
Especialistas, por�m, afirmam que a sensa��o de alegria n�o � um estado permanente. O mais comum, ali�s, � que esses epis�dios variem em intensidade de acordo com cada pessoa, podendo, inclusive, ser ampliados pela intera��o humana de qualidade durante o Natal.
"Tem v�rios pedacinhos do c�rebro que s�o ativados quando voc� sente alegria, que � uma das nossas seis emo��es b�sicas", diz o psic�logo Yuri Busin, doutor em neuroci�ncia cognitiva. Assim, quando acontece uma troca de presentes, por exemplo, o tecido cerebral recebe uma enxurrada de dopamina, gerando bem-estar no corpo.
Essa sensa��o pode ser ampliada por gestos como abra�os, fazer trabalho volunt�rio ou simplesmente estar em contato com pessoas, a��es que atuam como ativadoras de ocitocina.
"Existem estudos que mostram que experi�ncias s�o muito mais eficazes do que a presen�a f�sica para promover o sentimento de felicidade e alegria, mas isso vai depender do valor que aquela pessoa atribui �quilo" afirma Busin, que � fundador da cl�nica online Di�logo Positivo.
Esse "valor" consiste na quantidade de emo��o e conex�o atribu�da ao evento. "O autoconhecimento � a chave para obter momentos de alegria", diz Busin.
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O psic�logo destaca ainda que felicidade e alegria s�o diferentes entre si, sendo a primeira um estado mental quase imposs�vel de atingir enquanto a segunda � fragmentada em lampejos recorrentes que proporcionam bem-estar.
Outro ponto de reflex�o sobre a troca de presentes � reconhecer o que nos deixa mais alegres: dar ou receber. "A troca de presentes est� inserida em nossa cultura. Muita gente tem dificuldade em rela��o ao recebimento de um presente. O dar � extremamente gratificante, porque voc� pensa no outro, mas aprender a receber tamb�m � importante para nossa vida", refor�a Busin.
A felicidade obtida quando somos presenteados est� conectada ao prazer e, consequentemente, tamb�m � frustra��o. No entanto, quando a rea��o � desproporcional, a m�dica psiquiatra Jessica de Araujo Martani recomenda estar atento aos sentimentos internos, muitas vezes alheios � situa��o.
"Ganhar presentes estimula nosso mecanismo de recompensa, ativando as vias dopamin�rgicas respons�veis pela nossa sensa��o de prazer, mas estar com nossa sa�de mental em dia � a melhor maneira de saber se a frustra��o adv�m do objeto ou de altera��es de humor pr�vias", aponta Martani.
Martani, que � observadora do programa de neuroci�ncias da Universidade Columbia, em Nova York, diz que tristeza e isolamento durante as datas festivas podem ser indicadores de que algo n�o vai bem. "Quando estamos em um humor deprimido � comum haver uma perda da sensa��o de prazer. Assim, independentemente do objeto recebido, h� uma menor ativa��o das vias dopamin�rgicas e, consequentemente, menor sensa��o de prazer", justifica a m�dica.
Um simples presente tamb�m pode ajudar a reavaliar e entender a rela��o com a pessoa que deu o mimo ou com as circunst�ncias em que isso aconteceu.
Os especialistas alertam ainda que quando a din�mica social esvazia o significado da troca de presentes, isso n�o passa despercebido pelo nosso c�rebro, levando a rea��es menos satisfat�rias, ou seja, nos sentimos menos felizes do que poder�amos.
"O consumismo interfere na vida da pessoa. Perde-se o valor [do presente] e, ao tornar-se comum, n�o atribui mais o sentimento de alegria, de felicidade", diz Busin.
Comprar algo por estar triste ou para se manter feliz � outra armadilha. "Em vez de resolver o problema, cria um ciclo vicioso. O efeito da compra acaba passando de forma muito r�pida e n�o resolve o motivo real da tristeza", afirma o psic�logo.
Uma dica, segundo Martani, � trabalhar a no��o pessoal de que o pre�o n�o deve limitar o impacto de um presente em nossas vidas, uma vez que as ideias de poder e consumo s�o constru�das.
"Inconscientemente, esses padr�es socioculturais v�o nos dando a normativa de beleza, o que s�o artigos de luxo, mas o gesto de dar e receber objetos transpassa o consumismo", diz a m�dica psiquiatra.
Para ela, devemos focar o carinho e a gratid�o envolvidos no gesto de ser presenteado e de presentear para atingir a felicidade de fato. "Al�m do valor monet�rio, h� um simbolismo que permeia o ato em si e, muitas vezes, isso � de extremo valor, independentemente de quanto foi pago pelo objeto."