
O autoexame � importante, refor�am especialistas, mas a mamografia � o principal exame para detectar o c�ncer de mama na fase inicial. De acordo com a Sociedade Brasileira de Mastologia (SBM), o autoexame � indicado como autoconhecimento em rela��o ao pr�prio corpo, mas n�o deve substituir os exames realizados ou prescritos pelo m�dico, j� que muitas les�es, ainda pequenas, n�o s�o palp�veis. Contudo, 64% das mulheres que participaram da nova pesquisa do Ipec dizem acreditar que o procedimento seria o principal meio para o diagn�stico do c�ncer de mama no est�gio inicial.
A pesquisa C�ncer de Mama Hoje: Como o Brasil Enxerga a Paciente e Sua Doen�a?, foi feita pelo Ipec com 1.397 mulheres, a pedido da Pfizer. Foram entrevistadas internautas de S�o Paulo (capital) e das regi�es metropolitanas de Bel�m, Porto Alegre, Recife, Rio de Janeiro e Distrito Federal, com 20 anos ou mais de idade.
A pesquisa C�ncer de Mama Hoje: Como o Brasil Enxerga a Paciente e Sua Doen�a?, foi feita pelo Ipec com 1.397 mulheres, a pedido da Pfizer. Foram entrevistadas internautas de S�o Paulo (capital) e das regi�es metropolitanas de Bel�m, Porto Alegre, Recife, Rio de Janeiro e Distrito Federal, com 20 anos ou mais de idade.
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Autoexame
Al�m da confus�o em torno do papel do autoexame, a maioria das mulheres ouvidas pelo Ipec tamb�m demonstra desconhecer as recomenda��es m�dicas para a realiza��o da mamografia, que pode detectar tumores menores que 1 cent�metro. Para 54% das respondentes, n�o est� clara a necessidade de passar pelo procedimento caso outros exames, como o ultrassom das mamas, n�o indiquem altera��es: 38 % acreditam que a mamografia deve ser feita apenas mediante achados suspeitos em outros testes, enquanto 16% n�o sabem opinar.
A recomenda��o geral das sociedades m�dicas � a de que, a partir dos 40 anos, as mulheres realizem a mamografia anualmente. Mas 51% das respondentes da pesquisa n�o est�o cientes da import�ncia dessa regularidade: 30% das entrevistadas est�o convencidas de que, ap�s um primeiro exame com resultado normal, a mulher estaria liberada para realizar apenas o autoexame em casa, enquanto 21% da amostra afirma desconhecer qual seria a orienta��o correta.
Mitos
Os mitos ligados ao tema se mostram fortes na popula��o estudada: 8% das mulheres que responderam � pesquisa atribuem o c�ncer de mama a causas divinas, alegando que a doen�a teria aparecido porque “estava nos planos de Deus”. Al�m disso, 6% das mulheres que acreditam que o tumor teria rela��o com a possibilidade de a mulher “n�o ter perdoado algu�m”, acumulando m�goa.
Entre as mulheres mais jovens, algumas fake news recorrentes sobre o tema aparecem: na faixa que abrange entrevistadas de 20 a 29 anos, por exemplo, 47% n�o est�o convencidas de que o tipo de suti� usado n�o tem impacto no risco de ter c�ncer de mama: 11% acreditam que os modelos com bojo elevam esse risco e 36% n�o sabem opinar sobre o assunto. Considerando todas as faixas et�rias, tanto em Porto Alegre quanto em Bel�m, apenas 59% das entrevistadas est�o cientes de que a rela��o com essa pe�a de roupa � falsa.
O dado sobre o uso da pe�a e o risco do c�ncer surpreendeu a l�der m�dica na Pfizer Brasil, M�rcia Pinheiro. “Fiquei surpresa com a quest�o do suti� com bojo causar o c�ncer. Mas � nosso papel explicar e tirar essa d�vida da popula��o. � fundamental essa propaga��o de informa��o correta porque isso n�o deixa de ser uma fake news, � uma informa��o errada”.
Para M�rcia, � preciso desmistificar outras informa��es, como s� fazer a mamografia depois de 50 anos, quando o recomendado � a partir dos 40 anos. “A partir do momento que se come�a a ter uma uma rotina de ir ao ginecologista anualmente, o exame da mama j� tem que estar inclu�do. O autoexame tamb�m � uma coisa que a gente precisa desmistificar: ele � important�ssimo, ele precisa ser feito, n�o estamos tirando a import�ncia do autoexame, mas ele n�o � a ferramenta mais importante para fazer o diagn�stico precoce, ou seja n�o � porque voc� est� fazendo que n�o precisa fazer a mamografia”.
M�rcia destaca que a mamografia � a forma mais precisa de detectar um tumor pequeno. “J� ouvi muitas vezes pacientes reclamando de fazer a mamografia porque � desconfort�vel, dolorido, mas � uma vez por ano, temos que fazer, pois � a forma mais sens�vel e acurada de chegar no diagn�stico de um tumor pequeno. Tamb�m considero importante a gente dizer que o diagn�stico do c�ncer n�o � uma maldi��o, uma condena��o. Hoje temos tratamentos. Ent�o, quanto mais precoce for detectada a doen�a, mais f�cil de tratar e ter um �xito no tratamento”.
