criança segura um monte de balas coloridas, aparece só as mãozinhas gordinhas

De acordo com o Minist�rio da Sa�de (MS), de 2008 a 2021, a taxa de obesidade infantil no Brasil cresceu 70%

Patrick Fore/Unsplash
Segundo dados do relat�rio p�blico do Sistema de Vigil�ncia Alimentar e Nutricional (Sisvan), do Minist�rio da Sa�de (MS), de 2008 a 2021, a taxa de obesidade infantil no Brasil cresceu 70%. Esse aumento exacerbado tamb�m se deve � pandemia da COVID-19, que potencializou os fatores de risco. O estudo mostra que uma em cada 10 crian�as de at� cinco anos est� com o peso acima do ideal (7% com sobrepeso e 3% com obesidade). S� em 2012, cerca de 356 mil crian�as, de cinco a 10 anos, foram diagnosticadas com obesidade. Em Minas Gerais, em 2008, foram registradas quase 14 mil  (6.34%)  crian�as com sobrepeso. J� em 2022, o n�mero se aproximou de 70 mil (14%).

Os dados s�o preocupantes. A obesidade em crian�as e adolescentes resulta de uma s�rie complexa de fatores gen�ticos e comportamentais que envolvem fam�lias e escolas. Se n�o tratada, pode causar problemas como infarto, incha�o dos vasos sangu�neos e acidente vascular cerebral (AVC).

A nutricionista do Hapvida NotreDame Interm�dica, Michele Arruda, refor�a que al�m de diabetes e hipertens�o, a crian�a acima do peso pode desenvolver problemas nas articula��es. “O joelho � o mais prejudicado, pois o corpo n�o est� estruturado para aquele perfil e esse excesso pode ocasionar problemas nos ossos. Outro problema comum � o desenvolvimento da apneia do sono, em que a respira��o fica comprometida, pois o aumento de peso leva a uma press�o no diafragma, ent�o, consequentemente o sono fica comprometido”.

Obesidade infantil afeta tamb�m a sa�de mental

A obesidade infantil, al�m de impactar na sa�de f�sica, tamb�m afeta a sa�de mental da crian�a. “A quest�o da compara��o de peso, da est�tica. Ent�o, essa crian�a acaba por se retrair, se excluindo de alguns locais, tendo uma leve depress�o. Ela se sente mal por n�o conseguir acompanhar o coleguinha durante uma brincadeira ou na pr�tica de algum esporte, pois se cansa mais r�pido que os demais”, explica a nutricionista.
Michele Arruda pontua que os principais fatores que desencadeiam a obesidade infantil est�o atrelados ao estilo de vida da fam�lia. “Come�a desde a introdu��o alimentar, com a oferta desde cedo de alimentos ultraprocessados, refrigerantes, doces, gorduras, excesso de s�dio. N�o h� um equil�brio. O sedentarismo tamb�m tem grande influ�ncia. Hoje em dia, o percentual de crian�as que passam a maior parte do tempo na frente do computador ou celular � grande".

� obriga��o dos pais escolherem uma alimenta��o saud�vel
mulher segura um hambúrguer com batas fritas ao fundo

Pais e respons�veis t�m obriga��o de optarem por uma alimenta��o saud�vel e n�o fast food, crian�as aprendem com os adultos

Michael Wave/Pixabay

Por isso, a nutricionista alerta que a fam�lia tem de ser o exemplo para a crian�a, j� que os filhos s�o reflexos dos pais: "Se os pais t�m h�bitos saud�veis, consequentemente, seus filhos tamb�m ter�o. Durante a compra dos alimentos � primordial que os pais fa�am as melhores escolhas, sempre optando por alimentos nutritivos, pois isso vai impactar na sa�de da crian�a”.

Michele Arruda ressalta que � importante respeitar a saciedade da crian�a, pois cada uma deve ser tratada de acordo com suas particularidades. “H� crian�as que v�o ter mais fome que outras e isso � algo que precisa ser respeitado. Aquele paradigma de antigamente de que crian�a que repete a comida, ou aquela que � gordinha � mais bonito de se ver precisa ser mudado. O importante � sempre manter uma alimenta��o balanceada, mesmo que a crian�a coma pouco, pois se n�o houver os devidos cuidados essa crian�a pode ter um risco de vida e um impacto negativo em sua vida adulta”.

Tratamento envolve acompanhamento multidisciplinar

O tratamento da obesidade infantil envolve um acompanhamento multidisciplinar, abordando todos os aspectos que envolvem a sa�de da crian�a. “O nutricionista vai fazer a reeduca��o alimentar, orientando quanto a troca de alimentos que v�o dar mais saciedade. Essa restri��o alimentar no in�cio � necess�ria. A palavra dieta em si assusta, pois muitas pessoas pensam que � passar fome, mas � apenas uma mudan�a para h�bitos alimentares saud�veis que v�o ajudar a chegar ao peso ideal. O psic�logo ajuda na quest�o da sa�de mental, j� que crian�a com obesidade tem ansiedade e compulsividade alimentar que precisam ser tratadas", orienta. 

Conforme Michele Arruda, � importante tamb�m direcionar a crian�a para um profissional de educa��o f�sica para estimular o gasto cal�rico de forma prazerosa: "Atividades f�sicas tiram a crian�a do �cio e fazem com que elas n�o pensem apenas em comer. Por fim, h� a atua��o do endocrinologista que vai manter os padr�es de normalidade dos exames laboratoriais dessa crian�a, eliminando todos os riscos de sa�de”, alerta.

A nutricionista avisa sobre a import�ncia do equil�brio alimentar: "Se voc� tem 80% de sua alimenta��o saud�vel e 20% envolvendo fast food ou doces, n�o vai impactar tanto na sua sa�de. Mas se ela tem 90% de alimenta��o errada e 10% de alimenta��o saud�vel, isso vai influenciar na sua vida. Ent�o, � preciso organizar esse contexto, para que o futuro da popula��o venha a ter sa�de, j� que as crian�as est�o adoecendo mais cedo e a probabilidade de longevidade est� diminuindo”.