, um doce de ab�bora com cravo e um doce de leite e arroz-doce com canela. Ficam maravilhosos. O alho (Allium sativum) e a cebola (Allium cepa) est�o entre as plantas mais antigas utilizadas como especiaria e como medicinal. Ao alho conferem-se propriedades antiss�pticas, bactericidas, expectorante, diur�tica, para baixar a press�o arterial (hipotensora), inibidor de forma��o de plaquetas, t�nica, entre outras. � cebola conferem-se propriedades tamb�m expectorante, diur�tica, hipotensora, protetor contra colesterol LDL (ruim), c�lculos renais, dores de garganta, rouquid�o e outras doen�as do aparelho respirat�rio. Ou seja, s�o alimentos importantes para tempos de pandemia. Est�o na lista das principais especiarias mediterr�neas.”
 
Ela destaca que o cravo (Syzyium aromaticum) e a canela (Cinnamomum verum), considerados especiarias orientais, s�o tamb�m de uso antigo. Desde tempos muito antigos que se referenciam propriedades estimulantes e afrodis�acas ao cravo, assim como carminativo (auxilia na expuls�o de gases intestinais), analg�sico (dores de dente), tratamento de c�ries e antiss�ptico.

Tamb�m para a canela destacam-se suas propriedades medicinais, como estimulante, estom�tica, carminativa, antidiarreica e adstringente, al�m de lhe atribu�rem a redu��o de colesterol e triglic�rides no sangue. “Essas plantas, ali�s, tornaram-se alimentos, especiarias e medicinais utilizados no mundo inteiro.”

IN NATURA OU INDUSTRIALIZADO


D�vida comum � saber qual a melhor forma de ingest�o dos alimentos para que seus nutrientes sejam preservados e os benef�cios assegurados. In natura, processado ou industrializado? Conforme Sandra Maria, dependendo das condi��es em que essas plantas forem cultivadas, colhidas, beneficiadas e desidratadas, por exemplo, em um processo controlado de secagem em secadoras pr�prias para isso, em que a temperatura n�o ultrapasse os 45°C, a qualidade desse material, em termos nutricionais e de princ�pios ativos, se manter�.
 
Sandra Maria Pereira da Silva , pesquisadora da  APTA

Sandra Maria Pereira da Silva

Arquivo Pessoal
“As c�psulas de alho podem ser a base do bulbo desidratado e mo�do ou de �leo essencial. Inclusive, o alho consta no Formul�rio de Fitoter�picos da Farmacopeia Brasileira, em diferentes formula��es, em que tem indica��es para auxiliar na preven��o de altera��es ateroscler�ticas, auxiliar no al�vio dos sintomas associados �s afec��es das vias a�reas superiores (Ivas) e na congest�o nasal e auxiliar no al�vio de sintomas do resfriado comum. E a c�psula de �leo de alho tem sido prescrita pelos m�dicos como tratamento p�s-covid, para evitar a coagula��o do sangue, que pode causar trombose. A infus�o (ch�) de canela tamb�m consta nesse formul�rio, sendo indicada para auxiliar no tratamento sintom�tico de queixas gastrointestinais leves, tais como c�licas, distens�o abdominal e flatul�ncia, e auxiliar no al�vio sintom�tico da diarreia leve n�o infecciosa”, destaca.
 
Sandra Maria atua com a equipe da rede p�blica de sa�de de Pindamonhangaba, que tem o Programa de Plantas Medicinais e Fitoterapia desde 1990. “No final de 2020, aprovamos um projeto de estrutura��o da Farm�cia Viva para o munic�pio via edital do Minist�rio da Sa�de, que ainda n�o foi implementado porque est� sob an�lise do gestor at� a presente data. A fitoterapia pode auxiliar muito em tempos de pandemia, com medicamentos de base natural, que t�m efeitos comprovados cientificamente. Mas tem que haver orienta��es e treinamentos, tanto para os profissionais de sa�de como para os usu�rios, pois se trata de plantas que t�m princ�pios ativos com atividade biol�gica em nosso corpo.”


