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Estado de Minas

Monkeypox: o que caso de var�ola dos macacos em cachorro pode significar para o futuro da doen�a

Epis�dio de animal de estima��o infectado n�o surpreende especialistas, mas abre a possibilidade de o v�rus encontrar novos hospedeiros na natureza. Saiba quais s�o os riscos e como proteger os pets.


17/08/2022 13:09

Monkeypox
O v�rus monkeypox pode afetar muitas esp�cies al�m dos seres humanos (foto: Getty Images)

Um grupo de cientistas franceses confirmou o primeiro caso de monkeypox, doen�a conhecida popularmente como var�ola dos macacos, em um cachorro.

O relato in�dito foi publicado no peri�dico cient�fico The Lancet e j� foi suficiente para mudar algumas recomenda��es das autoridades em sa�de p�blica.

O Centro de Controle e Preven��o de Doen�as (CDC) dos Estados Unidos, por exemplo, incluiu os c�es entre as esp�cies que podem ser afetadas por esse v�rus e orientou que pessoas diagnosticadas com a doen�a limitem o contato com os pets at� a completa recupera��o do quadro.

Ap�s realizar o teste que confirmou a presen�a do pat�geno no bicho de estima��o, os cientistas fizeram o sequenciamento gen�tico das amostras colhidas de um dos donos e do c�o.

Os resultados mostraram que os v�rus eram id�nticos o que praticamente confirma a transmiss�o do monkeypox dos humanos para o cachorro.

Ainda n�o est� claro se o caminho inverso tamb�m pode acontecer, ou seja, se o pat�geno pode passar dos c�es para as pessoas.

Os especialistas entendem que isso � algo que ainda precisa ser observado e estudado a fundo.

Representantes da Organiza��o Mundial da Sa�de (OMS) explicaram que a informa��o "� nova, mas n�o surpreende".

"Esse � o primeiro incidente do tipo e ainda estamos aprendendo sobre a transmiss�o desse v�rus de humanos para animais", declarou a m�dica Rosamund Lewis, l�der t�cnica sobre monkeypox da OMS ao jornal The Washington Post.

A virologista Clarissa Damaso, da Universidade Federal do Rio de Janeiro, concorda com a avalia��o e se mostra preocupada com o risco de que o v�rus "descubra" hospedeiros diferentes.

"H� um grande receio que envolve o fato de o monkeypox poder encontrar novos reposit�rios na natureza, o que dificultaria bastante o controle de casos", analisa.

Entenda a seguir o que se sabe sobre o epis�dio confirmado na Fran�a e o que ele pode significar para o futuro da crise sanit�ria relacionada ao monkeypox.

Uma nova esp�cie-alvo?

O relato do caso foi publicado em 10 de agosto por pesquisadores da Universidade Sorbonne, em Paris.

O cachorro, um galgo italiano de quatro anos, come�ou a apresentar les�es na pele doze dias ap�s os seus dois tutores serem diagnosticados com monkeypox.

Os indiv�duos, do sexo masculino, se declaram como homens que fazem sexo com outros homens, moram na mesma casa e mant�m uma rela��o amorosa n�o exclusiva.

O primeiro deles, de 44 anos, apresentou les�es no �nus, no rosto, nas orelhas e nas pernas.

O segundo, de 27, teve feridas no �nus, nas pernas e nas costas.

Ambos tamb�m sentiram falta de energia, dor de cabe�a e febre.

J� o cachorro apresentou pequenas p�stulas no abd�men e uma pequena �lcera no �nus.

Galgo italiano
Um galgo italiano, como esse da imagem, foi o primeiro cachorro com um caso documentado de monkeypox (foto: Getty Images)

Outras esp�cies afetadas

Em regi�es da �frica onde o monkeypox � end�mico, o v�rus circula entre roedores e primatas n�o humanos antes do surto atual, uma das principais formas de transmiss�o por l�, inclusive, acontecia pelo contato com esses animais na natureza ou nas regi�es de transi��o das florestas para as cidades.

Em entrevista � BBC News Brasil, Damaso lembra de um surto de monkeypox que aconteceu no zool�gico de Roterd�, na Holanda, em 1964.

� �poca, animais de v�rias esp�cies foram infectados incluindo at� tamandu�s origin�rios da Am�rica do Sul.

