"Escolher um modelo te�rico e respeitar a singularidade do sujeito s�o os primeiros passos do processo terap�utico"
Roselene Wagner, psic�loga
Repercutiu nas �ltimas semanas o caso envolvendo o ator S�rgio Hondjakoff, que enfrenta problemas relacionados ao uso de drogas. Em v�deo que viralizou nas redes sociais, ele chegou a amea�ar o pr�prio pai. O fato joga luz sobre esse fen�meno t�o complexo, inserido em um contexto de igual complexidade, em fun��o da quantidade de vari�veis que nele interferem e que, ao mesmo tempo, por ele s�o influenciadas.
Conforme a psic�loga Roselene Wagner, especialista em diversos transtornos, o tratamento, portanto, deve ser planejado considerando-se in�meras condi��es e objetivando a obten��o de desfechos mais positivos para o dependente em quest�o.
“Cada indiv�duo carrega sua hist�ria. Escolher um modelo te�rico e respeitar a singularidade do sujeito s�o os primeiros passos do processo terap�utico. Mas � preciso pensar que, no meio art�stico, com toda a demanda em busca de tornar-se uma celebridade, h� uma maior necessidade de aten��o quanto � sa�de mental, acompanhamento psicol�gico para lidar com tanta exposi��o, bem como rejei��o, frustra��o, ou mesmo com obten��o da fama repentina, �s vezes mete�rica que n�o se sustenta, ou at� uma const�ncia, que pode lev�-lo ao sucesso, ao estrelato”, alertou.
“Doutora Leninha”, como � mais conhecida, diz que o palco que muitos conseguem pisar, com toda luz e gl�ria, nem sempre corresponde aos bastidores desafiadores e por vezes obscuros.
O tratamento, no caso de depend�ncia qu�mica, ainda segundo a especialista, exige que se observe o paciente em sua individualidade, e o cl�nico que atua nessa �rea n�o deve desviar-se de seu objetivo principal: auxiliar o indiv�duo, buscando modificar os comportamentos que facilitam a manuten��o da depend�ncia.
AJUDA
“Para isso, devemos utilizar ferramentas terap�uticas que apresentem resultados baseados em evid�ncias. Entre as principais abordagens de tratamento est�o o manejo farmacol�gico, as interven��es psicoter�picas, o suporte oferecido nos grupos de m�tua ajuda (tanto para dependentes quanto para familiares), as a��es integradas nas interna��es volunt�rias e involunt�rias em cl�nicas especializadas, nas moradias assistidas ou em comunidades terap�uticas formadas por leigos conhecedores do problema e de seu manejo (hoje com crescente especializa��o)”, aponta.
Para a especialista, a experi�ncia mostra que a combina��o das v�rias abordagens oferece ao paciente uma aten��o customizada, atendendo-o naquilo que ele mais precisa.
Conceitos sobre o consumo de subst�ncias psicoativas
Leninha aponta ainda que sobre um consumidor de �lcool e/ou outras drogas � necess�rio saber de que forma ele faz o uso da subst�ncia. Nem todos os abusadores se tornar�o dependentes. O uso nocivo pode ser t�o perigoso quanto determinados casos de depend�ncia, e o uso espor�dico pode ser ainda mais perigoso.
“Como um jovem que bebe em grandes quantidades apenas nos fins de semana e que dirige alcoolizado por exemplo, pode se tornar um perigo maior para ele pr�prio e para a sociedade do que um alcoolista cr�nico que n�o dirige?”, questiona.
� importante saber de que forma o consumidor de �lcool e outras drogas faz uso das subst�ncias
pixabay
Segundo ela, as distin��es entre uso, abuso e depend�ncia, embora n�o sejam muito n�tidas, podem ser explicadas da seguinte maneira:
Uso: seria experimentar ou consumir esporadicamente ou de forma epis�dica, n�o acarretando preju�zos por conta disso.
Abuso ou uso nocivo: no consumo abusivo, h� algum tipo de consequ�ncia prejudicial, seja social, psicol�gica ou biol�gica.
Depend�ncia: ocorre a perda do controle no consumo, e os preju�zos associados s�o mais evidentes.
“Essa s�ndrome se organiza dentro de n�veis de gravidade e n�o como um absoluto categ�rico: n�o h� um sintoma caracter�stico, mas uma s�rie de sintomas que consideram sua intensidade ao longo de um cont�nuo de gravidade”, completa.
Ela menciona tamb�m que a s�ndrome de depend�ncia � moldada por outras influ�ncias capazes de predispor, potencializar ou bloquear suas manifesta��es. Nesse caso, o padr�o de consumo dos indiv�duos � moldado por uma s�rie de fatores de risco e de prote��o, entre eles fatores individuais, ambientais, culturais, familiares, profissionais, educacionais e sociais, al�m do tipo de subst�ncia utilizada.
Para Leninha, a depend�ncia qu�mica caracteriza-se por um padr�o de consumo compulsivo da subst�ncia psicoativa. “Saiba recusar, diga n�o; N�o se feche em seus problemas; Converse, busque ajuda; Cuide de seu sono; Aten��o � sua alimenta��o; Pratique esportes; Busque ajuda profissional sempre que precisar”, argumenta.
“A depend�ncia qu�mica � uma doen�a comportamental, significa dizer, que se retiramos o comportamento, subtra�mos tamb�m a doen�a. Mas a facilidade com que adquire-se o h�bito nocivo de prazer (irreal) imediato n�o condiz com a dificuldade de retir�-lo e as perdas significativas e reais produzidas a longo prazo”, emendou.
Para a especialista, a preven��o � sempre mais inteligente e menos onerosa do que a corre��o, por meio de um longo processo de tratamento e recupera��o.
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