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Gino Crescoli/Pixabay


A ideia de que a vida pode ser controlada � uma ilus�o – ningu�m tem poder de evitar determinadas situa��es, e � assim: n�o s� sucesso, mas n�o s� fracasso, aponta a psic�loga, neuropsic�loga e palestrante Janusa Silv�rio. Quanto mais intelig�ncia emocional, mais capacidade a pessoa tem para lidar com as adversidades, ensina. Importante � acolher o momento da crise, o que n�o quer dizer cair no conformismo, pontua.
 
"Esse processo da aceita��o, que inclusive � um dos pilares do mindfulness (aten��o plena), significa ter mais consci�ncia da situa��o de dificuldade, e trabalhar esse momento com paci�ncia, resili�ncia, autocompaix�o e aprendizado. Reconhecer que o problema existe � fundamental; caso contr�rio, vira uma fuga. Mas � preciso pensar a vida al�m da crise", recomenda.
 
Ela salienta que o estresse e a ansiedade, grandes vil�es na sociedade moderna, n�o s�o sin�nimos, ainda que tenham uma rela��o direta. O estresse � mais proveniente de um esfor�o demasiado, de um ac�mulo de tens�es, enquanto a ansiedade � mais ligada a uma preocupa��o com o futuro. O que torna um ou outro patol�gico � a intensidade com que s�o sentidos e manifestados, j� que, dentro de um equil�brio, podem ser at� produtivos.
 
"Uma ansiedade normal pode ser protetora e motivadora. Mas, excessiva, traz in�meros preju�zos � sa�de, f�sica e ps�quica, como dor de cabe�a, problemas de pele, queda de cabelo, doen�as cr�nicas, tristeza, choro f�cil, baixa energia, altera��es na libido, no apetite, no sono, desequil�brios digestivos, irritabilidade, bruxismo, sudorese. S�o sintomas que precisam ser avaliados para saber se � ansiedade mesmo, porque tamb�m indicam outros dist�rbios", pondera Janusa.
 
A psicóloga, neuropsicóloga e palestrante Janusa Silvério

Importante � entender que nenhuma crise dura para sempre, � algo passageiro, refor�a a psic�loga, neuropsic�loga e palestrante Janusa Silv�rio

Arquivo Pessoal
Importante � entender que nenhuma crise dura para sempre, � algo passageiro, refor�a a psic�loga. "Uma emo��o que sempre aflora em momentos de crise � a tristeza e, por mais que seja um sentimento que queremos evitar, podemos aprender com ela. Quando tristes, ficamos mais reclusos, e mais reclusos pensamos mais nas nossas quest�es internas. Dessa forma, criamos novas estrat�gias para novas mudan�as. Fundamental entender que aquele momento n�o � o fim. Podemos sair da crise mais fortes e amadurecidos."
 
Outra forma harmoniosa de lidar com as dificuldades �, para Janusa, n�o perder a esperan�a, o otimismo e a f�. E, para quem gosta de reclamar, ela diz que esse � um h�bito altamente nocivo que, al�m de n�o resolver nada, prejudica o c�rebro, afasta as pessoas, e contamina o ambiente. "Estudos comprovam que o h�bito de reclamar altera a estrutura cerebral, diminuindo o hipocampo, que � uma �rea respons�vel pelas emo��es, mem�ria e aprendizado. Uma maneira de ficar livre desse 'v�cio' � treinar a mente ao contr�rio, e exercitar a gratid�o", refor�a.
 
E, pensando que o homem � um ser biopsicossocial e espiritual, investindo nesses quatro eixos grandes mudan�as tendem a acontecer. "O al�vio dos problemas tem mais chance de acontecer se a pessoa decidir sair do piloto autom�tico, dessa maneira de viver que s� repete padr�es equivocados", indica.
 
Bons relacionamentos Afinal, � poss�vel transformar tempos de crise emocional em uma receita de vida para usar em outros momentos? "Tudo vai depender do aprendizado extra�do no momento da crise. E o aprendizado � subjetivo", responde Janusa. Tamb�m ter relacionamentos sadios, bons e sinceros amigos ajuda a preservar a sa�de mental, acrescenta a psic�loga. "S�o uma rede de apoio, nos tornam pessoas mais emp�ticas e n�o d�o a sensa��o de bem-estar e prazer. � nas rela��es com os amigos que � estimulada a ocitocina, horm�nio que faz parte do 'pacote dos neurotransmissores' e est� relacionado com a felicidade", diz.
 
Janusa refor�a que a emo��o � algo natural e universal. Nojo, raiva, medo, tristeza e alegria s�o algumas delas, b�sicas, e surgem independentemente do desejo. "A quest�o principal � a forma como lidamos com cada uma delas. A� que entra a raz�o, o que podemos chamar tamb�m de gest�o das emo��es. N�o � problema senti-las, o equil�brio ou n�o vem da maneira como s�o expressadas, colocadas para fora. O ponto-chave � o equil�brio."

Obst�culos para nova trajet�ria profissional

Jessica Andrade de Paula

Jessica Andrade de Paula sofreu para conseguir dar uma guinada na carreira

Andrapa Solu��es/Divulga��o
"A vida pode dar muitas reviravoltas e nem sempre � f�cil, principalmente para mulheres que escolhem viver de acordo com o que acreditam", diz a empres�ria no marketing m�dico Jessica Andrade de Paula , de 35 anos. O momento desafiador que experimentou tem a ver com as escolhas na carreira.
 
