A cabeleireira Mabel Garcia e Janaína de Oliveira

A cabeleireira Mabel Garcia, que se tornou refer�ncia em cabelos chacheados em BH, e sua assistente de marketing, Jana�na de Oliveira, em sal�o no Bairro Cidade Nova, Regi�o Leste da capital mineira

Gladyston Rodrigues/EM/D.A Press

Cabelo, cabeleira, cabeluda, descabelada.” Na voz de Gal Costa, a can��o “Cabelo”, de Arnaldo Antunes, nunca esteve t�o em alta. Depois de uma longa fase de supervaloriza��o dos fios lisos (ou alisados) – passando pelo secador, “chapinha” ou de t�cnicas mais invasivas, como relaxa- mento, progressiva, botox e selagem – agora � a vez dos cachos.
 
Na verdade, � a vez dos cabelos naturais, sem qu�mica ou qualquer subst�ncia que estique os fios. Vide as entrevistadas nesta reportagem: Mabel Garcia, Jana�na Oliveira, Vit�ria Moreira e Etienne Martins, que, especialistas ou n�o, tomaram uma decis�o importante: passar pela transi��o capilar, apostando em si mesmas e na beleza natural.
 
A cabeleireira Mabel Garcia, especialista em cachos e propriet�ria do sal�o Ra�zesse, em Belo Horizonte, conhece bastante esse universo e sentiu na pele as dores de lidar com seus cabelos crespos em uma �poca em que todas as mu- lheres alisavam as madeixas. 
 
 
“Desde os 6 anos, lembro-me de que era dif�cil lidar com um cabelo que ficava s� para cima. Aos 9, vi meu cabelo com movimento pela primeira vez. Alisei, assim como minhas tias, que eram mi- nhas refer�ncias”, comenta. Na adolesc�ncia, Mabel disse que vivia “apurando” o cabelo, alisando e cortando. “Eu costumava pensar em ser cabeleireira porque n�o queria ser dependente de ningu�m. Isso mexia muito comigo.”
 
 
Foi a� que ela decidiu, aos 18, fazer um curso no Senac e come�ar a trabalhar com alisamento, ensinando a t�cnica a profissionais da beleza. “Todas as minhas experi�ncias haviam sido na ind�stria, ent�o quando entrei no setor do com�rcio, tive que aprender a lidar com profissionais da �rea, mas havia muito boi- cote”, relembra. “Aprendi lutando, fazendo.”
 
Da juventude para a vida madura, Mabel deu alguns saltos na carreira. Saiu do sal�o onde trabalhava, abriu outro, mas ainda na regi�o nobre da capital mineira. No entanto, as contas n�o fechavam. Mabel tinha que gerir o neg�cio, atender as clientes, cuidar da equipe, entre outras atividades. No final dessa fase, que durou cerca de oito anos, o relaxamento estava caindo de moda e a t�cnica que imperava era a progressiva. “Os cabelos n�o tinham mais nenhuma curvatura… eram totalmente lisos”, conta a especialista. “Al�m disso, a progressiva n�o exigia muitas habilidades t�cnicas, era um processo muito mec�nico, que n�o trabalhava a criatividade.”

REFER�NCIA

A partir de suas idas �s feiras de beleza em S�o Paulo, um amigo perguntou se ela n�o queria representar uma marca de produtos americanos para cabelos cacheados em Minas Gerais. Ela come�ou a ser procurada por clientes “cacheadas” desse sal�o tradicional. Mabel conta que aprendeu muito. “Meu cabelo era como o delas. Estava alisado, mas elas falavam em transi��o capilar e eu nem sabia o que era isso. Comecei a entender, me interessar por blogueiras que falavam sobre o tema e iniciei a entrega de resultados.”
 
Ao procurar pela marca de produtos nos Estados Unidos, ela descobriu que eles dariam um curso no Brasil. Prontamente, se inscreveu e se especializou. Embora mantivesse seu neg�cio na Regi�o Centro-Sul de BH, Mabel viu que precisava estar onde grande parte de suas clientes est�. “Isso foi no fim de 2016. Eu tamb�m queria ficar pr�xima dos meus filhos, da minha fam�lia.”
 
Em janeiro de 2017, Mabel abriu o sal�o Ra�zesse, no Bairro Cidade Nova, e virou refer�ncia de cabelos cacheados, ondulados, crespos, enfim, naturais, na regi�o e, posteriormente, em BH e no entorno. Em 2018, ela criou uma linha de produtos para cabelos pensando na mu- lher “cacheada”. 
 
Atualmente, o sal�o e a especialista t�m mais de 270 mil seguidores nas redes sociais. Mabel criou, inclusive, a Comunidade dos Cachos (CDC), no Instagram, onde mant�m mais de 17 mil seguidoras e tamb�m oferece cursos na �rea para profissionais de beleza. Ela trabalha 12 horas, �s vezes 14 horas por dia. E os projetos n�o param por a�.