(none) || (none)
Publicidade

Estado de Minas MATERNIDADE

Desafios das m�es de primeira viagem

Em meio a um turbilh�o de emo��es desde o contato inicial com o filho, elas falam sobre medos, inseguran�as, aprendizados e a li��o de amor


03/04/2022 04:00 - atualizado 31/03/2022 11:48

Larissa Emanuelly
Larissa Emanuelly, de quatro meses, � a primeira filha de Michelle Campbell, de 26 anos, e de Lucas Henrique Guimar�es, de 27 (foto: Marcos Vieira/em/d.a press)
Um sopro de leveza em um mundo tumultuado. Quando nasce uma vida, � como renovar a esperan�a. O ser que chega � um livro em branco pronto para receber uma nova hist�ria, escrita a cada momento. O olho no olho, a descoberta do afeto, imediatamente, o encantamento da novidade que significa tudo o que � percebido, a todo pormenor.

� comum ouvir que, quando um filho chega, tamb�m surgem uma m�e e um pai. Mas ser m�e e pai � um verdadeiro desafio, principalmente pela primeira vez. Saber se comunicar com o rebento, compreend�-lo, � um aprendizado di�rio. E nada � t�o simples assim. O que fica mesmo, ao fim das contas, � uma li��o de amor. E para sempre.
 
A pequena Larissa Emanuelly tem quatro meses. � a primeira filha da promotora Michelle Campbell, de 26 anos, e do coordenador de el�trica Lucas Henrique Guimar�es, de 27. Ela diz que ser m�e de primeira viagem � um turbilh�o de emo��es, desde a constata��o da gravidez.

"Quando descobri, senti um amor incondicional, mas tamb�m medo e inseguran�a. Tudo � novo. A cada ultrassom, a cada exame, as ora��es para que tudo desse certo. A ansiedade para saber o sexo, depois conhecer minha beb�, o pr�prio medo do parto, sempre rezando para que tudo ocorresse da melhor maneira poss�vel", relata Michelle.
 

Nos mudamos para receber nossos filhos e cada um tem suas particularidades, nenhum � igual ao outro. Ent�o, vamos aprendendo como conviver e lidar com cada um

Marjorie Lobato, de 38 anos, enfermeira

 
 
Para ela, outro desafio foi aprender a lidar com as mudan�as no corpo, as altera��es hormonais, os enjoos, a falta de ar e as dores nas costas. Tudo isso foi amenizado pelo apoio do marido e do obstetra que acompanhou a gesta��o. Michelle conta que o m�dico, Paulo Boy, com todo o seu conhecimento, a fez entender que todos esses s�o problemas comuns na gravidez, e que tudo ficaria bem.

"Depois que conheci minha princesa, mais um turbilh�o de emo��es. Conhecer aquela coisinha t�o pequena e saber que era t�o dependente de mim era sinal de que a Michelle j� n�o pensava mais s� nela. A partir de agora, a Michelle e o Lucas Henrique eram respons�veis por uma crian�a que necessita de cuidados", diz.
 
E a cada dia, mais descobertas e novos desafios. O banho, a amamenta��o, as c�licas, os dias das vacinas, e muito mais. "Descobri que sou uma mulher mais forte do que pensava. Nasceu tamb�m uma nova mulher e uma m�e. Senti que estava preparada para receber essa nova vida e muito alegre por realizar o sonho de ter minha filha nos bra�os. A gente nunca est� pronta, mas quando chega o dia, ganha uma for�a inexplic�vel."
 
De repente, como conta Michelle, tudo come�a a fluir. A adapta��o a hor�rios, as noites em claro, e tudo acaba se resolvendo. "Aprendi a me comunicar com ela. A cada choro, sei exatamente o que ela quer, � inexplic�vel. S� quem � m�e sabe. Cada sorriso que ela me oferece pela manh�, me olhando no novo dia que come�a, me faz sentir mais forte e realizada. � um amor sem fim", diz, lembrando que n�o se esquece de reservar um tempo tamb�m para se cuidar.
 
"Sem meu esposo acredito que tudo seria mais dif�cil", acrescenta ela, que ainda est� no per�odo da licen�a-maternidade. "Ainda bem que minha empresa me oferece seis meses de afastamento. Assim, a Larissa estar� maior e menos dependente de mim quando eu voltar a trabalhar."

PREPARA��O


Tornar-se pais n�o � natural e instintivo como muitos preconizam. � preciso se preparar para uma nova empreitada e, como tudo na vida, exige estudo e dedica��o. � o que diz Marjorie Lobato, de 38, enfermeira � frente da empresa Maternar, criada em 2017 para oferecer atendimento multidisciplinar �s fam�lias no pr�prio lar.

