
O surto de var�ola do macaco em curso no mundo pode causar mais do que les�es na pele e mal estar: um estudo de caso feito por cardiologistas do Hospital Central da Universidade de S�o Jo�o, em Portugal, constatou uma rela��o entre a doen�a e o desenvolvimento de miocardite aguda. A an�lise foi publicada nesta sexta-feira (2/9) na revista JACC: Case Reports.
Quatro especialistas em cardiologia acompanharam um paciente de 31 anos que foi diagnosticado com var�ola dos macacos no Hospital Central da Universidade de S�o Jo�o, em Portugal, ap�s cinco dias de mal-estar e, tr�s dias depois, voltou ao centro m�dico com dores no peito irradiadas para o bra�o esquerdo.
Al�m das p�stulas no corpo, o paciente estava com sintomas de miocardite aguda e s�ndrome coronariana aguda. O paciente foi internado e submetido a exames para avaliar a condi��o cardiol�gica.
O ecocardiograma demonstrou anomalias e os exames laboratoriais revelaram n�veis elevados de prote�na C reativa, al�m de creatina fosfoquinase, troponina e pept�deo natriur�tico cerebral, elementos que se elevam ou surgem quando h� les�o por estresse no cora��o.
Por fim, os m�dicos submeteram o paciente a uma resson�ncia magn�tica card�aca, que mostrou imagens que revelaram inflama��o mioc�rdica e diagn�stico de miocardite aguda. "A miocardite viral � frequentemente presumida quando acompanhada de um quadro cl�nico de doen�a febril, mialgias e mal-estar, seguido de in�cio r�pido de sintomas card�acos", explica Ana Isabel Pinho, uma das m�dicas que analisou o caso e principal autora do estudo.
Ela ainda alerta que esse tipo de miocardite pode desenvolver um quadro ainda mais complexo. "O progn�stico depende do est�gio da doen�a, variando desde miocardite aguda que se resolve em semanas ou pode evoluir para uma disfun��o card�aca persistente", detalha.
Os m�dicos afirmam que, assim como a covid, o surgimento da miocardite viral nos pacientes identificados n�o podem ser definidos, ainda, como uma consequ�ncia da var�ola - os especialistas podem e devem acompanhar o caso e fazer a rela��o ao identificar as les�es no cora��o e o hist�rico cl�nico do paciente.
No caso da var�ola dos macacos, a rela��o est� mais propensa de ser confirmada, j� que o v�rus origina da var�ola, mais agressivo, j� tinha como consequ�ncias a miocardite. "Por extrapola��o, o v�rus da var�ola pode ter tropismo pelo tecido do mioc�rdio ou causar les�o imunomediada ao cora��o", escreveram os cardiologistas participantes do estudo.
Para confirmar a rela��o e saber como ela se d�, os especialistas querem fazer um estudo mais profundo do v�rus e do mecanismo que ele provoca para a miocardite ocorrer no paciente.
"Este caso destaca o envolvimento card�aco como uma potencial complica��o associada � infec��o por var�ola dos macacos. Acreditamos que relatar essa potencial rela��o causal pode aumentar a conscientiza��o da comunidade cient�fica e dos profissionais de sa�de para a miocardite aguda como uma poss�vel complica��o associada � var�ola", afirmou Ana Isabel Pinho.
"E tamb�m pode ser �til para o monitoramento pr�ximo dos pacientes afetados para o reconhecimento de outras complica��es no futuro", acrescentou. O paciente foi tratado para solucionar os problemas card�acos e recebeu alta ap�s uma semana, sem les�es no cora��o.
A var�ola dos macacos
O v�rus que tem circulado desde maio deste ano, quando passou a ser diagnosticada fora da �frica pela primeira vez, � transmitido, principalmente, por contato pr�ximo, seja por contato com les�es, com flu�dos corporais ou got�culas respirat�rias. A transmiss�o pelo sexo tamb�m � uma das formas mais caracter�stica do surto atual, rela��o que n�o ocorria com proemin�ncia quando foi descoberta.
Os infectados apresentam febre, calafrios e dores musculares. Ap�s cinco dias nesse quadro, as erup��es cut�neas come�am a aparecer, al�m dos linfonodos inchados e dificuldades respirat�rias. O ciclo de infec��o dura entre duas e quatro semanas e a vacina��o � a melhor forma de atenuar a a��o do v�rus.