CONTRAINDICA��ES


Conforme Sandra Maria, em rela��o �s plantas medicinais e arom�ticas, caso do alho, cebola, canela e cravo, geralmente h� contraindica��es para pessoas al�rgicas, crian�as, lactantes, pessoas com doen�as cr�nicas que usam rem�dios, por exemplo, para controle de press�o alta, diabetes etc., pois pode haver intera��o medicamentosa e causar complica��es. “Mas se consumir esses alimentos de forma moderada, eles auxiliam na manuten��o e promo��o da sa�de, com certeza.”
 
Esse quarteto � t�o importante, que tem seus benef�cios confirmados no Formul�rio de Fitoter�picos da Farmacopeia Brasileira, da Ag�ncia Nacional de Vigil�ncia Sanit�ria (Anvisa), al�m de literaturas especializadas. E voc� pode acessar o Formul�rio de Fitoter�picos – Farmacopeia Brasileira – Segunda Edi��o 2021 da Anvisa com informa��es completas no link . E acompanhar as informa��es de Maria Cl�udia Blanco, que tamb�m faz parte do grupo Saberes � Luz do Sol, respons�vel pela Semana de Fitoterapia de Campinas, e especialista em plantas medicinais e arom�ticas.

 
CONHE�A O QUARTETO SAUD�VEL 

 
1 – ALHO

Alho

Alho

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Nome cient�fico: Allium sativum L.
Nomes populares: alho-comum; alho-bravo, alho-hortense
Indica��es terap�uticas principais (uso interno): antimicrobiano, antif�ngico, antiviral, expectorante, antioxidante, imunoestimulante, antiespasm�dico e antitromb�tico. Atua como coadjuvante no tratamento de bronquite cr�nica, asma, sintomas de gripes e resfriados. Coadjuvante no tratamento da hiperlipidemia e hipertens�o arterial leve a moderada, auxiliar na preven��o da aterosclerose.
Posologia e forma de preparo (uso interno): macera��o de 1 colher de caf� (0,5g) do bulbo do alho para 1 c�lice (30ml) de �gua. Tomar duas vezes ao dia, antes das refei��es.
Observa��o: o uso terap�utico prolongado do alho pode ter contraindica��es, por isso fale com um profissional da sa�de antes de se medicar. Como alimento, n�o tem contraindica��o, mas o calor diminui seus compostos bioativos, por isso prefira consumi-lo cru

2 – CEBOLA

Cebola

Cebola

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Nome cient�fico: Allium cepa L.
Nome popular: cebola
Indica��es terap�uticas principais (uso interno): antimicrobiana e anti-inflamat�ria. Expectorante (bronquite e estados gripais). Fonte de vitaminas A, B e principalmente C
Posologia e forma de preparo (uso interno): suco com 3 a 5 colheres de sopa (9 a 15g) do bulbo picado para 1 x�cara de ch� (150ml) de suco de lim�o com mel.
Observa��o: a cebola, quando muito cozida e frita, perde quase a totalidade do seu valor curativo e nutritivo, pois perde a vitamina C e os demais nutrientes, restando basicamente o sabor

3 – CRAVO-DA-�NDIA

Cravo

Cravo

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Nome cient�fico: Syzygium aromaticus (L.) Merr.et Perry
Nomes populares: cravo-de-odor, craveiro-da-�ndia, cravo-de-cabecinha
Indica��es terap�uticas principais (uso interno): antiespasm�dico, carminativo (combate gases intestinais), antiagregante plaquet�rio, antioxidante, antimicrobiano
Posologia e forma de preparo (uso interno): infus�o de 3 colheres de caf� (1,5g) para 1 x�cara de ch� (150ml) de �gua. Tomar duas a tr�s vezes ao dia. Indica-se acrescentar mel
Observa��o: n�o h� relatos de contraindica��es, a n�o ser a pessoas al�rgicas

