Cicatriz na m�o
Todos os anos, mais de 100 milh�es de pessoas sofrem cicatrizes, apenas em pa�ses de alta renda. Embora seja quase imposs�vel n�o exibir ao menos uma delas, em casos mais graves, al�m da quest�o est�tica, h� uma preocupa��o m�dica. Afinal, naquele peda�o da pele, morrem c�lulas, pelos, vasos sangu�neos, nervos e gl�ndulas sudor�paras, todos importantes para regular a temperatura do corpo, detectar sensa��es como dor e permitir a movimenta��o normal. Agora, um experimento com tr�s pacientes traz esperan�a de tratamentos que n�o apenas apagam as marcas, mas regeneram a pele por completo.
No estudo, do Imperial College de Londres, tr�s volunt�rios recuperaram a pele - com todas as suas fun��es - quando tratados com transplante de fol�culos pilosos. Al�m de ficar livre da cicatriz, o tecido ganhou novas c�lulas e vasos sangu�neos, remodelou as camadas de col�geno e chegou a expressar genes que s� existem em partes saud�veis do �rg�o.
Segundo os pesquisadores, que publicaram o resultado na revista Nature Regenerative Medicine, a descoberta poder� ser a base de novas terapias para les�es extensas. "At� agora, todos os esfor�os para remodelar as cicatrizes produziram resultados ruins. Nossas descobertas estabelecem as bases para tratamentos que podem rejuvenescer at� mesmo cicatrizes antigas e restaurar a fun��o da pele saud�vel", conta a especialista em bioengenharia Claire Higgins, principal autora do estudo.
Higgins explica que a pele saud�vel � constantemente renovada por fol�culos pilosos, que d�o origem aos pelos e ao cabelo. Isso pode ser observado em transplantes capilares, que, segundo ela, ajudam na cicatriza��o de feridas. Com esse conhecimento, os cientistas do Imperial College se aliaram a Francisco Jim�nez, cirurgi�o e professor da Universidade Fernando Pessoa, na Espanha. Ele � um especialista em cirurgias do tipo. Juntos, os cientistas transplantaram fol�culos pilosos para as cicatrizes antigas no couro cabeludo de tr�s volunt�rios. Os pesquisadores selecionaram o tipo de tecido cicatricial mais comum, o normotr�fico, que, geralmente, se forma ap�s a cirurgia. Antes do procedimento, os pesquisadores retiraram um pequeno peda�o da les�o, o que se repetiu dois, quatro e seis meses depois. Esse material foi submetido a bi�psias.
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Juntos, os cientistas transplantaram fol�culos pilosos para as cicatrizes antigas no couro cabeludo de tr�s volunt�rios. Os pesquisadores selecionaram o tipo de tecido cicatricial mais comum, o normotr�fico, que, geralmente, se forma ap�s a cirurgia. Antes do procedimento, os pesquisadores retiraram um pequeno peda�o da les�o, o que se repetiu dois, quatro e seis meses depois. Esse material foi submetido a bi�psias.
Os exames mostraram que os fol�culos desencadearam mudan�as arquitet�nicas e gen�ticas nas cicatrizes, tal como ocorre na pele saud�vel. Al�m da produ��o de cabelo, houve restaura��o das camadas, que adquiriram uma espessura normal. Depois de seis meses, o n�mero de c�lulas na derme dobrou, e o de vasos sangu�neos normalizou em 160 dias. A densidade das fibras de col�geno foi reduzida, diminuindo a rigidez do tecido.
�rg�os internos
Agora, os pesquisadores querem descobrir os mecanismos que permitiram a regenera��o da pele ap�s o transplante dos fol�culos pilosos. Assim, poder�o desenvolver terapias para partes do corpo que n�o t�m pelo e mesmo para �rg�os, como cora��o e f�gado, que sofrem cicatrizes ap�s ataques card�acos e doen�as hep�ticas, respectivamente. "Esse trabalho tem aplica��es �bvias para restaurar a confian�a das pessoas, mas nossa abordagem vai al�m da cosm�tica, pois o tecido cicatricial pode causar problemas em todos os nossos �rg�os", diz Higgs.
"Embora possa n�o parecer, muita coisa acontece sob a superf�cie da pele: fol�culos para o crescimento do cabelo, gl�ndulas para secretar suor e �leo, nervos para sentir dor e press�o. O tecido cicatricial n�o tem nenhuma dessas coisas", destaca Radika Atik, bi�loga especialista em pele da Case Western Reserve, nos Estados Unidos, que n�o participou do estudo. "As cicatrizes s�o mais do que apenas desfigurantes. Voc� perde gl�ndulas sudor�paras, nervos e outras formas cr�ticas de sentir e responder ao mundo ao seu redor. Poder dar �s pessoas a capacidade de regenerar a pr�pria pele � algo realmente muito emocionante", opina.
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