Esteroides anabolizantes: sociedades m�dicas pedem mais fiscaliza��o ao CFM
A preocupa��o � com o aumento de complica��es advindas do uso indevido de horm�nios e a dissemina��o de postagens em redes sociais fazendo apologia ao seu uso
Muitos homens abusam dos esteroides anabolizantes em busca de um corpo musculoso e definido
Taco Fleur/Pixabay
As sociedade brasileiras de Cardiologia (SBC), de Endocrinologia e Metabologia (SBEM), de Urologia (SBU) e de Medicina do Exerc�cio e do Esporte (SBMEE) e a Federa��o Brasileira das Associa��es de Ginecologia e Obstetr�cia (FEBRASGO) vieram a p�blico pedir com veem�ncia ao Conselho Federal de Medicina (CFM), na figura do presidente Jos� Hiran da Silva Gallo, e sua diretoria e conselheiros, a vota��o da regulamenta��o sobre o uso de esteroides anabolizantes e similares para fins est�ticos e de performance. Essa regulamenta��o vem sendo amplamente discutida nos �ltimos meses e sua aprova��o se torna urgente.
Os esteroides anabolizantes (EA) s�o drogas que t�m como fun��o principal a reposi��o de testosterona (horm�nio respons�vel por caracter�sticas que diferem homem e mulher). Isso ocorre nos casos em que tenha ocorrido um d�ficit desse horm�nio.
Em cados de uso inadequado e abusos, h� efeitos adversos como tremores, acne severa, reten��o de l�quidos, dores nas juntas, aumento da press�o sangu�nea, tumores no f�gado e p�ncreas, altera��es nos n�veis de coagula��o sangu�nea e de colesterol, aumento da agressividade, que pode resultar em comportamentos violentos, �s vezes, de consequ�ncias tr�gica, entre outros. Sem falar, nos preju�zos espec�ficos para a sa�de do homem, da mulher e dos adolescentes, que tamb�m est�o usando o medicamento de maneira errada.
Dr. Jos� Hiran da Silva Gallo, Presidente do Conselho Federal de Medicina
A Sociedade Brasileira de Cardiologia (SBC), Sociedade Brasileira de Endocrinologia e Metabologia (SBEM), a Sociedade Brasileira de Medicina do Exerc�cio e do Esporte (SBMEE), a Federa��o Brasileira das Associa��es de Ginecologia e Obstetr�cia (FEBRASGO) e a Sociedade Brasileira de Urologia (SBU) v�m, a p�blico, pedir com veem�ncia ao Conselho Federal de Medicina (CFM), sua diretoria e conselheiros, a vota��o da regulamenta��o sobre o uso de esteroides anabolizantes e similares para fins est�ticos e de
performance. Essa regulamenta��o vem sendo amplamente discutida nos �ltimos meses e sua aprova��o se torna urgente.
Os s�cios especialistas e associados de nossas sociedades est�o vivenciando, no seu cotidiano, um n�mero crescente de complica��es advindas do uso indevido de horm�nios. Paralelamente, � crescente e preocupante a dissemina��o de postagens, em redes sociais, fazendo apologia ao seu uso,
transmitindo uma falsa expertise e seguran�a na sua prescri��o, colocando em risco a sa�de da popula��o.
Ainda, in�meros an�ncios patrocinados fazem um verdadeiro com�rcio de cursos intensivos de prescri��o de horm�nios anabolizantes e “chipagem” hormonal, entre outros similares. O p�blico-alvo � formado, especialmente, por jovens m�dicos rec�m-formados que, seduzidos por promessas de altos rendimentos, diferencia��o e coloca��o r�pida no mercado de trabalho, acabam por seguir esses caminhos, que se apresentam como f�ceis atalhos. Alie-se a isso uma percep��o de impunidade, muito por conta da presen�a constante de propagadores dessas estrat�gias medicamentosas, de forma aberta e expl�cita, em diferentes m�dias sociais, fazendo transparecer uma “normaliza��o” e “legalidade” desses procedimentos, situa��o agravada pela aus�ncia de regulamenta��o pelas entidades m�dicas competentes.
Uma das graves consequ�ncias desse inadequado desvio na forma��o e atua��o profissional de m�dicos, incentivados por essa exposi��o frequente e intensa, � o distanciamento daquilo que �
ministrado em programas de resid�ncia m�dica e de p�s-gradua��es reconhecidamente s�rias, �ticas e cient�ficas, em detrimento da sua aloca��o na preven��o e tratamento de doen�as, a verdadeira e
principal miss�o da Medicina. � altamente preocupante observar profissionais optando por atuar em �reas com denomina��es que t�m muito marketing, ao inv�s de ci�ncia, al�m de n�o reconhecidas por nenhuma entidade m�dica (e em nenhum pa�s do mundo), como “antienvelhecimento” (“anti-aging”), “medicina integrativa”, “performance” e “modula��o hormonal” – pr�ticas que, a pretexto de repor horm�nios que estariam pretensamente “subm�ximos”, principalmente os esteroides anabolizantes, tentam esconder, na verdade, a total falta de indica��o para a sua prescri��o indiscriminada, violando pilares fundamentais do c�digo de �tica m�dica. H� que se distinguir, de forma clara, a autonomia m�dica,
pilar inabal�vel da profiss�o, e as pr�ticas abusivas de profissionais gananciosos e de condutas t�o delet�rias � sa�de.
Considerando, ainda, as extensas evide%u0302ncias cienti%u0301ficas e o grave problema de sau%u0301de pu%u0301blica relacionado a este tema, aguardamos a pronta ado��o dessa regulamenta��o, como medida efetiva para
coibir e vedar o uso antie%u0301tico e “off-label” de esteroides anabolizantes, para fins est�ticos e de performance, preservando os tratamentos previstos para as indica�o%u0303es claramente estabelecidas na literatura atual. Essa a��o se faz necess�ria, por atingir n�o apenas a classe m�dica, mas por ter car�ter pedag�gico e de alerta ao p�blico leigo, tamb�m amplamente atingido por informa��es deturpadas e inconsequentes a respeito desse assunto, mas comumente bem elaboradas e atraentes.
Em conclus�o, externamos nossa certeza de que o Conselho Federal de Medicina n�o abrir� m�o do seu papel balizador da pr�tica �tica da Medicina e da defesa da sa�de da popula��o brasileira, podendo
contar, para isso, com o apoio incondicional das sociedades m�dicas signat�rias desse documento.
Assinam o documento em conjunto,
Ivan Pacheco, presidente da Sociedade Brasileira de Medicina
do Esporte e do Exerc�cio (SBMEE); Andr�a Araujo Brand�o,
presidente do Conselho Administrativo da Sociedade Brasileira de Cardiologia (SBC); Alfredo Felix Canalini, presidente da Sociedade Brasileira de Urologia (SBU); Paulo Augusto Carvalho Miranda, presidente da Sociedade Brasileira de Endocrinologia e Metabologia (SBEM); Agnaldo Lopes da Silva Filho, presidente da Federa��o Brasileira das Associa��es de Ginecologia e Obstetr�cia (Febrasgo).
*Para comentar, fa�a seu login ou assine