Para a coordenadora de projetos e voluntariado no Oncoguia, Evelin Scarelli Terwak, o Outubro Rosa � o momento de trocar o olhar de celebra��o para um olhar de conscientiza��o. “O Outubro Rosa � um m�s de conscientiza��o, de informa��o”, refor�a.
Evelin foi diagnosticada com c�ncer de mama aos 23 anos. Passou pelo tratamento e hoje, aos 34 anos, trabalha no Oncoguia. Ela destaca a import�ncia da informa��o. “O medo � trocado no momento que a informa��o chega, � importante saber os n�veis da doen�a. A mulher com informa��o compartilha com o m�dico e assim faz suas escolhas”.
Hereditariedade e fatores de risco
A pesquisa evidencia que a maior parte ignora a rela��o entre o estilo de vida e a doen�a: 58% das mulheres n�o associam o excesso de peso como um fator de risco, enquanto 74% n�o identificam a rela��o com o consumo de bebidas alco�licas.
“O estilo de vida saud�vel reduz o risco de desenvolver c�ncer. Ent�o, nunca � tarde. Promover a sa�de e a conscientiza��o sobre alimenta��o e atividade f�sica sempre vale a pena. O �lcool � um fator de risco, n�o recomendamos que a mulher beba �lcool ou se consumirem, limitar uma quantidade pequena. N�s sabemos que tem mulheres que v�m aumentando muito o consumo de �lcool, ent�o nunca � demais falar sobre mudan�a de estilo de vida e se conseguimos implementar essas mudan�as, n�s conseguimos impactar positivamente nos �ndices de c�ncer que a gente v� aumentar. Claro que a idade que a mulher quer ser m�e � um fator que n�o d� para controlar. Mas o sedentarismo, a obesidade, o etilismo, tem que frisar muito por que s�o fatores de risco que podem ser modificados”, destaca a oncologista D�bora Gagliato, m�dica titular do Departamento de Oncologia Cl�nica do Centro Oncol�gico Antonio Erm�rio de Moraes da Benefic�ncia Portuguesa de S�o Paulo e integrante do comit� cient�fico do Instituto Vencer o C�ncer (IVOC).
Por outro lado, a heran�a gen�tica � o fator mais apontado pelas entrevistadas quando perguntadas sobre as causas do c�ncer de mama: 82% est�o convencidas de que a exist�ncia de outros casos do tumor na fam�lia seria o principal motivo para o desenvolvimento da doen�a. A literatura m�dica, contudo, aponta que apenas 5% a 10% do total de casos est�o associados a esse elemento.
As participantes da pesquisa desconhecem, por exemplo, a rela��o entre comportamentos associados � mulher moderna e o c�ncer de mama: apenas 17% est�o cientes de que n�o ter filhos biol�gicos aumenta o risco para a doen�a e muitas ignoram o efeito protetor da amamenta��o, como � o caso de 55% das entrevistadas de Porto Alegre e de 54% das paulistanas.
Elementos ligados ao perfil reprodutivo das mulheres tamb�m comp�em o leque de fatores de risco para o c�ncer de mama, como a menopausa tardia (ap�s os 55 anos), mas apenas 13% das respondentes conhecem essa informa��o. Al�m disso, somente 8% est�o cientes de que ter a primeira menstrua��o antes dos 12 anos tamb�m contribui para elevar esse risco.
Pandemia
Os dados da pesquisa indicam que o cen�rio pand�mico continua a impactar o cuidado com a sa�de feminina. Quando questionadas sobre os exames mam�rios feitos nos �ltimos 18 meses, 48% das participantes do levantamento responderam que n�o realizaram procedimentos com acompanhamento m�dico: 21% recorreram ao autoexame e 27% n�o passaram por nenhuma avalia��o nesse per�odo.
Considerando o total da amostra, apenas 34% das respondentes afirmam ter mantido a mamografia nos �ltimos 18 meses, n�mero que cai para 26% tanto no Distrito Federal quanto em Bel�m. Quando se trata dos cuidados gerais de sa�de, somente 17% das mulheres ouvidas pelo Ipec dizem que, durante a pandemia, realizaram os exames de rotina com a mesma frequ�ncia habitual que mantinham anteriormente.
O novo levantamento aponta, ainda, que uma porcentagem consider�vel de mulheres ainda n�o retomou suas consultas m�dicas e exames desde que a pandemia come�ou: essa � a situa��o de 7% das respondentes, mas a taxa chega a 9% em Porto Alegre e no Recife.
Outubro Rosa
Exposi��es, debates, experi�ncia imersiva e outras atividades relacionadas ao tema v�o ocupar, a partir do dia 4 de outubro, o busto gigante, com 300 metros quadrados, montado no Largo da Batata, em S�o Paulo. Servi�os realizados por parceiros do projeto, como corte de cabelo solid�rio e carreta da mamografia, tamb�m fazem parte da programa��o, bem como oficinas, performances art�sticas e palestras.
-->-->Busto feminino gigante instalado no Largo da Batata pelo movimento Coletivo Pink – Por um Outubro Al�m do Rosa, em Pinheiros. - -->-->
Rovena Rosa/Ag�ncia BrasilCriado em 2018, o Coletivo Pink � um projeto colaborativo idealizado pela Pfizer que busca formas de dialogar sobre o c�ncer de mama com a sociedade e dar voz para quem j� enfrenta a doen�a, em todos os est�gios. Este ano o Coletivo tem apoio de 15 associa��es de pacientes oncol�gicos, que representam diferentes partes do Pa�s.