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Estado de Minas SA�DE

C�ncer: 4 novidades que podem revolucionar tratamento da doen�a

O maior congresso de oncologia do mundo trouxe avan�os importantes que, na avalia��o dos m�dicos, v�o modificar a forma como se lida com alguns tipos de tumores


26/06/2022 18:23 - atualizado 26/06/2022 23:56

Mulher com véu na cabeça
Tratamento de alguns tumores est� passando por uma verdadeira revolu��o nos �ltimos dez anos (foto: Getty Images)
Todos os anos, dezenas de milhares de m�dicos de v�rias partes do mundo se re�nem na cidade de Chicago, nos Estados Unidos, para conhecer as �ltimas novidades no diagn�stico e tratamento do c�ncer.

 

Em 2022, as novidades apresentadas no Encontro da Sociedade Americana de Oncologia Cl�nica deixaram m�dicos e pacientes especialmente esperan�osos.

Na avalia��o dos especialistas, as pesquisas divulgadas nesta edi��o trazem avan�os importantes que mudam a perspectiva do combate a diversos tipos de tumores.

 

Entenda a seguir o que os principais avan�os anunciados agora podem significar para o tratamento do c�ncer.

C�ncer de mama: rem�dio beneficia um n�mero bem maior de pacientes

O rem�dio trastuzumabe � utilizado no tratamento do c�ncer de mama h� d�cadas.

 

 

 

Por�m, apesar dos bons resultados, sempre teve uma limita��o: s� podia ser prescrito para pacientes com tumores que expressam bastante um gene chamado HER2, algo checado por meio de um exame.

 

Mas isso agora mudou: uma das grandes novidades do congresso foram os resultados do estudo sobre a droga trastuzumabe deruxtecan.

 

"Assistimos � chegada de um rem�dio revolucion�rio", diz o m�dico oncologista Romualdo Barroso, coordenador de pesquisa no Hospital S�rio-Liban�s em Bras�lia.

 

"Depois de muitos anos sem grandes novidades, temos uma nova op��o terap�utica que aumenta a sobrevida (mais tempo de vida) das pacientes."

 

Segundo Barroso, o novo rem�dio funciona como um cavalo de Troia (ou seja, ele parece ser uma coisa, mas funciona como outra).

 

O trastuzumabe � um anticorpo monoclonal, um tipo de rem�dio que pode ser usado tanto para prevenir quanto para tratar doen�as. No caso do c�ncer de mama, ele se liga aos receptores que est�o na superf�cie das c�lulas cancerosas.

 

Isso tem dois efeitos principais. O primeiro deles � "chamar a aten��o" do sistema imunol�gico, que passa a enxergar o c�ncer como uma amea�a e dispara uma s�rie de a��es para combat�-lo.

 

O segundo � permitir que o deruxtecan (a segunda parte do medicamento) "invada" as c�lulas doentes. Ele � um rem�dio quimioter�pico potente, que destr�i o tumor de dentro pra fora.


Anticorpo monoclonal
Anticorpos monoclonais s�o fabricados em laborat�rio para 'grudar' na superf�cie dos tumores e disparar um contra-ataque (foto: Getty Images)

 

Mas a novidade vai al�m do funcionamento: o novo rem�dio funciona bem at� em pacientes com tumores que expressam menos o gene HER2.

 

Isso significa na pr�tica que mais pessoas que pode se beneficiar desse rem�dio. Quase sete em cada dez pacientes, estima Barroso.

 

O medicamento, que � aplicado na veia a cada 21 dias, ainda depende da aprova��o das ag�ncias regulat�rias para ser usado nos hospitais.

 

Num primeiro momento, poder� ser empregado como uma segunda linha de tratamento, ou seja, quando as primeiras op��es falharam e a doen�a se espalhou para outras partes do corpo (processo conhecido como met�stase).

 

Segundo Barroso, � prov�vel que, ao longo do tempo, se torne uma op��o tamb�m para tumores em fases iniciais.