Os registros do epis�dio mostram que orangotangos, chimpanz�s, gorilas e outros primatas tamb�m foram afetados e alguns deles morreram.

Mais recentemente, durante um surto de monkeypox que ocorreu nos Estados Unidos no in�cio dos anos 2000, cientistas documentaram que o v�rus passou para c�es-da-pradaria, uma esp�cie de roedor que � mantida como animal de estima��o por algumas pessoas.

Atualmente, o CDC americano aponta que, al�m de seres humanos, a doen�a tamb�m pode afetar:

  • Esquilos
  • C�es-da-pradaria
  • Marmotas
  • Chinchilas
  • Ratos de bolsa de Emin
  • Cachorros
  • Porcos-espinho
  • Musaranhos
  • Primatas n�o-humanos

A entidade admite que o v�rus provavelmente tamb�m infecta ratos, camundongos e coelhos.

N�o se sabe se o pat�geno pode passar para porquinhos-da-�ndia, hamsters, gatos, vacas, camelos, ovelhas, porcos ou raposas.

Que fique claro: o fato de esses animais serem poss�veis "alvos" do pat�geno n�o faz com que eles virem automaticamente uma amea�a a n�s. Por isso, especialistas asseguram que nada justifica atacar ou at� matar esses bichos como, ali�s, j� aconteceu com alguns macacos no Brasil nas �ltimas semanas.

Damaso explica que os orthopoxvirus, fam�lia da qual o monkeypox faz parte, t�m essa caracter�stica de circular por v�rias esp�cies animais.

"Como falamos de um v�rus capaz de infectar diferentes hospedeiros, n�s j� esper�vamos que isso [a transmiss�o para cachorros] pudesse acontecer", avalia.

Uma das �nicas exce��es deste grupo viral � o smallpox, o v�rus causador da var�ola humana. Ele � bem "exclusivo" e, enquanto n�o foi eliminado do planeta por meio da vacina��o na d�cada de 1970, s� circulou entre as pessoas.

Cães-da-pradaria
Os c�es-da-pradaria s�o suscet�veis ao monkeypox, assim como uma s�rie de outros roedores (foto: Getty Images)

O que fazer?

A recomenda��o geral dos especialistas � que indiv�duos com diagn�stico confirmado de monkeypox limitem o contato com os bichos de estima��o.

Vale, se poss�vel, manter os animais em c�modos separados ou pedir que algu�m cuide deles enquanto a infec��o estiver ativa a recupera��o completa da doen�a acontece quando todas as les�es de pele cicatrizam (mesmo as casquinhas ainda podem trazer part�culas virais).

"Nesse contexto, � importante n�o colocar o cachorro para dormir na mesma cama, at� porque ele pode ter contato com as les�es da pele ou com os v�rus que foram parar no len�ol", diz Damaso.

"Caso n�o seja poss�vel se distanciar do animal de estima��o, o tutor deve usar m�scara quando estiver pr�ximo do pet, n�o deixar que ele toque nas les�es de pele e evitar abra�os, carinhos e brincadeiras por um tempo", complementa a virologista.

O CDC refor�a que n�o h� necessidade de dar banho no animal com desinfetante, �lcool ou outros produtos qu�micos. O uso de m�scaras nos pets tamb�m � algo contra-indicado.

"N�o abandone ou sacrifique animais de estima��o apenas por causa de uma exposi��o potencial ao monkeypox", acrescenta a entidade.

Nesse contexto, tamb�m � importante redobrar os cuidados de higiene dos potes de comida e �gua, dos brinquedos e dos locais de descanso dos pets.

Se o cachorro ou o gato apresentar qualquer sintoma t�pico de monkeypox, como letargia, falta de apetite, tosse, secre��es nasais, febres e, principalmente, les�es na pele, vale lev�-lo para uma consulta com veterin�rio.

Damaso entende que esses cuidados s�o primordiais para diminuir a probabilidade de o v�rus "pular" e se estabelecer em outras esp�cies o que tornaria o controle da doen�a ainda mais complicado no futuro.

"Todo v�rus que encontra novos reservat�rios na natureza fica mais dif�cil de eliminar", conta.

"Por isso que a gente precisa tomar cuidado agora e monitorar os casos, ainda mais um pa�s com uma grande abund�ncia na fauna, como � o caso do Brasil", conclui a virologista.

- Este texto foi publicado em https://www.bbc.com/portuguese/geral-62575335


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