Contato com a natureza diminui risco de ansiedade e diabetes

 

Al�m de beleza, sombra e �gua fresca, florestas e espa�os verdes oferecem benef�cios ao corpo e � mente, afirma novo relat�rio publicado, neste m�s, pela Uni�o Internacional de Organiza��es de Pesquisa Florestal (Iufro). A pesquisa concluiu que o bem-estar e a qualidade de vida, assim como a preven��o e o combate a doen�as como depress�o, fazem parte da complexa rela��o entre humanos, florestas, �rvores e �reas verdes.

 

 

 

Entre as evid�ncias dos m�ltiplos benef�cios indicados no relat�rio, intitulado “Florestas e �rvores para a sa�de humana: caminhos, impactos, desafios e op��es de resposta”, est�o o est�mulo ao neurodesenvolvimento e � sa�de mental, redu��o de dist�rbios ligados ao envelhecimento cognitivo e combate ao diabetes. Segundo Cecil Konijnendijk, um dos editores do painel, o documento deve ser disseminado mundialmente para que as informa��es cheguem ao maior n�mero de pessoas e possam ajudar na ado��o de novas atitudes de prote��o ao meio ambiente.

 

 

 

"O relat�rio ser� amplamente divulgado, por exemplo, entre tomadores de decis�es sobre florestas, sa�de e outros em n�veis global, nacional e subnacional. Esperamos que isso aumente a conscientiza��o sobre as rela��es floresta/sa�de ao mesmo tempo em que leve a novas pol�ticas e iniciativas que promovam resultados na sa�de das florestas", diz.

 

 

 

O estudo demonstra que, al�m de criar ambientes mais saud�veis, as florestas s�o fonte de alimentos e mat�rias-primas para medica��es. Por exemplo, 70% das plantas medicinais utilizadas nos cuidados b�sicos de sa�de da popula��o mundial representam papel de destaque para os povos ind�genas e comunidades locais. J� nos ambientes urbanos, �rvores e espa�os verdes conseguem diminuir a temperatura local, evitando queimaduras de pele e estresse causados por ondas de calor.

 

Tamb�m conforme o documento, 24% das mortes no mundo e 28% dos �bitos de crian�as com menos de 5 anos est�o ligados a fatores ambientais insalubres — entre eles, a polui��o do ar e os eventos clim�ticos extremos. "Viver pr�ximo a ambientes arborizados est� relacionado a melhor peso ao nascer, enquanto que quem vive longe desses locais t�m maior risco de ter crian�as com baixo peso. H� a redu��o da mortalidade principalmente decorrente de doen�as respirat�rias e cardiovasculares", explica o psiquiatra Leonardo Rodrigues da Cruz.

 

Ecoansiedade Marco Aur�lio Bilibio, diretor do Instituto Brasileiro de Ecopsicologia, comenta a rela��o da natureza com a sa�de mental, que, por consequ�ncia, desencadeia rea��es no bem-estar f�sico. "Existem estudos na �rea dos chamados 'sofrimentos contempor�neos', como a ansiedade ambiental, da qual se tem relatos, estudos e literatura. H� a constata��o de que muitas pessoas est�o em estado de sofrimento ps�quico com as expectativas de cat�strofes ambientais."

 

Desde os anos de 1990, existem registros de psicoterapeutas que prescrevem a natureza como complemento a outros tratamentos, conta Bilibio. "Mais recentemente, esses efeitos passaram a ter uma fundamenta��o cient�fica, na medida em que v�rios estudos revelaram os efeitos no c�rebro — sobre o sistema nervoso simp�tico, parassimp�tico, imunol�gico — promovidos pela proximidade com a natureza. Em 2015, um estudo da Universidade de Stanford revelou que o contato com �rvores tem efeito antidepressivo, reorganizando �reas do c�rebro com depress�o", detalha.

 

Leonardo Rodrigues refor�a que, al�m de diminuir os n�veis de ansiedade, depress�o e estresse, estar regularmente em ambientes verdes pode impactar no tratamento de problemas metab�licos e do cora��o. "� observada a redu��o dos n�veis de resist�ncia � insulina e diabetes tipo 2 naqueles que frequentam esses locais. Caminhar em um parque reduz mais a frequ�ncia card�aca e a press�o arterial diast�lica do que caminhar em uma rua tipicamente urbana", compara.

 

Valter Pereira Gomes, de 46 anos, sabe bem disso. Ele uniu duas pr�ticas que colaboram com a sa�de f�sica e mental: o esporte e o contato com a natureza. Em 2020, com o in�cio da pandemia da covid-19, o gar�om decidiu come�ar a andar de bicicleta em trilhas naturais. No come�o, as dist�ncias percorridas eram curtas. "N�o conseguia praticamente subir a rua de casa", lembra.

 

Agora, Valter consegue pedalar durante horas, admirando a paisagem e cuidando da mente e do corpo. "� prazeroso. Voc� consegue ficar oito horas pedalando, ainda mais o pedal de bike que voc� faz ao ar livre em meio � natureza", conta. O gar�om pedala, em m�dia, 30 quil�metros por dia no meio da natureza. "Acordo �s 5h e fa�o uma hora e meia, duas horas de pedal. � mais sa�de. Minha press�o estava alterada e, hoje, est� tudo normal. � uma maravilha, quero levar para o resto da vida. O pedal ao ar livre, na natureza, � excelente. Recomendo a todos."

 

Na tentativa de que hist�rias como a de Valter se espalhem pelo pa�s, a Funda��o Oswaldo Cruz (Fiocruz) lan�ou, em 2021, em parceria com o Instituto Brasileiro de Ecopsicologia, a agenda Sa�de e Natureza. As institui��es trabalham em busca de evid�ncias cient�ficas dos benef�cios do contato com �reas verdes � sa�de humana e incentivando a pr�tica do chamado "banho de floresta" em �reas naturais p�blicas e privadas do Brasil.

 

Rede mundial A Iufro � uma rede mundial que re�ne mais de 15 mil cientistas de 630 organiza��es. O novo relat�rio foi feito por 44 profissionais, especialistas em silvicultura, ecologia, paisagismo, psicologia, medicina, epidemiologia e sa�de p�blica. Gra�as ao corpo multidisciplinar, os estudos foram desenvolvidos com um olhar amplo para o bem-estar f�sico, mental, espiritual e social, al�m de considerar a sa�de de outros seres e ecossistemas.