O foco inicial no bin�mio m�e/beb� se estendeu ao acolhimento de todo o n�cleo familiar, e o trabalho agora tamb�m rende um canal especial no Instagram. "Nasce um filho e tamb�m nascem os pais." Para Marjorie, uma frase mais do que verdadeira. Ela ousa dizer mais – quando nasce o segundo ou o terceiro filho, nascer�o mais uma vez uma nova m�e e um novo pai.
 
"Nos mudamos para receber nossos filhos e cada um tem suas particularidades, nenhum � igual ao outro. Ent�o, vamos aprendendo como conviver e lidar com cada um." O primeiro filho, ela observa, pode at� sofrer um pouco mais, porque os pais est�o inseguros com coisas simples, como banho, troca de fralda, colocar para arrotar. Mas no segundo essas a��es j� est�o internalizadas, o que, para Marjorie, mesmo assim n�o significa que ser� mais f�cil.
 
"Voc� pode ter amamentado seus dois primeiros filhos e ter dificuldade no terceiro, ou o sono do primeiro foi tranquilo e para o segundo terr�vel. Renascemos a cada filho, e isso � maravilhoso. Mas um conselho que dou para pais de primeira ou segunda viagem � que estudem, leiam sobre a cria��o de filhos, amamenta��o, puerp�rio, exterogesta��o."
 
A enfermeira considera que um filho representa desafios diferentes para a mulher, para o homem e, caso j� exista outro filho, para a crian�a tamb�m. Quando o assunto � o primog�nito, para Marjorie pode soar estranha a ideia, para a mulher, de n�o ser mais dona de si mesma.

PRIORIDADE

A gravidez, ela pontua, j� demonstra essa falta de controle sobre algumas situa��es e, depois do parto, � um tapa na cara atr�s do outro, em suas palavras. N�o se pode mais planejar as coisas, estipular hor�rios, fazer planos a longo prazo – tudo gira em torno daquele serzinho. "Se ele dormiu bem, a gente dorme bem e consegue ter mais �nimo no dia seguinte. Se ele est� disposto, n�s tamb�m ficamos mais dispostas, e por a� vai. Entenda, estamos falando de rec�m-nascidos. N�o significa que ditar�o as regras sempre, mas neste momento, sim, � a prioridade", afirma.
 
A mulher passa por uma mudan�a hormonal brusca com a sa�da da placenta, o que a deixa mais sens�vel, insegura e chorona, mas isso n�o significa que ela esteja com depress�o p�s-parto – s�o os chamados baby blues, ensina Marjorie. Em alguns momentos, a m�e se sente forte e segura para cuidar do beb�, como se soubesse exatamente o que est� fazendo, mas em outros momentos ter� medo at� de dar banho ou trocar uma fralda.
 
"Para a mulher, pesa muito tamb�m descobrir quem � que nasceu junto ao beb�. O parto representa o renascimento da mulher, pode ser considerado um rito de passagem, pois � imposs�vel ser a mesma pessoa ap�s aquela loucura de horm�nios e sentimentos", diz Marjorie. Mesmo quem n�o viveu a experi�ncia do trabalho de parto, continua, sente essa mudan�a.
 
"Voc� se v� com beb� no colo e pensa: ‘Como ser� minha vida daqui pra frente? Eu conseguirei ser aquela mesma pessoa de antes?’. E a resposta sempre ser� n�o, e n�o d� mesmo. Quando essa ficha cai, vem outro grande desafio: o sentimento de n�o pertencimento, de nos sentirmos deslocadas com a gente mesma. Os tr�s primeiros meses s�o mais intensos e, quando olhamos para fora daquele bin�mio m�e/filho, queremos saber quem somos n�s", declara.
 
O homem, segundo a enfermeira, tamb�m de depara com desafios nesse momento. Mesmo que as situa��es n�o sejam t�o viscerais e hormonais como acontece com as mulheres, ainda assim � preciso ter um olhar atento para eles. Se viver o parto � uma forma da mulher se entregar ao descontrole do pr�prio corpo e da sua vida, carregar um filho pela primeira vez � a montanha-russa masculina.
 
"Suas cobran�as s�o diferentes." O homem tamb�m sente o impacto da mudan�a do ritmo da casa – n�o existe mais o casal, mas o pai, a m�e e o beb�. "Seus desejos n�o ser�o mais prioridade e s� Deus sabe quando isso vai voltar", diz Marjorie. O homem, ela ensina, quando se envolve nos cuidados com o filho acaba produzindo uma quantidade maior de ocitocina, horm�nio do amor e do afeto, e consequentemente diminui os n�veis de testosterona, horm�nio que o faz sentir desejo sexual e agir de maneira impulsiva. "Aos poucos as pe�as v�o se encaixando e vamos descobrindo como � viver a tr�s."
 
 


receba nossa newsletter

Comece o dia com as not�cias selecionadas pelo nosso editor

Cadastro realizado com sucesso!

*Para comentar, fa�a seu login ou assine

Publicidade

(none) || (none)