
o estudo, publicado em 4 de maio no jornal cient�fico Jama Network Open (e que voc� pode ler na �ntegra neste link), comprovou o que os profissionais viram no centro m�dico da unidade em que trabalham. “Durante os primeiros meses da pandemia, meus colegas e eu vimos um n�mero crescente de pacientes sendo tratados por condi��es agudas relacionadas ao uso de �lcool na unidade de terapia intensiva (UTI) e em todo o centro m�dico”, disse Yee Hui Yeo, autor principal do estudo.
De acordo com os m�dicos pesquisadores,“Tamb�m tomamos conhecimento de relatos de outros centros sobre complica��es relacionadas ao uso elevado de �lcool. Isso nos levou a pensar que talvez esta tenha sido, e ainda seja, uma crise significativa de sa�de p�blica”, acrescentou.
Para atestar se os casos observados no dia a dia era uma realidade nacional, os pesquisadores recorreram a um m�todo de proje��o e compara��o. Primeiro, fizeram uma proje��o das mortes que ocorreriam em 2020 e 2021 por complica��es do uso abusivo de �lcool, com base nos �bitos por este motivo registrados entre 2012/13; 2014/15; 2016/17 e 2018/2019.
As informa��es foram extra�das do banco de dados dos Centros de Controle e Preven��o de Doen�as, uma plataforma que cobre mais de 99% das mortes dos EUA. Em seguida, os cientistas compararam o n�mero de mortes esperadas pelo que chamaram de transtorno por uso de �lcool para os anos de 2020 e 2021 com o real registro de �bitos neste per�odo pelo mesmo motivo.
O resultado foi um aumento geral na mortalidade por �lcool ou por doen�as provocadas pela bebida, em todas as idades e g�neros durante a pandemia. Em 2020, as taxas de mortalidade aumentaram 24,79%; j� em 2021, o aumento foi de 21,95% do que era projetado para esses anos.
Apesar dos falecidos entre 25 a 44 anos serem os mais jovens com mortes registradas — comparados aos de 45 a 64 anos e de mais de 65 anos — foi nessa faixa et�ria que as mortes mais aumentaram nos dois primeiros anos da pandemia. Em 2020, foi registrado 40,47% a mais e, em 2021, 33,95% do que era o esperado.
Para o autor do estudo, as taxas de mortalidade podem ser ainda maiores. “Sabemos que o transtorno por uso de �lcool � frequentemente subnotificado, ent�o as taxas reais de mortalidade relacionadas ao uso de �lcool podem ser ainda maiores do que as relatadas”, disse Yeo.
Estudo � importante para formula��o de pol�ticas p�blicas, diz pesquisadores
Para classificar os �bitos como transtorno por uso de �lcool, os pesquisadores utilizaram um guia m�dico chamado Manual Diagn�stico e Estat�stico de Transtornos Mentais, que categoriza o transtorno.
De acordo com o documento, uma pessoa tem o transtorno por uso de �lcool quando “leva a preju�zo ou sofrimento clinicamente significativo manifestado por uso recorrente da bebida que resulta em descumprimento de obriga��es na escola, no trabalho ou em casa”.
Os pesquisadores tamb�m analisaram a rela��o do transtorno com o perfil socioecon�mico da v�tima. A descoberta foi que a maioria deles pertencem a classes sociais que n�o t�m poder aquisitivo suficiente para ter acompanhamento m�dico, o que dificultou o acesso a tratamentos de doen�as ocasionadas pelo �lcool.
Na pandemia, os m�dicos afirmam que os lockdowns e o direcionamento das instala��es m�dicas apenas para a covid-19 afetaram o tratamento das pessoas com o transtorno. “Ao publicar este artigo, queremos que todos, especialmente formuladores de pol�ticas e m�dicos na linha de frente, saibam que, durante a pandemia, houve realmente um aumento significativo nas mortes relacionadas ao uso de �lcool”, disse Yeo.
“Nossos achados sugerem que efeitos indiretos da pandemia, como pol�ticas de perman�ncia em casa e recursos m�dicos e sociais reduzidos para pacientes com transtornos por uso de �lcool, sugere o excesso de mortes”, acrescenta.
“Queremos garantir que os pacientes que procuram tratamento por uso de �lcool ou subst�ncias tenham acesso a cuidados de acompanhamento para evitar complica��es secund�rias. Subgrupos com alta vulnerabilidade demandam estrat�gias personalizadas para preven��o e interven��o de pessoas com esse transtorno para combater essa crise de sa�de p�blica”, conclui o m�dico.