GUARULHOS, SP (FOLHAPRESS) - Mesmo com o alto �ndice de vacina��o, cl�nicas de hemodi�lise decidiram manter, em suas rotinas, protocolos adotados com a chegada da Covid. A inten��o � proteger pacientes que, al�m de fazer terapia de substitui��o renal, podem ter altera��es em outros sistemas do corpo.
Pessoas que precisam realizar di�lise geralmente t�m comorbidades que afetam o sistema imunol�gico, como hipertens�o e diabetes. O tratamento � indicado quando h� perda da fun��o renal — quando o rim funciona com menos de 15% da sua capacidade.
Bruno Haddad, especializado em gest�o de sa�de pela Harvard Business School e presidente da rede DaVita Tratamento Renal, explica que os impactos das doen�as renais n�o se restringem � fun��o de filtragem do rim.
"Os problemas de sa�de dos pacientes t�m impacto no sistema end�crino, na produ��o de sangue, na capacidade de manuten��o da massa muscular, na composi��o �ssea e at� na regula��o t�rmica."
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Essas quest�es se somam ao comprometimento do sistema imune —debilitado em pacientes renais devido ao ac�mulo de toxinas no organismo—, aumentando a possibilidade de infec��es virais e bacterianas. Apesar dos riscos maiores, Am�rico Cuvello, coordenador do Centro de Nefrologia e Di�lise do Hospital Alem�o Oswaldo Cruz, esclarece que as orienta��es s�o as mesmas de toda a popula��o.
"Os cuidados dos pacientes imunodeprimidos s�o semelhantes �queles impostos � popula��o geral na pandemia. Eles devem evitar aglomera��es, usar m�scaras em lugares fechados, lavar frequentemente as m�os ou higieniz�-las com �lcool em gel e evitar contato com indiv�duos sabidamente doentes", diz Cuvello.
As medidas adotadas nas cl�nicas continuam: uso de equipamento de prote��o individual completo por parte dos funcion�rios; uso de m�scaras pelos pacientes durante todo o processo, que pode durar at� quatro horas; acompanhantes s� em casos de extrema necessidade e sem refei��es durante a hemodi�lise.
"As cl�nicas se adaptaram para continuar os tratamentos adotando essas medidas", diz Washington Eduardo, paciente em hemodi�lise h� sete anos e tesoureiro da Associa��o dos Pacientes Renais de Balne�rio Cambori� (SC). "Para os casos positivos de Covid foram criadas salas espec�ficas e �reas de isolamento. Outras doen�as infectocontagiosas mant�m os protocolos de isolamento", completa.
Antes da vacina��o, existia o risco de interrup��o dos tratamentos devido ao afastamento de profissionais infectados, mas essa amea�a � menor agora. A m�dia de infec��es de coronav�rus continuam em queda e os casos reportados t�m menor gravidade. No entanto, especialistas da �rea seguem alertando para os riscos de infec��es nos indiv�duos mais vulner�veis.
A baixa imunidade celular vem acompanhada, nos pacientes renais cr�nicos, pela redu��o da imunidade humoral, respons�vel pela produ��o de anticorpos. Segundo o nefrologista Cuvello, essa situa��o prejudica a resposta �s vacinas, tornando esse grupo mais vulner�vel a qualquer infec��o.
Somados � presente circula��o do v�rus, esses fatores fazem com que as recomenda��es para preven��o do cont�gio continuem mesmo que as vacinas tenham sido tomadas por esses pacientes.
O aumento dos casos de var�ola dos macacos acendeu um outro alerta para o setor, mas sem a mesma preocupa��o. A transmissibilidade da doen�a � menor comparada com a Covid, pois requer contato prolongado com sintom�ticos. Espera-se que a higieniza��o imposta pela pandemia seja suficiente para evitar o cont�gio na hemodi�lise.
O presidente da SBN (Sociedade Brasileira de Nefrologia), Osvaldo Vieira Neto, diz que n�o tem visto muita movimenta��o na nefrologia. "Transmite muito pouco a var�ola dos macacos, diante do atual cen�rio � [uma quest�o] bem secund�ria".
O quadro citado pelo m�dico envolve a sustentabilidade financeira da hemodi�lise no pa�s. Os servi�os s�o, em sua maioria, feitos por empresas privadas em parceria com o SUS. Mas, segundo essas companhias, os repasses financeiros n�o s�o suficientes para cobrir a opera��o.
Cl�nicas alegam que o novo piso salarial da enfermagem, em julgamento pelo STF (Supremo Tribunal Federal) at� sexta-feira (16), pode agravar a crise do setor —j� que o aumento salarial elevar� os custos.