 

Mas Barroso lamenta que os tratamentos mais modernos contra o c�ncer n�o cheguem direito � rede p�blica de sa�de (SUS) no Brasil.

 

"Quem tem conv�nio at� consegue obter as medica��es endovenosas [aplicadas na veia], mas os 80% de pacientes que dependem do SUS n�o t�m acesso", aponta.

 

"H� um abismo entre o que � oferecido nas redes p�blica e privada."

C�ncer de reto: medicamento com resultados surpreendentes (at� para m�dicos)

Imagine um medicamento que consegue fazer uma doen�a desaparecer em todos os pacientes do estudo realizado para analisar se ele funciona ou n�o.

 

Naturalmente, um resultado positivo desses chama aten��o de quem n�o � especialista da �rea.

 

"Mas, mesmo para n�s, m�dicos, � muito surpreendente", diz a oncologista Rachel Riechelmann, diretora do Departamento de Oncologia Cl�nica do A.C. Camargo Cancer Center, em S�o Paulo.

 

Foi exatamente o que aconteceu em um teste do dostarlimabe para o tratamento de c�ncer de reto (o trecho final do intestino). Ele j� � usado para outros tumores, como os que afetam o endom�trio (tecido que recobre o �tero).

 

O dostarlimabe faz parte da classe das imunoterapias, que estimulam o sistema imune a atacar o tumor.

 

A pesquisa envolveu 12 pacientes que foram acompanhados por seis meses. Ao final, todos n�o tinham mais qualquer evid�ncia de tumor no organismo.

 

Isso evitou que precisassem partir para tratamentos mais agressivos, como cirurgia, radioterapia ou quimioterapia.


Ilustração de tumores no reto
Tumores que aparecem no reto eram tratados com cirurgia, radioterapia ou qu�mio (foto: Getty Images)

 

Embora o resultado seja impressionante, � preciso fazer algumas pondera��es.

A primeira tem a ver com o tempo de acompanhamento. "Os seis meses de avalia��o s�o um per�odo curto. Pode ser que a doen�a reapare�a em alguns anos depois", analisa Riechelmann.

 

Em segundo lugar, o dostarlimabe s� funciona em um grupo restrito de pacientes que t�m tumores que apresentam uma caracter�stica descrita como "instabilidade de microssat�lites". Estima-se que cerca de 1% dos casos de c�ncer de reto se encaixam nesse crit�rio.

 

Enquanto o rem�dio n�o � aprovado para o novo uso, as pesquisas continuam, at� para saber por quanto tempo os pacientes realmente vivem sem esse tumor.

 

"Mas os resultados iniciais foram t�o bons que nem faz mais sentido comparar essa imunoterapia com o que era usado antes, como qu�mio e radioterapia", diz Riechelmann.

 

"� um tratamento que se mostrou melhor e menos t�xico", conclui.

C�ncer colorretal: exame evita quimioterapia desnecess�ria

Geralmente, congressos internacionais de oncologia trazem avan�os relacionados a novas ferramentas, m�todos de diagn�stico e, claro, medicamentos.

 

Por�m, neste ano, um trabalho sobre c�ncer colorretal (que afeta partes do intestino grosso) recebeu destaque justamente por seguir no caminho contr�rio: reduzir o n�mero de interven��es �s quais o paciente precisa se submeter.

 

Um grupo de pesquisadores de institui��es australianas avaliou um exame que detecta pedacinhos de DNA do tumor que aparecem na circula��o sangu�nea. O m�todo � conhecido como "bi�psia l�quida".

 

Mas o que isso tem a ver com o c�ncer colorretal? Pacientes diagnosticados com essa doen�a geralmente passam por uma cirurgia para remover a parte afetada do intestino.

 

Ap�s a recupera��o, por�m, o m�dico fica sempre em d�vida se restou alguma parte do tumor, mesmo que microsc�pica, no organismo do paciente. Caso tenha sobrado, a doen�a pode voltar a crescer e at� se espalhar pelo corpo.