4 – CANELA

Canela

Canela

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Nome cient�fico: Cinnamomum verum Blume
Nome popular: canela
Indica��es terap�uticas principais (uso interno): classificada como planta "quente", tem propriedades anti-inflamat�ria, t�nica, adstringente e antimicrobiana em afec��es do aparelho respirat�rio, com poss�vel atividade no sistema imune e carminativa (flatul�ncia). Por suas propriedades, pode ser utilizada no controle de sintomas de gripes, resfriados, estados febris, tosse e afec��es de vias respirat�rias. Como antial�rgica, pode ser usada em rinites, especialmente as provocadas por frio e umidade; dores no est�mago; flatul�ncia e n�useas
Posologia e forma de preparo (uso interno): decoc��o (canela em pau) – 1 colher de sobremesa (2g) de casca seca para 1 x�cara de ch� (150ml) de �gua. Tomar 1 vez ao dia (de prefer�ncia � noite, ao deitar-se). Por infus�o (canela em p�) – 1 colher de caf� (0,5g) de canela em p� para 1 x�cara de ch� (150ml) de �gua. Esfriar e coar. Tomar uma vez ao dia (de prefer�ncia � noite, ao deitar-se).
 
RECEITAS*

Manteiga de alho

Manteiga de alho, saborosa e saud�vel

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De forma a disponibilizar compostos bioativos que podem fortalecer a imunidade, � importante a inclus�o desses condimentos na alimenta��o di�ria. Nada como inserir no card�pio algumas receitas culin�rias

1 – Manteiga de alho

Ingredientes: 100g de manteiga, 1 colher (sobremesa) cheia de alho amassado e 3 colheres (sobremesa) de salsa picada, bem fininha
Preparo: deixar a manteiga em temperatura ambiente, depois bater at� ficar cremosa. Misturar o alho amassado e a salsa picadinha. Embrulhar em filme pl�stico e levar � geladeira por 20 minutos. Fazer um rolinho ou moldar no formato que desejar. Conservar em geladeira por at� 45 dias ou no freezer por at� seis meses

2 – Biscoitos da Alegria de Sta. Hildegarda de Bingen

Ingredientes: 400g de farinha de trigo espelta ("�peautre"), que pode ser substitu�da por farinha de trigo integral, 250g de manteiga, 150g de a��car mascavo (diab�ticos devem preparar sem a��car), 200g de am�ndoas (mo�das ou trituradas), 1 colher (sopa) de canela em p�, 1 colher (caf�) de cravo (mo�do ou triturado), 1 colher (caf�) de noz-moscada ralada, 2 ovos, 1/4 de colher (caf�) de sal e �gua (de acordo com o que for preciso)

Preparo: colocar a farinha sobre a mesa de trabalho, m�rmore ou bacia larga. Acrescentar a manteiga derretida ou cortada em pequenos peda�os, depois o a��car, as am�ndoas, os ovos e as especiarias. Misturar tudo muito bem, depois amassar rapidamente e deixar em lugar fresco (ou na geladeira) por cerca de 30 minutos. Depois desse tempo, abrir a massa com 2 a 3mm de espessura e cortar em pequenas bolachas ou no formato desejado. Levar ao forno em uma assadeira forrada com papel-manteiga, por cerca de 20 a 25 minutos, a 180-200°C

3 – Vinho quente

Ingredientes: 2 peda�os de canela em pau, 6 cravos-da-�ndia, 1 e ½ x�cara de a��car, 2 x�caras de �gua quente, 1 garrafa de vinho tinto e 2 ma��s descascadas e picadas

Preparo: em uma panela, coloque o a��car, a canela e o cravo-da-�ndia, leve ao fogo e quando come�ar a derreter coloque a �gua quente e mexa um pouco, adicione o vinho e quando levantar fervura acrescente as ma��s e deixe cozinhar em fogo baixo por cerca de 10 minutos, mexendo de vez em quando. Ap�s esse per�odo, desligar o fogo e servir quente. Opcional: colocar algumas tiras de casca de laranja para aromatizar

*Fonte: Maria Cl�udia S. G. Blanco, engenheira-agr�noma da 
Secretaria de Agricultura e Abastecimento de S�o Paulo