Idosa

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Pixabay

A explos�o de casos de dem�ncia em todo o mundo, incluindo Alzheimer, pode estar associada � polui��o atmosf�rica, segundo um artigo publicado na revista Neurology, da Academia Norte-Americana de Neurologia. Embora estudos anteriores tenham encontrado rela��o entre a exposi��o a um tipo de material transportado pelo ar e doen�as neurodegenerativas, o atual se destaca pela quantidade expressiva de participantes: mais de 91 milh�es de pessoas.

Trata-se de uma meta-an�lise - um m�todo estat�stico de combina��o de artigos sobre o mesmo assunto - com dados de 17 pesquisas realizadas em diversas partes do mundo. Do total de indiv�duos acompanhados por esses estudos, 5,5 milh�es, ou 6%, desenvolveram algum tipo de dem�ncia. Os participantes tinham mais de 40 anos.

O artigo encontrou uma rela��o estat�stica entre a maior exposi��o a um tipo de poluente associado ao tr�fego e o risco aumentado de dem�ncia. Os pesquisadores se concentraram nos poss�veis efeitos neurol�gicos do material particulado fino, ou PM 2,5, que tem di�metro inferior a 2,5 m�crons e � transportado pelo ar. "� medida que as pessoas vivem mais, condi��es como a dem�ncia est�o se tornando mais comuns. Portanto, detectar e entender os fatores de risco evit�veis � fundamental para reduzir o aumento dessa doen�a", afirma, em nota, o principal autor do estudo, Ehsan Abolhasani, da Western University, no Canad�.

O pesquisador lembra que um relat�rio da Organiza��o Mundial da Sa�de (OMS) mostrou que mais de 90% da popula��o mundial vive em �reas com n�veis de polui��o do ar acima do recomendado. "Nossos resultados fornecem mais evid�ncias para a aplica��o de leis que regulamentem a qualidade do ar e acelerem a transi��o de combust�veis f�sseis para energias sustent�veis", enfatiza. O tipo de part�cula poluente que foi foco da meta-an�lise � um subproduto da queima de produtos � base de petr�leo.

Preven��o

No estudo, os pesquisadores analisaram as taxas de polui��o do ar � qual estavam expostas pessoas com e sem dem�ncia. Eles descobriram que o risco da neurodegenera��o aumentou em 3% para cada aumento de um micrograma por metro c�bico (µg/m3) de contato com part�culas finas. Os cientistas tamb�m avaliaram outras subst�ncias, como �xido de nitrog�nio, di�xido de nitrog�nio e oz�nio, mas n�o encontraram rela��o estat�stica com a condi��o debilitante.

"Embora nossa meta-an�lise n�o prove que a polui��o do ar causa dem�ncia - ela apenas mostra uma associa��o -, nossa esperan�a � de que essas descobertas estimulem as pessoas a assumirem um papel ativo na redu��o de sua exposi��o � polui��o", diz Abolhasani. "Ao entender o risco de dem�ncia pela exposi��o aos poluentes, as pessoas podem tomar medidas como usar energia sustent�vel, optar por viver em �reas com n�veis mais baixos de poluentes e defender a redu��o da polui��o do tr�fego em �reas residenciais."

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"Com a expectativa de que uma em cada tr�s pessoas nascidas hoje desenvolva dem�ncia ao longo da vida, h� uma necessidade premente de identificar e entender os poss�veis fatores de risco para a doen�a", afirma Sara Imarisio, da organiza��o internacional Alzheimer's Research. "A boa sa�de do c�rebro deve ser um foco ao longo da vida para reduzir o risco de dem�ncia, e trabalhar para um ar mais limpo em nossas cidades deve continuar sendo uma meta cr�tica de sa�de p�blica", considera.

