
A alta incid�ncia de c�ncer do colo do �tero, no Brasil, pode estar associada aos baixos �ndices de cobertura vacinal contra o HPV (Papilomav�rus humano), causador de infec��es persistentes que, em muitos casos, resultam na forma��o de tumores malignos. Neste Outubro Rosa, m�s dedicado � conscientiza��o sobre os c�nceres que mais acometem as mulheres, h� pouco para se comemorar. O cen�rio � preocupante. Segundo o Instituto Nacional do C�ncer (INCA), o c�ncer do colo do �tero � o terceiro de maior incid�ncia entre o p�blico feminino, sendo respons�vel por 16.770 novos casos, a cada ano, e a quarta causa de mortes entre as mulheres, no Brasil.
De acordo com a t�cnica em Vacinas do Laborat�rio Lustosa, Marta Moura, a cobertura vacinal contra o HPV, que � uma doen�a sexualmente transmiss�vel, segue em n�veis bem abaixo do esperado, o que pode gerar grande impacto nos casos do c�ncer de colo do �tero e nos c�nceres de p�nis, garganta e �nus, doen�as que est�o diretamente relacionadas ao HPV. “Levantamento do Minist�rio da Sa�de indica que a vacina de HPV, para o p�blico feminino, atinge 70% de cobertura na primeira dose. Na segunda dose, � ainda pior, aproximadamente 45%. No p�blico masculino, cuja vacina��o influencia na sa�de tamb�m da mulher, a ades�o � igualmente baixa. N�o chega a 50%. O �ndice considerado ideal � de 90%”, afirma.
Segundo Marta, estima-se que, no Brasil, haja aproximadamente 9 a 10 milh�es de infectados pelo HPV que, a cada ano, leva ao surgimento de 700 mil novos casos da infec��o.

“Nem sempre essas infec��es levam ao c�ncer, mas s�o �ndices muito preocupantes, casos que poderiam ser facilmente evitados se houvesse uma maior ades�o �s vacinas. Na contram�o disso, por�m, temos um grande contingente de n�o vacinados, desprotegidos contra as infec��es do HPV e seus efeitos, alguns graves como o c�ncer”, lamenta.
Para a especialista, a imuniza��o contra o HPV amarga baixos �ndices de cobertura vacinal pelos mesmos motivos de outras imuniza��es, o que tem levado � volta de doen�as que antes estavam erradicadas ou sob controle no pa�s, como a meningite. “H� uma grande dissemina��o de fake news, informa��es indevidas de que as vacinas fazem mal, intensificadas pelo Movimento AntiVacinas, e faltam informa��es verdadeiras sobre a efic�cia deste importante instrumento para a sa�de da popula��o”, pondera.
Marta destaca ainda que, especificamente no caso do HPV, h� um desconhecimento da import�ncia das vacinas para evitar as infec��es pelo HPV e se prevenir do c�ncer de colo de �tero. “Outros fatores interferem, como tabus relacionados ao HPV, a descontinuidade da vacina��o nas escolas, o medo de eventos adversos p�s-vacina��o e a falta de conhecimento do calend�rio de vacina��o, determinado conforme as faixas et�rias”, observa.
Segundo a especialista, o governo est� com novas a��es na tentativa de reverter esse quadro negativo. Antes, as vacinas contra o HPV, de acordo com a Sociedade Brasileira de Imuniza��o (SBIM), eram recomendadas para mulheres de 9 a 45 anos e homens de 9 a 26 anos. As faixas et�rias foram estendidas. “Houve, por exemplo, a amplia��o da oferta da vacina HPV4 para meninos e meninas de 9 a 14 anos por tempo indeterminado pelo Minist�rio da Sa�de. As vacinas passaram a abranger homens e mulheres de 20 a 59 anos, os n�o vacinados anteriormente, a crit�rio m�dico, e adultos em situa��o de risco, a partir dos 60 anos”, explica Marta.