O que levar em considera��o diante da variedade de produtos industrializados dispon�veis nos supermercados? Os alimentos e ingredientes que passam por processos industriais nem sempre s�o vil�es e prejudiciais � sa�de. Basta saber escolher. Afinal, com os avan�os na produ��o aliment�cia, � poss�vel garantir acesso � alimenta��o b�sica para a popula��o urbana com menor custo, alimentos mais seguros, controle da qualidade e conveni�ncia para quem mora nos centros urbanos (maior dura��o no tempo de transporte do alimento), aliado � redu��o de perdas e desperd�cios e melhor uso da �gua.
Por outro lado, o consumo exagerado desses produtos, que t�m grandes quantidades de gorduras saturadas, a��cares e sal (s�dio), contribui para o sobrepeso e a obesidade e, por consequ�ncia, o desencadear de doen�as cardiovasculares e diabetes, problemas g�stricos e respirat�rios, al�m de colesterol alto e quadros de alergia. Muitos s�o cal�ricos e nada nutritivos, por isso, est� nas m�os de cada um de n�s escolher aquele que vai nos satisfazer, mas n�o s� no bolso, como no paladar, no prazer e na manuten��o da sa�de, abastecendo o organismo dos nutrientes necess�rios para uma vida saud�vel e longeva.
SEM ARMADILHAS O Bem Viver foi ouvir profissionais da sa�de para que eles mostrem o caminho que os carrinhos e cestas do supermercado devem percorrer ou, para quem � adepto da tecnologia, quais devem ser os cliques, no caso das compras on-line. A ideia � que n�o caiamos em armadilhas.
Raphaella Cordeiro, nutricionista cl�nica e esportiva, explica que “fugir dos alimentos industrializados � uma tarefa quase imposs�vel, basta pensar que o simples arroz que comemos foi, de alguma forma, industrializado, mas fugir dos ultraprocessados � fundamental. E temos ao alcance das m�os uma ferramenta que vai nos ajudar a entender o que estamos levando para casa. Essa ferramenta � o r�tulo, item obrigat�rio nos produtos industrializados”.
A dica de ouro de Raphaella Cordeiro �: “V� � lista de ingredientes para identificar a composi��o total dos alimentos, que aparecem de forma decrescente (do maior para o menor) e fa�a as seguintes observa��es: a lista de ingredientes � muito grande? Ali existem nomes muito dif�ceis e que voc� nunca ouviu falar? O ingrediente que est� em maior quantidade condiz com a proposta? E esse ingrediente � saud�vel?. Feito isso, se as duas primeiras observa��es tiverem como resposta um ‘sim’ e a terceira tiver como resposta um ‘n�o’, pode come�ar a pensar que aquele alimento sofreu bastante interfer�ncia da ind�stria para chegar at� a prateleira dos supermercados e atingir o consumidor final, que somos n�s.”
A nutricionista destaca que o r�tulo � a arma de defesa do consumidor. Nele j� tem muita informa��o, portanto, de forma geral, na parte frontal fica a “propaganda” do produto e, na parte traseira, as caracter�sticas: “� nessa parte que est�o as informa��es mais detalhadas e que devem ser observadas com aten��o para saber o que est� sendo levado para casa”.
"Temos ao alcance das m�os uma ferramenta que vai nos ajudar a entender o que estamos levando para casa. Essa ferramenta � o r�tulo, item obrigat�rio nos produtos industrializados"
Raphaella Cordeiro, nutricionista
LEITE CONDENSADO E CREME DE LEITE Diante de tanta variedade de produtos, como n�o ser capturado? Raphaella Cordeiro reconhece que, diante da diversidade e facilidade, muitos s�o capturados pelo sabor artificial dos alimentos.
Por isso, � uma miss�o complicada fazer com que as pessoas mudem o h�bito alimentar e fa�am escolhas melhores. Dificilmente, elas v�o cozinhar mais em casa e preparar o pr�prio alimento. Ent�o, a orienta��o da nutricionista �, ao menos, fazer s�bias escolhas dos produtos industrializados dispon�veis, tamb�m para deixar a rotina mais pr�tica. Mas sempre tendo como prioridade a chamada comida de verdade: “� uma realidade que n�o mudaremos, mas podemos, sim, por meio da informa��o, fazer melhores escolhas o tempo todo”.
Raphaella Cordeiro reconhece que, no fim, tudo se resume ao paladar e ao sabor, que s�o as maiores resist�ncias para mudar o h�bito alimentar, mesmo que seja trocando leite condensado de caixinha pelo de lata. Voc� sabia que o primeiro pode ser apenas uma mistura l�ctea condensada de leite, soro de leite e amido?
