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Estado de Minas

Entre linhas e carret�is: a arte de costurar

Al�m de focar a aten��o, a costura � prazerosa, agu�a a imagina��o e ainda � uma forma de lidar com quest�es como baixa autoestima, depress�o e ansiedade


21/08/2022 04:00 - atualizado 22/08/2022 10:48

Aurelito Santos
Seu Aurelito, o Leo, tem uma loja em Belo Horizonte de conserto e produ��o de roupas sob medida: "A costura me ajuda a distrair, esquecer os problemas, � uma terapia" (foto: Jair Amaral/EM/D.A Press )


Na pequena Pav�o, cidade mineira no Vale do Mucuri, h� algum tempo as op��es de trabalho, a n�o ser a lida no campo, eram restritas. A profiss�o que mais se exercia por l�, para os homens, era a de alfaiate. Nos idos de 1970, � esse o fazer que Aurelito Santos, hoje com 73 anos, resolveu tomar como atividade profissional, impulsionado pela m�e, que n�o queria que ele fosse embora da cidade, como na ocasi�o em que viveu em S�o Paulo.
 
 
De volta � terra natal, Aurelito, o Leo, como hoje � conhecido, aprendeu a costurar aos 22 anos, e hoje j� se v�o 52 anos na atividade. J� atuou nas �reas de metalurgia, constru��o civil, em escrit�rios, e foi como alfaiate que se encontrou – desde 1985, � sua dedica��o exclusiva.
 
 
Em Belo Horizonte, onde est� h� 35 anos, mant�m loja pr�pria de produ��o de roupas sob medida e conserto. Conta que a maioria dos clientes s�o advogados. Para esse p�blico, ele fabrica, basicamente, ternos, cal�as, camisas, coletes, casacos e, em outro tipo de demanda, tamb�m trajes para hipismo. Para mulheres, costuma fazer terninhos, cal�as e saias. 
 

"Existem diversos cursos � disposi��o - na internet encontra-se uma infinidade de canais nesse sentido. Est�o acess�veis conte�dos que abrangem desde aspectos mais b�sicos at� atividades complexas"

 
 
"Tenho minha lojinha, trabalho para mim. A costura me deu tudo que tenho. Minha casa, por exemplo. � gratificante para mim quando o cliente gosta do resultado. E tamb�m me empenho no bom atendimento", diz. Ele lembra de como agora esse cen�rio � diferente – n�o tem muito alfaiate na pra�a. "A costura tamb�m me ajuda a distrair, esquecer os problemas, � uma terapia", conta.

MILENAR A atividade de fazer as pr�prias pe�as de roupa � milenar – ainda que n�o seja conhecida a data precisa, segundo historiadores, a presen�a da costura na humanidade � de milhares de anos. Ainda na �poca dos n�mades, quando o homem vivia em cavernas, j� produzia suas vestimentas usando materiais rudimentares. 
 
Pessoa costurando
No s�culo 19, aparece a primeira m�quina de costura para roupas, pertencente ao franc�s Barthelemy Thimmonier. De l� pra c�, mesmo com a resist�ncia de costureiros e artes�os, a ind�stria t�xtil ganhou f�lego e as roupas passaram a ser feitas em escala industrial (foto: Freepik/Reprodu��o)
 
 
De agulhas feitas com ossos de animais e tecidos em couro, depois desse tempo, na Idade M�dia, a costura come�ou a ganhar os contornos da est�tica. Nesse per�odo, os artes�os passaram a criar vestes n�o apenas funcionais, mas tamb�m mais sofisticadas. Eles pr�prios faziam os tecidos e manipulavam imensas m�quinas de tear. � com a Revolu��o Industrial que esse processo se transforma, tornando-se mais mec�nico e r�pido.
 
No s�culo 19, aparece a primeira m�quina de costura para roupas, pertencente ao franc�s Barthelemy Thimmonier. De l� pra c�, mesmo com a resist�ncia de costureiros e artes�os, a ind�stria t�xtil ganhou f�lego e as roupas passaram a ser feitas em escala industrial.
 
De  um passado nem t�o distante, quem n�o se lembra como eram feitas as roupas, por encomenda, no trabalho de alfaiates e costureiras, na �poca de nossos av�s? Era comum que comprassem o tecido, tirar as medidas, fazer provas e, s� assim, depois de tudo testado, � que as pe�as ficavam prontas para uso. Atualmente, mandar uma roupa para ser feita sob medida � mais raro, e acontece principalmente quando o desejo  � um modelo exclusivo, mais caro, ou a r�plica de uma roupa antiga, que n�o se faz mais comercialmente.
 
Agora, mais que a concep��o de uma roupa, ou para fazer um reparo, mudar o visual ou criar uma pe�a pr�pria, costurar toma um papel importante na promo��o da sa�de psicol�gica e emocional, seja por profiss�o ou hobby. Descobrir tecidos inovadores e sustent�veis, pesquisar diferentes moldes e silhuetas e construir os itens do zero s�o alguns dos atrativos da costura como terapia. Costurando a seu tempo e a seu modo, o indiv�duo se envolve em uma ocupa��o que demanda concentra��o, ao passo que tamb�m permite expressar a criatividade. E, com esse est�mulo, v�m as recompensas mentais na forma de horm�nios respons�veis pela sensa��o de felicidade.
 
Uma pr�tica que ajuda a focar a aten��o e � prazerosa, na medida em que agu�a a imagina��o. A costura ainda ajuda a enfrentar a depress�o, a ansiedade e o estresse, propiciando um melhor controle dos sentimentos, e afasta os pensamentos negativos.
 
Entre outros pontos ben�ficos de costurar est�o o aumento da capacidade de abstra��o e maior destreza. Pr�tica que requer paci�ncia e perseveran�a, tamb�m desenvolve a coordena��o motora fina, exercita o racioc�nio e o pensamento l�gico – o que ajuda a manter o c�rebro afiado.
Costurar � ainda uma forma importante de restabelecer a autoestima. Diante de uma pe�a pronta, o praticante se percebe capaz, produtivo e valioso, o que impacta diretamente na percep��o de si pr�prio.
 
E come�ar a costurar n�o � complicado. Foi-se o tempo em que as costureiras e os alfaiates guardavam trancada a expertise da costura. Existem diversos cursos � disposi��o – na internet encontra-se uma infinidade de canais nesse sentido. Est�o acess�veis conte�dos que abrangem desde aspectos mais b�sicos at� atividades complexas dentro desse universo. Muitos cursos s�o gratuitos, principalmente on-line e, al�m disso, materiais b�sicos necess�rios para a costura, como tecidos, linhas e agulhas, n�o s�o caros. Essa � uma atividade acess�vel e democr�tica.


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