Infec��o pulmonar: uni�o de bact�ria e antibi�tico � promissora, diz estudo
Para os pesquisadores, estudo abre portas � cria��o de cepas de M. pneumoniae para combater outros tipos de doen�as respirat�rias, como c�ncer de pulm�o ou asma
Bact�ria � modificada e combinada com antibi�tico para tratar uma das principais causas de mortalidade em hospitais: a infec��o pulmonar
TONY KARUMBA/Divulga��o
O tratamento de infec��es pulmonares � realizado por meio de medicamentos que atuam diretamente contra o agente causador — fungos, v�rus ou bact�rias. Conforme a condi��o do paciente, m�dicos recorrem a antif�ngicos, antivirais ou antibi�ticos. Pesquisadores da Espanha criaram o primeiro "rem�dio vivo" para tratar esse tipo de complica��o.
O medicamento tem como alvo a Pseudomonas aeruginosa, uma bact�ria que � causa comum de infec��es hospitalares e resistente a diversos tipos de antibi�tico. Para combat�-la, a equipe apostou em outro micro-organismo, a bact�ria Mycoplasma pneumoniae, respons�vel por infec��es pulmonares. O pat�geno foi modificado para n�o causar doen�as no �rg�o vital e combinado com doses de antibi�ticos que, por conta pr�pria, n�o funcionariam contra a P. aeruginosa.
Em testes com camundongos, o tratamento de dose �nica dobrou a taxa de sobreviv�ncia das cobaias, em compara��o �s que n�o receberam o "rem�dio vivo". A administra��o n�o mostrou sinais de toxicidade nos pulm�es. Al�m disso, o sistema imune dos animais eliminou a bact�ria modificada em um per�odo de quatro dias. Os resultados do experimento foram publicados na revista Nature Biotechnology.
Na vis�o dos pesquisadores, o estudo abre as portas para a cria��o de cepas de M. pneumoniae para combater outros tipos de doen�as respirat�rias, como c�ncer de pulm�o ou asma. "Ela pode ser alterada com uma variedade de cargas diferentes — sejam citocinas, nanocorpos ou defensinas. O objetivo � diversificar o arsenal da bact�ria modificada e liberar todo o seu potencial no tratamento de uma variedade de doen�as complexas", diz, em nota, Luis Serrano, um dos autores do estudo e professor da Institui��o Catal� de Pesquisa e Estudos Avan�ados.
As infec��es por P. aeruginosa s�o dif�ceis de serem tratadas porque a bact�ria vive em comunidades que formam biofilmes que aderem a v�rias superf�cies do corpo e formam estruturas que escapam ao alcance dos antibi�ticos. A M. pneumoniae foi modificada justamente para dissolver esses biofilmes, liberando a a��o de medicamentos.
"Desenvolvemos um ar�ete que ataca bact�rias resistentes a antibi�ticos. O tratamento abre buracos nas paredes celulares, fornecendo pontos de entrada cruciais para os antibi�ticos invadirem e eliminarem infec��es", comemora, em nota, Mar�a Lluch, coautora do estudo e pesquisadora da Universidade Internacional da Catalunha.
A escolha pela M. pneumoniae se deu devido � f�cil adapta��o dessa bact�ria ao tecido pulmonar. "Depois de administrar a vers�o modificada, ela viaja direto para a fonte de uma infec��o respirat�ria, onde se instala como uma f�brica tempor�ria e produz uma variedade de mol�culas terap�uticas", detalham os autores.
Na vis�o do presidente da Sociedade de Infectologia do Distrito Federal, David Urbaez, as medica��es dispon�veis est�o, cada dia mais, apresentando "insucessos terap�uticos", uma vez que as bact�rias t�m capacidade de desenvolver mecanismos de resist�ncia das mais variadas naturezas. "Uma vez que se domina essa t�cnica de modifica��o gen�tica de outras bact�rias, elas se tornam coadjuvantes no tratamento, como no caso desse ensaio", pontua o infectologista.
O pr�ximo passo dos pesquisadores � realizar mais testes antes de chegar aos ensaios cl�nicos, com humanos. A previs�o � de que o tratamento seja administrado por meio de um nebulizador, dispositivo que transforma o rem�dio l�quido em uma n�voa, inalada por um bocal ou uma m�scara.
"Pesquisadores t�m focado em estudar o que se chama microbioma pulmonar. H� o entendimento de que existe no pulm�o uma variedade de micro-organismos que vivem em equil�brio, buscando modular diversas rea��es fisiol�gicas, incluindo as do sistema imunol�gico. Estima-se que a �rvore respirat�ria abrigue cerca de 2.000 genomas bacterianos por cent�metro quadrado de superf�cie. Algumas bact�rias podem causar doen�as respirat�rias se houver um desequil�brio da flora microbiana da �rvore respirat�ria, provocando dano no sistema imunol�gico. � o caso da bact�ria pseudomonas. Os pesquisadores est�o se apropriando desse conceito para trazer novas perspectivas de tratamento de doen�as infecciosas respirat�rias. Ao meu ver, � um campo muito promissor e que poder� se tornar uma ferramenta fundamental para enfrentar uma situa��o de alta letalidade, especialmente para grupos vulner�veis, como crian�as, idosos e imunossuprimidos".
Palavra de especialista
Ricardo Martins, professor do Hospital Universit�rio de Bras�lia (HUB-UnB) e secret�rio geral da Sociedade Brasileira de Pneumologia e Tisiologia
Microbioma promissor
“Pesquisadores t�m focado em estudar o que se chama microbioma pulmonar. H� o entendimento de que existe no pulm�o uma variedade de micro-organismos que vivem em equil�brio, buscando modular diversas rea��es fisiol�gicas, incluindo as do sistema imunol�gico. Estima-se que a �rvore respirat�ria abrigue cerca de 2.000 genomas bacterianos por cent�metro quadrado de superf�cie. Algumas bact�rias podem causar doen�as respirat�rias se houver um desequil�brio da flora microbiana da �rvore respirat�ria, provocando dano no sistema imunol�gico. � o caso da bact�ria pseudomonas. Os pesquisadores est�o se apropriando desse conceito para trazer novas perspectivas de tratamento de doen�as infecciosas respirat�rias. Ao meu ver, � um campo muito promissor e que poder� se tornar uma ferramenta fundamental para enfrentar uma situa��o de alta letalidade, especialmente para grupos vulner�veis, como crian�as, idosos e imunossuprimidos”.
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