O mesmo ocorre com o creme de leite; o produto dentro de cada embalagem � diferente. Da� a import�ncia de ler o r�tulo: “Sim, h� diferen�a. E essa diferen�a est� na lista de ingredientes, que deixa um menos ou mais industrializado do que o outro. Devemos come�ar pela sa�de, j� que � algo que todos queremos preservar. E, sim, a alimenta��o faz grande diferen�a como investimento em sa�de ou em doen�a”.
Levar ou n�o levar para casa, eis a quest�o!
» Iogurte de fruta x iogurte natural
“Escolha o natural! Perceba que a lista de ingredientes �
pequena e com nomes f�ceis de identificar”.
» P�o integral x p�o 100% integral x p�o integral sem a��car x p�o
integral com v�rios gr�os e p�o branco
“N�o h� nenhum problema em consumir p�o ‘branco’! Mas, para deix�-lo mais interessante, nutricionalmente falando, � s� caprichar no acompanhamento e/ou no recheio. Quanto aos p�es integrais, diria que optar pelas vers�es 100% e livres de a��car na composi��o � uma escolha melhor, mas fique atento � regra das dicas feitas acima sobre a lista de ingredientes.”
» Creme de ricota x queijo cottage
“Opte pelo queijo cottage, pois � menos processado que os cremes. Queijo branco � uma melhor op��o quando comparada com as vers�es mais amareladas, por serem, de forma geral, mais magros e n�o conter corantes em sua formula��o. Observa��o: se o corante for natural, a� tudo bem. Como exemplos, temos a�afr�o-da-terra/c�rcuma/colorau etc.”
» Espaguete normal x espaguete integral
“A diferen�a fica por conta de o macarr�o em suas vers�es integrais ter mais fibras, vitaminas e minerais. Dessa forma, o �ndice glic�mico fica menor e ganhamos ponto na sa�de. Mas, claro, tudo vai depender de como voc� o acompanhar�.”
» Leite integral, semidesnatado e desnatado
“Quanto ao leite, vai depender de quem ir� tomar. O benef�cio do leite n�o � s� a gordura. Leite (todos citados acima) � fonte de prote�nas e c�lcio, al�m de outros minerais, portanto � sim um bom alimento, desde que a pessoa n�o seja al�rgica � prote�na do leite (APLV).”
» Salgadinhos chips tradicional x salgadinhos de
beterraba, batata-doce, cenoura...
“Chips tradicional � um exemplo excelente de produto aliment�cio ultraprocessado (quase redund�ncia); logo, deve ser evitado. Quanto aos outros exemplos, sim, eles podem entrar pra diversificar nossa alimenta��o e compor momentos recreativos no lugar das propostas ‘tradicionais’ que j� conhecemos.”
» Chocolate ao leite e o com mais cacau 60% ou 70%
“Opte por chocolate com maior percentual de cacau, pois o mesmo, em contrapartida, ter� menos a��car e ganhar� os benef�cios presentes na mat�ria-prima, o cacau, como os antioxidantes.”
» Refrigerante x suco n�o de caixinha, mas integral,
ou suco em embalagem de vidro
“Refrigerante � outro exemplo de produto aliment�cio ultraprocessado e com fatores antinutricionais, como o caramelo IV, que tem enorme potencial cancer�geno. Quanto aos sucos, voc� vai encontrar no r�tulo se ali tem suco (l�quido do esmagamento das frutas, podendo ser pouco acrescido de �gua) ou se ser� aqueles n�ctares cheios de �gua, a��car, aditivos qu�micos e, de fruta mesmo, em torno s� de 40%.”
» Granola com ou sem a��car (ainda que mascavo)
“Optar pelas vers�es sem a��car e, se n�o for poss�vel, olhar na lista de ingredientes em qual posi��o decrescente o mesmo se encontra para analisar. Dessa forma, saber� se a granola tem muito ou pouco a��car em sua composi��o.”
» Biscoitos integrais, fit (banana, ma�� ou morango com aveia, canela, cacau...)
“Se comparado com os biscoitos simples refinados (tipo Maria e Maisena), podem ser melhores op��es, mas s� se comparados, pois, de forma geral, biscoitos n�o s�o boas op��es para consumo corriqueiro, pois sua composi��o � bastante industrializada e rica em a��car.”
» Aveia integral, farinha de aveia, farelo de aveia, flocos finos de aveia
“O farelo � mais rico. De forma geral, � sim um alimento integral e bastante interessante nutricionalmente. Vale muito a introdu��o dela na alimenta��o di�ria em suas diferentes formas.”
» Sal rosa do Himalaia ou sal marinho comum
“N�o vale de jeito nenhum trocar. Nutricionalmente, s�o parecidos.”
Fonte: Raphaella Cordeiro, nutricionista