Por via das d�vidas, muitas pessoas s�o submetidas a uma quimioterapia ap�s a cirurgia para eliminar qualquer c�lula tumoral que tenha ficado pelo caminho.

Isso diminui o risco de recidivas, mas submete os pacientes a uma terapia pesada, que pode ter efeitos colaterais.

 

� a� que entra o novo exame: ao detectar os pedacinhos de DNA do tumor, determina quem realmente precisa da segunda rodada de tratamento.

 

"Se o resultado da bi�psia l�quida der positivo, ele vai pra qu�mio. Se der negativo, n�o precisa", resume o oncologista Rodrigo Dienstmann, diretor m�dico do Oncocl�nicas Precision Medicine, em S�o Paulo.


Tubos de sangue com uma etiqueta escrita 'biópsia líquida'
A bi�psia l�quida ajudar� a guiar futuros tratamentos contra o c�ncer, apontam m�dicos (foto: Getty Images)

 

No estudo que validou a t�cnica, 455 volunt�rios foram divididos em dois grupos. Os primeiros 302 fizeram a bi�psia l�quida logo ap�s a cirurgia. Com os 153 restantes, o m�dico decidiu se partia ou n�o para a qu�mio.

 

"Naqueles que fizeram bi�psia l�quida, 15% foram para a qu�mio depois. Nos demais, 28%", informa Dienstmann.

 

"Ou seja: foi poss�vel reduzir a aplica��o de quimioter�picos pela metade e obter o mesmo resultado de sobrevida dos pacientes", compara.

"A bi�psia l�quida tem um potencial revolucion�rio", analisa o m�dico.

C�ncer de p�ncreas: esperan�a de tratamento de sucesso

O adenocarcinoma de p�ncreas talvez figure no topo da lista de tumores com pior progn�stico.

 

"Esse c�ncer tem uma mortalidade alt�ssima. Cerca de 90% dos pacientes n�o sobrevivem por cinco anos, mesmo quando o diagn�stico � precoce", diz o m�dico Paulo Hoff, presidente da Oncologia D'Or.

 

Nos �ltimos dez anos, as mudan�as no tratamento desta doen�a se resumiram � chegada de novos quimioter�picos — os avan�os relacionados aos rem�dios mais modernos e menos agressivos, como os imunoter�picos e os anticorpos monoclonais, n�o chegaram a beneficiar no caso desta doen�a que acomete o p�ncreas.

 

Mas uma nova possibilidade se abriu: durante o congresso americano de oncologia deste ano, foram apresentados os primeiros testes que utilizam um m�todo chamado CAR-T Cells contra esse tipo de c�ncer.


Ilustração de corpo humano com o pâncreas destacado
O c�ncer de p�ncreas costuma ser agressivo e tem poucas op��es de tratamento mais modernas (foto: Getty Images)

 

O recurso terap�utico, j� aprovado contra alguns tumores do sangue (como linfomas, leucemias e mieloma m�ltiplo), consiste em extrair c�lulas imunol�gicas do pr�prio paciente, modific�-las em laborat�rio e reintroduzi-las no organismo, para que reconhe�am e ataquem o tumor.

 

Segundo o que foi apresentado no congresso, as CAR-T Cells foram testadas em um paciente com c�ncer de p�ncreas nos Estados Unidos. Os resultados iniciais foram positivos.

 

"Embora o uso dessa terapia contra o adenocarcinoma de p�ncreas seja extremamente interessante, n�o � algo que estar� dispon�vel em nossas cl�nicas amanh�", pondera Hoff, que � professor de Oncologia Cl�nica da Universidade de S�o Paulo.

 

"H� um longo trajeto a ser percorrido, mas ao menos agora temos uma esperan�a de que podemos estar no caminho certo."

- Texto originalmente publicado em https://www.bbc.com/portuguese/geral-61839292

 

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