vacina
Mesmo com tantas evid�ncias do perigo que representa estar desprotegido contra essa infec��o sexualmente transmiss�vel (IST), o Programa Nacional de Imuniza��es (PNI) constatou queda na prote��o do p�blico-alvo dessa vacina no ano passado.
Segundo dados divulgados pelo Minist�rio da Sa�de em 21 de fevereiro, 87,08% das meninas brasileiras entre 9 e 14 anos de idade receberam a primeira dose da vacina em 2019, e em 2022, a cobertura caiu para 75,81%. Entre os meninos, a cobertura vacinal caiu de 61,55%, em 2019, para 52,16%, em 2022.
Infectologista da Funda��o Oswaldo Cruz (Fiocruz) e do Instituto I'Dor, Jos� Cerbino Neto explica que poucos dos mais de 100 tipos de HPV s�o relacionados ao c�ncer, e os tipos 16 e 18 s�o os mais perigosos.
Indicada no Sistema �nico de Sa�de (SUS) para adolescentes de 11 a 14 anos e pessoas com situa��es espec�ficas da sa�de, a vacina contra o HPV protege contra esses dois tipos e tamb�m contra duas cepas respons�veis por verrugas genitais. Al�m do p�blico-alvo do PNI, pessoas de at� 45 anos podem obter a vacina em cl�nicas privadas de imuniza��o, segundo autoriza��o da Ag�ncia Nacional de Vigil�ncia Sanit�ria (Anvisa).
"Se entende que a vacina��o nessa popula��o de 11 a 14 anos vai ter um maior impacto, porque essas pessoas estar�o vacinadas desde antes de iniciar sua vida sexual. Mas para qualquer pessoa n�o vacinada at� 45 anos, h� um benef�cio com a vacina��o", destaca o pesquisador.
"A vacina tem a capacidade de proteger as pessoas da infec��o sexualmente transmiss�vel, e, em �ltima an�lise, proteg�-las de um c�ncer que elas poderiam vir a desenvolver".
Pessoas que vivem com HIV/aids, transplantados de �rg�os s�lidos, de medula �ssea ou pacientes oncol�gicos na faixa et�ria de 9 a 45 anos tamb�m podem ser vacinados gratuitamente no SUS, em algum centro de refer�ncia de imunobiol�gicos especiais, com o esquema de tr�s doses.
As estimativas do Minist�rio da Sa�de d�o conta de que cerca de metade de todas as mulheres diagnosticadas com c�ncer do colo de �tero t�m entre 35 e 55 anos de idade e muitas, provavelmente, foram expostas ao HPV na adolesc�ncia ou na faixa dos 20 anos de idade.
Incid�ncia
Apesar de ser associado a casos de c�ncer, a grande maioria dos casos de infec��o pelo HPV n�o evolui dessa forma. Em grande parte dos casos, o pr�prio sistema imunol�gico se encarrega de combater o v�rus antes do surgimento de sintomas.
Segundo o Minist�rio da Sa�de, os primeiros sintomas podem aparecer de dois a oito meses ap�s a infec��o pelo HPV, mas continuam a existir chances mesmo duas d�cadas ap�s o contato. As manifesta��es sintom�ticas s�o mais comuns em gestantes e em pessoas com imunidade baixa. O v�rus pode causar les�es vis�veis e invis�veis a olho nu, e a manifesta��o mais frequentes s�o verrugas na regi�o genital ou anal. Essas verrugas, em geral, est�o associadas aos tipos n�o cancer�genos de HPV.
Cerbino destaca que a maioria da popula��o adulta vai ser infectada pelo HPV em algum momento da vida. Como os tipos do v�rus associados ao c�ncer s�o os que provocam les�es mais graves, eles s�o os mais frequentemente diagnosticados e testados laboratorialmente, o que n�o significa que sejam os que mais circulam.
"Eles s�o os mais identificados por serem os que causam mais doen�as", destaca. "Como existe mais de um subtipo, h� benef�cios em tomar a vacina para quem j� teve o HPV, porque voc� estaria aumentando sua prote��o contra uma eventual nova infec��o, embora isso n�o seja comum".
O Minist�rio da Sa�de e o Instituto Nacional de C�ncer (Inca) citam estudos internacionais que apontam que chega a 80% o percentual de mulheres sexualmente ativas que ter�o contato com um ou mais tipos de HPV em algum momento de suas vidas, e essa porcentagem pode ser ainda maior em homens. Pesquisadores que se debru�am sobre o tema estimam que entre 25% e 50% da popula��o feminina e 50% da popula��o masculina mundial esteja infectada por HPV.
Para o infectologista da Fiocruz, campanhas antivacina e boatos se somam � dificuldade de mobilizar a faixa et�ria alvo da vacina��o como alguns dos obst�culos a uma cobertura maior para a imuniza��o contra o HPV.
"O nosso calend�rio vacinal tem vacinas recomendadas para todas as faixas et�rias, mas a nossa cultura � vacinar as crian�as. Ent�o, o fato de a vacina ser aplicada dos 11 aos 14 anos pode ter contribu�do para a cobertura ter sido mais baixa", avalia ele, que destaca que a vacina � segura e eficaz, al�m de ser aplicada em mais de 100 pa�ses.
Vacina nova
O imunizante contra o HPV dispon�vel no PNI e nas cl�nicas privadas at� este ano � o quadrivalente, que protege contra quatro tipos do v�rus, entre eles o 16 e 18, considerados mais perigosos. As cl�nicas privadas devem come�ar a aplicar nas pr�ximas semanas uma nova vers�o da vacina, contra nove cepas, tamb�m incluindo o 16 e o 18 e mais cinco tipos de HPV de alto risco.
Respons�vel pelo setor de Imuniza��o Humana do Richet Medicina & Diagn�stico, Patr�cia Rosa Vanderborght explica que essa nova vacina vai aumentar a prote��o contra o c�ncer de colo de �tero e de outros tipos. A pesquisadora tamb�m destaca que a comunica��o sobre a preven��o do HPV vem sendo muito restrita aos adolescentes, por causa das campanhas oficiais de vacina��o, e �s mulheres, por conta da preven��o do c�ncer de colo de �tero.
"A incid�ncia � muita alta, e homens n�o t�m a cultura de ir ao m�dico e fazer exames como a mulher, que vai ao ginecologista. A gente observa muita falta de informa��o entre os homens, que acham que a vacina s� � importante para mulheres", alerta. "Outra popula��o importante � a popula��o LGBT. A gente tem conversado com os infectologistas sobre a necessidade de essa popula��o ter ci�ncia da preven��o e da incid�ncia de c�ncer".
Patr�cia acrescenta que a vacina��o contra o HPV na adolesc�ncia tem a vantagem de ser em esquema de apenas duas doses. Nas cl�nicas privadas, que vacinam o p�blico adulto, a vacina passa a precisar de tr�s doses.
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