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Estado de Minas REC�M-NASCIDOS

Ao fazer movimentos, beb�s "treinam" para controlar m�sculos

Ao mexer bra�os, pernas e cabe�a, eles come�am a controlar m�sculos e movimentos. Descoberta ajuda a identificar evolu��es at�picas, como paralisia cerebral


30/12/2022 09:00

Bebê
(foto: AFP)

Ao observar o dia a dia de beb�s, � f�cil perceber que eles dificilmente ficam parados. A maioria, antes mesmo de nascer, j� "chuta a barriga" da gr�vida. Depois, espera-se que os rec�m-nascidos n�o parem, mexendo bra�os, pernas e cabe�a aparentemente sem objetivo ou est�mulo externo. Uma pesquisa divulgada na Proceedings of the National Academy of Sciences (Pnas) mostra que esses "movimentos espont�neos" n�o s�o aleat�rios. Eles d�o in�cio � capacidade desenvolvida pelos humanos de controlar m�sculos e movimentos.

"Nossos resultados sugerem que os movimentos espont�neos neonatais e infantis, que parecem n�o ter prop�sito ou recompensa expl�cita, contribuem para o desenvolvimento sens�rio-motor fundamental", enfatiza Hoshinori Kanazawa, professor assistente do projeto, liderado pela Universidade de T�quio. As descobertas, segundo os autores, poder�o ajudar em investiga��es mais profundas sobre a origem do movimento humano, bem como no diagn�stico precoce de dist�rbios do desenvolvimento, como a paralisia cerebral.

Segundo Kanazawa, os resultados indicam que, "movidos pela curiosidade", os beb�s humanos "podem adquirir novas experi�ncias sens�rio-motoras por meio de movimentos explorat�rios do corpo". Essa habilidade foi denominada pelo grupo de perambula��o sens�rio-motora, que combina o comando motor com feedback sensorial. Tiago Leite, pediatra do Hospital da Crian�a de Bras�lia, explica que esse processo forma uma esp�cie de "mem�ria muscular".

"Os pesquisadores viram que, mesmo de maneira involunt�ria, o chamado comportamento explorat�rio aleat�rio gera bases neuronais e motoras para a crian�a desenvolver movimentos mais coordenados", afirma. "Isso d� condi��es neurol�gicas tanto para o desenvolvimento sensorial quanto para a coordena��o motora para, ent�o, atingir movimentos mais complexos, como pegar em pin�a e levar objetos � boca."

Padr�es


Como o modelo computacional identificou padr�es de intera��o muscular, h� a possibilidade de essas informa��es ajudarem a acusar um maior risco de um desenvolvimento fora do esperado. Segundo Kanazawa, estudos cl�nicos anteriores forneceram evid�ncias de que movimentos at�picos executados por beb�s podem ser considerados biomarcadores preditivos de dist�rbios.

A maioria dos estudos, por�m, focou em caracter�sticas cinem�ticas - as atividades musculares que causam movimento em uma articula��o ou parte do corpo. "Nosso procedimento, que se concentra nas intera��es entre sinais sens�rio-motores musculares, seria potencialmente valioso em pesquisas cl�nicas com o objetivo de utilizar essas informa��es como biomarcadores progn�sticos", aposta.

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O autor lembra que a equipe ainda n�o estabeleceu um uso cl�nico direto do m�todo criado, mas h� algumas aplica��es cogitadas. "Se pudermos entender melhor esses movimentos aparentemente aleat�rios e como eles est�o envolvidos no desenvolvimento humano inicial, tamb�m podemos identificar indicadores precoces de certos dist�rbios, como a paralisia cerebral", indicam os autores do estudo.

Surpresa

Para chegar �s conclus�es, os pesquisadores usaram uma tecnologia de captura de movimento. Com ela, registraram, durante 60 segundos, os movimentos articulares de 12 rec�m-nascidos com menos de dez dias de nascimento e de dez beb�s com cerca tr�s meses de idade. Em seguida, estimaram a atividade muscular dos beb�s e os sinais de entrada sensorial com a ajuda de um modelo de computador musculoesquel�tico de corpo inteiro, com escala infantil. Por fim, usaram algoritmos de computador para analisar as caracter�sticas espa�o-temporais da intera��o entre os sinais de entrada e a atividade muscular.

Os resultados surpreenderam o grupo. "Tem sido comumente assumido que o desenvolvimento do sistema sens�rio-motor geralmente depende da ocorr�ncia de intera��es sens�rio-motoras repetidas, o que significa que, quanto mais voc� faz a mesma a��o, mais prov�vel � que voc� aprenda e se lembre dela. No entanto, nossos resultados implicam que os beb�s desenvolvem o pr�prio sistema sens�rio-motor com base no comportamento explorat�rio ou na curiosidade, de modo que n�o repetem apenas a mesma a��o, mas uma variedade delas", compara Kanazawa.

Como pr�xima etapa, o grupo planeja avaliar como a perambula��o sens�rio-motora afeta o desenvolvimento posterior dos beb�s, como andar e alcan�ar objetos, juntamente com comportamentos mais complexos e fun��es cognitivas superiores. "Minha forma��o original � em reabilita��o infantil. Meu grande objetivo � entender os mecanismos subjacentes do desenvolvimento motor inicial e encontrar conhecimento que ajude a promover o desenvolvimento do beb�", diz o pesquisador.

Palavra de especialista

Tiago Leite, pediatra do Hospital da Crian�a de Bras�lia


"A conclus�o de que movimentos de rec�m-nascidos podem influenciar no sistema motor mais � frente pode parecer �bvia, mas conseguir comprovar cientificamente algo '�bvio' nessa magnitude � interessante. H� considera��es em rela��o � metodologia o tempo de capta��o por movimento � curto para tirar uma conclus�o dessa. Al�m disso, a quantidade de sujeitos estudados foi muito pequena em ambos os grupos. Os beb�s avaliados eram iguais entre si, mas os especialistas n�o consideraram que, a m�dio prazo, o desenvolvimento de meninas e meninos pode ser diferente. Ent�o, houve uma desigualdade nessa quest�o de g�nero. Acredito que o artigo provoca a necessidade de um estudo maior, em que ocorra o acompanhamento dessas crian�as. Ou seja, esses indiv�duos que foram analisados quando rec�m-nascidos devem ser avaliados tamb�m com 3 meses, 6 meses, 1 ano. Ficou faltando um controle de crian�as que tenham alguma limita��o para observar se o movimento aleat�rio tamb�m influencia no futuro."


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