Pinta de um melanoma

Pinta t�pica de um melanoma

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A exposi��o excessiva aos raios UV (ultravioleta) - que chegam a n�s diretamente pelos raios solares e podem danificar as c�lulas da pele - � a principal causa de c�ncer de pele, uma doen�a que atinge milhares de brasileiros todos os anos.

Saber como identificar poss�veis sinais dos diferentes tipos de c�ncer de pele - e como se proteger da doen�a - � essencial em um pa�s como o Brasil, onde o �ndice para os raios � de 11 - um n�vel considerado muito alto e que oferece maior risco para o c�ncer de pele.


Juntos, o c�ncer de pele n�o-melanoma e o melanoma representam 34% dos diagn�sticos de c�ncer no Brasil, com cerca de 193 mil casos por ano, segundo dados do INCA (Instituto Nacional do C�ncer).


Quanto mais cedo a doen�a � descoberta, especialmente nos casos de melanoma, o tipo mais agressivo, maior a chance de sucesso no tratamento.

Sintomas comuns do c�ncer de pele

O c�ncer de pele n�o-melanoma � o tumor maligno mais incidente no Brasil e representar� 31,3% dos casos de c�ncer entre 2023 e 2025, de acordo com estimativa do INCA (Instituto Nacional do C�ncer).

Ele pode ser classificado em carcinoma basocelular e carcinoma espinocelular.

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O primeiro � o tipo mais frequente, com crescimento normalmente mais lento, e que costuma se manifestar pelo aparecimento de uma les�o em forma de n�dulo rosa na pele exposta do rosto, pesco�o e couro cabeludo.

J� no carcinoma espinocelular, mais comuns em homens, ocorre a forma��o de um n�dulo que cresce rapidamente, com ulcera��o (ferida) de dif�cil cicatriza��o mesmo quatro semanas ap�s o aparecimento.

"Ambos os tipos est�o relacionados � alta exposi��o dos raios solares e devem ser prevenidos com protetor solar e consultas frequentes com dermatologista s�o importantes para detec��o do c�ncer na sua fase inicial", aponta Sheila Ferreira, oncologista do Grupo Oncocl�nicas e especialista em oncologia cl�nica pelo Hospital AC Camargo Cancer Center.

J� o chamado c�ncer de pele do tipo melanoma, apesar de considerado como sendo de baixa incid�ncia - estima-se 8.450 novos diagn�sticos por ano no Brasil, cerca de 3% dos c�nceres de pele -, � o mais agressivo e requer aten��o redobrada.

"Os melanomas s�o neoplasias malignas de melan�citos, que s�o c�lulas pigmentadas localizadas na camada � respons�vel pela renova��o da epiderme (parte mais superficial da pele)", diz a dermatologista Bethania Cavalli do HSPE (Hospital do Servidor P�blico Estadual).

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O aparecimento do melanoma tamb�m est� relacionado � exposi��o solar e o tumor tem potencial de met�stase (quando c�lulas cancer�genas se espalham para outros �rg�os). Isso se deve, explica Cavalli, �s c�lulas cancerosas possu�rem um potencial ilimitado de replica��o, al�m de capacidade de invas�o tecidual e evas�o do sistema imune.

S�o geralmente os casos que se iniciam com o aparecimento de pintas escuras na pele, que apresentam modifica��es ao longo do tempo.


Um jeito de identificar se uma pinta ou mancha pode representar algum perigo � utilizar a escala do ABCDE:

  • A de assimetria (se dividir a pinta em quatro partes, elas n�o s�o iguais)
  • B de bordas irregulares
  • C de cores, que avalia a varia��o da colora��o
  • D de di�metro (a pinta � maior do que seis mil�metros)
  • E de evolu��o (mudan�a no padr�o de cor, crescimento, coceira e sangramento)

"Os melanomas s�o mais comuns no dorso dos homens e nas pernas das mulheres. Pacientes negros e asi�ticos tem uma localiza��o mais comum nos p�s e nas m�os, que chamamos de melanoma acral", explica Bethania Cavalli.

Os fatores de risco para c�ncer de pele

O principal fator de risco para o c�ncer de pele, tanto melanoma quanto n�o-melanoma, � a radia��o ultravioleta. Essa luz, explica Cavalli, causa um dano direto no DNA celular e induz ao estresse oxidativo, resultando em muta��es g�nicas que desencadeiam o c�ncer de pele.

"Al�m da radia��o ultravioleta, a hist�ria familiar e a presen�a de m�ltiplas pintas tamb�m s�o fatores de risco. Pacientes transplantados apresentam maior risco de desenvolver c�ncer de pele, pois utilizam medica��es que interferem na imunidade (imunossupressores)."

Como � feito o diagn�stico de c�ncer de pele

Feita pela pr�pria pessoa em paralelo ao profissional de sa�de, a observa��o regular das pintas do nosso corpo permite identificar novos sinais ou mudan�as previamente n�o existentes.

"Hoje temos um aparelho chamado dermatosc�pio que permite avaliar as pintas com mais detalhes e em grande aumento, complementando a avalia��o da inspe��o da pele. Quando temos d�vida, ainda temos um outro exame chamado microscopia confocal, que permite a obten��o de imagens de alta resolu��o e aspectos microsc�picos, como se fosse uma biopsia �tica sem a necessidade de corte."

A m�dica tamb�m destaca como op��o o mapeamento corporal com dermatoscopia, uma t�cnica que avalia cada pinta individualmente com registro das imagens e permite o acompanhamento dos sinais para observar poss�veis mudan�as. "Esse exame � muito �til para pacientes que apresentam m�ltiplas pintas e principalmente os que j� tiveram antecedentes de melanoma."

As op��es de tratamento para o c�ncer de pele

Quando o c�ncer � descoberto em fase inicial, a indica��o � que seja realizada a ressec��o cir�rgica das les�es por especialista habilitado para que seja feita uma abordagem adequada nas margens ao redor do tumor, sem deixar partes que podem ser nocivas.

"Isso vale tanto para os casos de c�ncer de pele melanoma como para os n�o-melanoma. A cirurgia de fato � capaz de resolver a maioria dos casos, fazendo com que quaisquer outros tratamentos complementares sejam raramente necess�rios", explica Sergio Azevedo, oncologista do Grupo Oncocl�nicas e professor da Faculdade de Medicina da UFRGS (Universidade Federal do Rio Grande do Sul).

Se a doen�a apresentar um est�gio, subtipo, ou extens�o mais grave, o especialista conta que outras condutas de tratamentos podem ser empregadas.

Em casos mais avan�ados e com met�stase, especificamente de melanoma, a imunoterapia - um tratamento com medica��o que ativa o sistema imunol�gico para que ele se torne capaz de combater as c�lulas malignas - tem provado ser uma alternativa com bons resultados para a qualidade de vida e bem estar dos pacientes.

Outro tipo de interven��o nestes cen�rios avan�ados, aponta o m�dico, para um n�mero limitado de pacientes cujo melanoma apresenta uma muta��o nos gene BRAF, � o uso de medicamentos orais que inibem a prolifera��o celular anormal.

- Este texto foi publicado em https://www.bbc.com/portuguese/brasil-63891835