Por�m, como se trata de um estudo observacional, que n�o estabelece causa e efeito, Imarisio destaca que mais pesquisas devem ser feitas antes de relacionar diretamente a dem�ncia e a polui��o por PM 2,5. "Doen�as como o Alzheimer come�am anos antes de os sintomas aparecerem, e seria �til saber onde as pessoas que participaram do estudo viveram nas d�cadas anteriores ao desenvolvimento da condi��o."

Pol�ticas de controle

"Embora as doen�as respirat�rias e cardiovasculares sejam bem conhecidas por estarem ligadas � polui��o do ar, mostrar liga��es entre a exposi��o a part�culas finas e a sa�de do c�rebro em um estudo abrangente destaca a import�ncia de agir rapidamente na redu��o da exposi��o, n�o apenas em �reas cr�ticas. Com base nessas e em descobertas semelhantes, a redu��o da exposi��o ao PM 2,5 em toda a popula��o deve se tornar uma prioridade fundamental para as pol�ticas de controle da polui��o do ar."

Stefan Reis, pesquisador sobre efeitos atmosf�ricos do Centro de Ecologia e Hidrologia do Reino Unido (UKCEH)

Mais 23 milh�es at� 2030

A Organiza��o Mundial da Sa�de (OMS) calcula que mais de 55 milh�es de pessoas (8,1% das mulheres e 5,4% dos homens acima de 65 anos) est�o vivendo com dem�ncia. Estima-se que esse n�mero aumente para 78 milh�es em 2030 e para 139 milh�es em 2050.

Exame de sangue acusa ind�cio da doen�a

Neurônios

Neur�nios

National Institute on Aging, NIH/Divulga��o�

Neurocientistas liderados pela Universidade de Pittsburgh, nos Estados Unidos, desenvolveram um teste para detectar um novo biomarcador da doen�a de Alzheimer em uma amostra de sangue. No estudo, publicado na revista Brain, os pesquisadores afirmam que o indicador, chamado "tau derivado do c�rebro", ou BD-tau, supera os diagn�sticos hematol�gicos atuais usados para indicar clinicamente a neurodegenera��o relacionada a esse tipo de dem�ncia.

"Atualmente, diagnosticar a doen�a de Alzheimer requer neuroimagem", lembra o autor s�nior, Thomas Karikar. "Esses exames s�o caros e demorados para serem agendados, e muitos pacientes n�o t�m acesso a aparelhos de resson�ncia magn�tica e PET. Acessibilidade � uma quest�o importante."

O diagn�stico da doen�a segue algumas diretrizes, que exigem a detec��o de tr�s componentes distintos da patologia de Alzheimer: a presen�a de placas amiloides, emaranhados tau e neurodegenera��o no c�rebro - por imagem ou pela an�lise de amostras do l�quido cefalorraquidiano.

Por�m, as abordagens sofrem limita��es econ�micas e pr�ticas, indicando a necessidade de desenvolvimento de biomarcadores confi�veis em amostras de sangue, cuja coleta � minimamente invasiva e requer menos recursos, afirma Karikari. "O desenvolvimento de ferramentas simples que detectam sinais de Alzheimer no sangue sem comprometer a qualidade � um passo importante para melhorar a acessibilidade. A utilidade mais importante dos biomarcadores sangu�neos � melhorar a vida das pessoas, a confian�a cl�nica e a previs�o de risco no diagn�stico da doen�a de Alzheimer."

A equipe desenvolveu uma t�cnica para detectar seletivamente prote�nas produzidas fora do c�rebro, que est�o associadas aos emaranhados tau. O ensaio foi validado em mais de 600 amostras de pacientes de cinco coortes independentes, incluindo aquelas de pessoas cujo diagn�stico de doen�a de Alzheimer foi confirmado ap�s a morte, bem como de indiv�duos com defici�ncias de mem�ria indicativas da dem�ncia em est�gio inicial. Agora, os cientistas planejam um estudo em larga escala para que, no futuro, o teste esteja dispon�vel comercialmente para uso cl�nico.