Casos de cegueira acendem alerta para riscos no uso de cosm�ticos; entenda

Depois que a Ag�ncia Nacional de Vigil�ncia Sanit�ria (Anvisa) proibiu a comercializa��o de pomadas para modelar e tran�ar cabelos, respons�veis por danos � vis�o, inclusive cegueira, acende o alerta para a seguran�a e os perigos do uso de produtos cosm�ticos. Para pessoas al�rgicas ou com outras restri��es � recorrente, por exemplo, os riscos de intoxica��o. Desta forma, h� que se ter cuidado com o que est� por tr�s do t�o procurado skincare.

Sinais como ard�ncia, sensa��o de queima��o, incha�o, bolhas, coceira, escurecimento ou foma��o de crostas na pele s�o indicativos de que alguma coisa n�o vai bem - diante deles, a recomenda��o de dermatologistas � suspender de imediato a utiliza��o do produto e procurar atendimento m�dico.

Muitas vezes, les�es iniciais podem levar a infec��es por bact�rias, v�rus ou fungos, em um segundo momento, o que, se for agravado, pode ainda afetar outros �rg�os, assim como a chance de aparecimento de manchas e cicatrizes permanentes. Alergias tamb�m podem ocorrer, mesmo que n�o seja o primeiro contato com determinado produto.

No caso das pomadas capilares, a dermatologista Fernanda Porphirio, especialista em Dermatologia e Est�tica pelo Hospital Mount Sinai, em Nova York, diz que muitos cosm�ticos t�m em sua composi��o o �lcool propilenoglicol, que em altas taxas pode causar danos oftalmol�gicos. "� poss�vel que esses produtos tenham excedido a concentra��o permitida pela Anvisa."

No geral, um item que comumente leva a problemas s�o as tintas de cabelo. Para ter seguan�a na aquisi��o de algum produto, que pode at� mesmo ser t�xico (como os que cont�m chumbo, amianto ou formol, por exemplo), � importante observar se o r�tulo cont�m informa��es como marca, tipo de produto, pa�s de origem, composi��o, advert�ncias e restri��es de uso, modo de usar, validade, lote e quantidade, nome do fabricante, CNPJ da empresa, e canais de atendimento ao cliente.

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Para o armazenamento, o indicado � que estejam em lugar protegido de luz, umidade e calor, sem contato com artigos de limpeza, e fora de acesso para as crian�as. Uma boa alternativa para quem quer cuidar da beleza, preservando a sa�de, s�o os produtos naturais, que ganham mercado a cada dia, ainda que gerem controv�rsias em alguns casos.

Cuidados

O dermatologista Rafael Soares alerta para os riscos de fazer qualquer tipo de procedimento est�tico sem indica��o e acompanhamento profissional. "A regra de n�o se automedicar tamb�m vale para a dermatologia. Tudo deve ser indicado e acompanhado por um profissional", comenta.

Al�m de usar produtos sem orienta��o, as pessoas muitas vezes seguem dicas de influenciadores e usam at� alimentos como parte da rotina de cuidados com a pele. O m�dico ressalta que um sabonete que uma celebridade usa nem sempre ser� o recomendado para todos, e que passar qualquer alimento no corpo pode trazer riscos � sa�de da pele.

"Os alimentos em p� ou gr�os, usados na maioria das vezes para esfoliar a pele, podem, na verdade, ferir o tecido e provocar infec��es. J� o lim�o, por possuir uma subst�ncia chamada fotossensibilizadora, pode estimular a produ��o de melanina quando entra em contato com a luz do sol e provocar manchas", pontua.

Alerta � popula��o

Tem crescido o n�mero de casos que associam graves preju�zos oculares ao uso de pomadas capilares utilizadas para modelar e fixar penteados. O assunto est� na ordem do dia. Os relatos apontam que algumas marcas t�m provocado dor e irrita��o nos olhos, p�lpebras inchadas e dificuldade para enxergar (at� cegueira tempor�ria), sintomas observados ap�s a lavagem dos cabelos onde foi utilizado o produto, ou depois do contato com a �gua de piscina ou do mar.

A Anvisa tem investigado marcas e fabricantes relacionados �s rea��es adversas, que j� levaram centenas de pessoas �s unidades de pronto atendimento em diversos estados do pa�s.

Diante da repercuss�o desses casos, o Conselho Brasileiro de Oftalmologia (CBO) alerta sobre os cuidados com o manuseio desses produtos e as provid�ncias perante complica��es envolvendo os olhos. S�rgio Kwitko, membro do CBO e presidente da Sociedade Brasileira de C�rnea, aponta:

1) Os relatos que circulam em redes sociais e em ambientes hospitalares associam rea��es, como cegueira tempor�ria, irrita��o e sensa��o de queimadura nos olhos, ao uso de pomadas modeladoras de diferentes marcas e fabricantes, o que indica a necessidade de aten��o por parte dos consumidores � composi��o qu�mica desses produtos.

2) A metilcloroisotiazolinona (MCI) e a metilsotiazolinona (MI) - ambos compostos qu�micos comumente utilizados na formula��o de cosm�ticos dessa natureza - s�o uma amea�a � vis�o dos consumidores. Esses conservantes cont�m elementos t�xicos � pele e mucosas, podendo causar alergias e queimaduras nos olhos e na pele, al�m de toxicidade pulmonar e neurotoxicidade.

3) Nos olhos, estes compostos qu�micos podem provocar blefarites (inflama��es das p�lpebras), conjuntivites (inflama��o da conjuntiva) e ceratites (�lceras de c�rnea), bem como o grave comprometimento da vis�o.

4) O CBO orienta os consumidores a consultar o r�tulo dos produtos cosm�ticos, sendo que, em caso de compra, observar que o seu uso n�o seja feito nas proximidades dos olhos. Tamb�m se deve ficar atento � possibilidade de o produto escorrer para os olhos quando em contato com a �gua ou suor.

5) Em casos de rea��es oculares adversas, as pessoas afetadas devem lavar imediatamente os olhos com soro fisiol�gico e procurar atendimento m�dico com urg�ncia, de prefer�ncia com oftalmologista.

O Conselho Brasileiro de Oftalmologia solicita ainda aos �rg�os respons�veis que obriguem as empresas fabricantes a inserir nas embalagens alertas claros e did�ticos sobre os riscos � sa�de que o contato com esses produtos pode gerar.