
"O objetivo da pesquisa era compreender melhor a biologia da doen�a, j� que, com essas prote�nas diferentes, conseguimos contar a hist�ria biol�gica da depress�o", afirma Daniel Martins-de-Souza, professor de bioqu�mica da Unicamp e um dos autores do estudo.
Publicada na revista Journal of Proteomics, a investiga��o contou com 50 idosos: 19 tinham depress�o geri�trica e 31 compuseram o grupo controle.
A ideia de pesquisar essa complica��o ocorreu durante o mestrado em gen�tica e biologia molecular de L�cia Silva-Costa, primeira autora do artigo.
"Eu estava procurando um tema para o meu mestrado e esse me interessou bastante porque � uma �poca da vida em que as pessoas s�o mais vulner�veis", conta Silva-Costa, que agora faz um doutorado de bioqu�mica na Unicamp.
Amostras de todos os 50 participantes do estudo foram colhidas para serem analisadas em laborat�rios por meio de uma ferramenta chamada prote�mica. Por meio dela, � poss�vel mapear as prote�nas presentes no sangue e apurar o respectivo volume delas nas amostras.
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Ent�o, os cientistas observaram que 96 prote�nas estavam em uma quantidade maior nos pacientes com depress�o em compara��o �queles sem a doen�a.
Com esse dado inicial, os autores utilizaram uma intelig�ncia artificial para avaliar com maior precis�o quais prote�nas realmente indicavam uma associa��o entre a doen�a e as subst�ncias. "As 96 estavam alteradas, mas s� as 75 geraram uma potencial identidade da depress�o geri�trica", explica Silva-Costa.
Uma das prote�nas que chamou a aten��o de Martins-de-Souza foi a CACNA1C. O professor de bioqu�mica afirma que ela cumpre um papel importante nos neur�nios, as c�lulas comuns do c�rebro humano. "Ela j� foi previamente associada a dist�rbios do neurodesenvolvimento, como os psiqui�tricos."
Durante a pesquisa, por�m, a subst�ncia foi encontrada em maior quantidade no sangue dos pacientes, algo que n�o deveria acontecer. Segundo o pesquisador, essa descoberta pode ser uma evid�ncia importante para indicar a associa��o entre subst�ncias como a CACNA1C, a maior quantidade delas no sangue e a depress�o geri�trica.
"O fato de termos encontrado ela no sangue nos d� uma evid�ncia bem importante porque essa prote�na n�o deveria estar no sangue, principalmente por ela ter um papel neuronal", completa.
Maiores riscos Outra descoberta do estudo foram seis prote�nas espec�ficas que apresentaram uma liga��o com quadros mais cr�ticos da depress�o geri�trica. "Esse conjunto de seis prote�nas aumenta � medida que se tem sintomas mais severos", resume Martins-de-Souza.
Para o professor, a informa��o � �til, pois pode ser utilizada, no futuro, para evitar o desenvolvimento cr�tico da doen�a. "Essa pode ser uma assinatura molecular interessante em uma pessoa que esteja no in�cio da doen�a para ir regulando e se tratando. Seria como um biomarcador para n�o deixar a doen�a piorar."
Silva-Costa acrescenta que, de forma geral, as prote�nas poderiam ser alvo para o tratamento da doen�a.
"Na hora que voc� reduz o n�vel de prote�nas, pode reduzir os sintomas. Pode ser que n�o trate realmente a doen�a. Para isso, s�o necess�rias mais investiga��es do que causa a depress�o nessa faixa et�ria", diz.
As prote�nas como biomarcadores tamb�m podem ser �teis para diagnosticar a depress�o tardia. Como a doen�a pode ocorrer por diversas causas, o diagn�stico exato � mais dif�cil. Por isso, a an�lise das prote�nas como marcadores biol�gicos podem ser igualmente �teis.
No entanto, a pesquisa n�o conseguiu confirmar que essas prote�nas est�o associadas � depress�o tardia. Na realidade, a inten��o era levantar hip�teses que precisam ser melhor exploradas por outros estudos, com um grupo amostral maior.