� de uma fam�lia de empreendedores – os pais t�m uma pequena f�brica de cal�ados e, como toda pequena empresa no Brasil, enfrentaram dificuldades. Jessica graduou-se em administra��o e zo-  otecnia em 2011 e, ainda na �poca da faculdade, trabalhou em uma multinacional, morou em outros estados, com a atua��o voltada para o ramo de vendas. Mas, em determinado ponto, come�ou a sentir que aquele n�o era seu lugar.
 
"Depois de come�ar minha primeira p�s-gradua��o, em marketing, chutei o balde e decidi mudar de �rea e empreender. Comecei do zero. Trabalhando sozinha, montei um portf�lio  e fui literalmente bater de porta em porta nas empresas na rua", lembra. Para Jessica, foi uma �poca desgastante – era dif�cil ser ouvida por pessoas que n�o a conheciam. At� os clientes come�arem a aparecer e as coisas flu�rem realmente, ela experimentou dificuldades.
 
"Me sentia in�til, sem perspectivas, sentia vergonha dos outros, da fam�lia em especial. Chorava escondido, era muito maltratada pelas pessoas que me recebiam nas empresas, o que me fazia �s vezes duvidar de mim, da minha capacidade. Pedi para meu esposo me acompanhar em algumas visitas e, quando ele estava e faz�amos reuni�es com empres�rios do g�nero masculino, alguns se dirigiam somente ao meu esposo, o que refor�ava minha inseguran�a", relata.
 
O ano era 2015. Jessica se lembra das noites maldormidas. Mais tarde, foi diagnosticada com ansiedade e depress�o, e s� cinco anos depois come�ou a tomar medica��o. Rezava muito e diz que o apoio do marido foi fundamental para aliviar os problemas.  "Ele me colocava pra cima, me ajudava a enxergar as coisas com olhos mais felizes. Isso me ajudou muito."
 
Quando esteve no m�dico, em 2020, o especialista explicou que sua ansiedade era tamanha que j� interferia no sono, na alimenta��o e na vida social. "Tentamos alguns fitoter�picos, mas n�o resolveu. Ent�o, iniciei o tratamento com medicamentos e terapia."
 
Tudo melhorou com o tempo, e a empresa pr�pria, a Andrapa Solu��es, que atua na �rea do marketing m�dico, prosperou. "� claro que n�o � tudo mil maravilhas. Devido ao estresse, desenvolvi um bruxismo alarmante, ainda fa�o uso de medica��o. N�o � f�cil, e a responsabilidade � grande. Ainda assim, sinto que estou no lugar certo, amo o dinamismo e os desafios di�rios", conta.
 
Para Jessica, n�o foi f�cil iniciar a nova trajet�ria profissional e come�ar do zero, mas acreditar que poderia fazer a diferen�a na vida das pessoas com seu trabalho, ela diz, fez com que se mantivesse resiliente. "Desde ent�o, n�o parei mais, me especializei ainda mais na �rea comercial e marketing. Sou muito grata por tudo que constru�mos at� aqui", agradece.
 
Seis passos para lidar com as crises* 
 
1) Analise suas emo��es

� preciso compreender de forma racional as circunst�ncias em que a crise se passa. Esse � o primeiro passo. Dica: para isso, reflita sobre a crise para distinguir emo��es da raz�o. Se precisar, anote ou procure algu�m de confian�a para compartilhar o que sente

2) Foque no autoconhecimento

Parece clich�, mas quem passa por uma crise deve reconhecer os pr�prios sentimentos e buscar pr�ticas que aliviam a dor. Dica: tente se lembrar de outras situa��es vividas que conseguiu superar, preencha a mente com qualidades e afirma��es positivas sobre si mesmo, pense bem antes de tomar uma decis�o e busque ajuda profissional

3) Fa�a amizade com o tempo

A m�xima de que o tempo cura tudo � um sin�nimo de amadurecimento. Fa�a uma an�lise da crise sofrida, pondere se outras pessoas da mesma idade ou momento de vida geralmente passam por isso. Dica: ou�a ou leia hist�rias de amadurecimento psicol�gico e supera��o para se fortalecer no outro. Tente n�o se cobrar tanto e converse com pessoas mais experientes, aprenda a ouvir queixas e cr�ticas de forma construtiva, menos com a emo��o e mais com a raz�o

4) Reveja sua rela��o com o pr�ximo

Se algu�m espec�fico foi a causa da sua crise emocional, essa orienta��o � indispens�vel. Dica: procure refletir se ainda existe algum sentimento de rancor pela pessoa que feriu voc�, o quanto ainda a machuca e que li��es podem ser tiradas dessa experi�ncia – escreva se achar melhor

5) Viva mais leve (promova a paz)

H�bitos simples podem fazer a diferen�a. Dica: desconecte-se das redes sociais por algumas horas ou dias, tente n�o pensar nos problemas e afazeres por alguns instantes, respire e inspire devagar por cinco vezes, escolha uma lembran�a, imagem ou objeto que lhe traga paz e foque nela antes de se reconectar

6) Monte a sua receita emocional

Pratique todas as dicas acima e seja criativo, adapte-se � sua realidade e veja o que funciona melhor para voc�. Assim, poder� montar pr�pria receita para seguir quando surgir outra instabilidade

Fonte: Marcela Bezerra Dias,  psic�loga e psicopedagoga 

* A proposta de Marcela com a receita emocional n�o � substituir a necessidade de tratamento psicol�gico. A quem passa por momentos dolorosos, ela orienta unir as abordagens: buscar um psic�logo ou psiquiatra e, juntamente com o acompanhamento profissional, colocar em pr�tica o passo a passo, na inten��o de acelerar o processo de al�vio ps�quico ou de cura