Boca comendo chocolate

A nutricionista refor�a ainda que � importante estar atentos a mudan�as de formula��o que possam prejudicar o consumidor

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CURITIBA, PR (FOLHAPRESS) - Pela primeira vez no Brasil, ovos de P�scoa levam alertas na embalagem se tiverem alta concentra��o de gordura saturada, a��car adicionado e s�dio. Em outubro do ano passado, a Anvisa (Ag�ncia Nacional de Vigil�ncia Sanit�ria) determinou que o excesso desses componentes fosse mencionado na parte superior frontal dos alimentos. Os produtos que j� estavam no mercado teriam 12 meses para implantar o selo, se necess�rio, mas lan�amentos deveriam seguir a norma de imediato.


Em 2023, os selos de "Alto em gordura saturada" e "Alto em a��car adicionado" imperam nos ovos de chocolate, segundo uma pesquisa do Idec (Instituto Brasileiro de Defesa do Consumidor). O �rg�o analisou 31 produtos das marcas Lacta, Arcor, Nestl�, Linea e Ferrero, constatando que 87% deles j� seguiam as novas regras e todos os itens atualizados possu�am quantidade de gordura saturada e a��car adicionado acima do recomendado pela Anvisa (Ag�ncia Nacional de Vigil�ncia Sanit�ria). Com rela��o ao s�dio, n�o foi identificado excesso.

Levam o selo chocolates com 15g ou mais de a��car adicionado e 5g ou mais de gordura saturada por 100g do alimento. Al�m dos alertas, a ag�ncia reguladora estipulou mudan�as na tabela nutricional, como a padroniza��o das cores para fundo branco e letras pretas, ajudando na leitura, e nas alega��es positivas dos produtos, evitando informa��es conflitantes que possam confundir o cliente.

 

 


Embora o a��car adicionado esteja presente em todos os ovos analisados pelo Idec, � poss�vel encontrar no mercado itens livres desse componente, como ocorre na marca paulistana Luckau, na Kopenhagen e na Brasil Cacau, que oferecem produtos sem o selo de "alto em a��car adicionado". A presen�a excessiva de gordura saturada, por outro lado, � mais comum.


Mas o excesso dos tr�s nutrientes cr�ticos presentes na norma da Anvisa n�o deve ser o �nico fator analisado na hora da compra, mesmo que esteja associado a um maior �ndice de DCNTs (doen�as cr�nicas n�o transmiss�veis) como hipertens�o e diabetes, lembra a nutricionista La�s Amaral, do Idec. A lista de ingredientes, que est� sempre em ordem de quantidade no r�tulo, precisa ser levada em conta.

 

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A predomin�ncia de emulsificantes e aromatizantes na composi��o, usados para tornar o alimento mais atraente, inserem os produtos na categoria dos ultraprocessados, igualmente nocivos � sa�de. Uma revis�o publicada em 2020 no British Journal of Nutrition, por exemplo, identificou rela��o entre o consumo desse tipo de produto a um maior risco de s�ndrome metab�lica, sobrepeso, obesidade, doen�as cardiovasculares, depress�o e mortalidade geral. Por esses motivos, ultraprocessados n�o s�o recomendados pelo Guia Alimentar para a Popula��o Brasileira, que estabelece diretrizes alimentares oficiais no pa�s.


A nutricionista refor�a ainda que � importante estar atentos a mudan�as de formula��o que possam prejudicar o consumidor. No Chile, que aderiu aos alertas frontais para os mesmos nutrientes que o Brasil, o a��car adicionado tem sido gradualmente substitu�do nas f�rmulas por ado�antes, que pesquisas indicam que o excesso pode ser nocivo para o organismo. "Isso corre o risco de acontecer em breve por aqui", prev� Amaral.

 

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O equil�brio no consumo � outro ponto a ser analisado. Por estar vinculado a festas, o ovos de P�scoa tem um valor afetivo que deve pesar na decis�o, diz a nutricionista Sophie Deram, doutora em endocrinologia pela Faculdade de Medicina da USP (Universidade de S�o Paulo). A profissional aconselha que a pessoa consuma o chocolate de que mais gosta, mas em pequena quantidade, usando os r�tulos como apoio para essa escolha.

 

A especialista cita o exemplo das crian�as. "� comum v�-las ganhando muitos ovos de P�scoa, um de cada membro da fam�lia. Esse excesso faz mal e vale mais dar apenas um ovo que as tenha encantado do que cinco, oito ou dez que elas nem tenham pedido", diz.

 

Procurada pela reportagem, a Abicab (Associa��o Brasileira da Ind�stria de Chocolates, Amendoim e Balas), que representa as ind�strias do setor, afirma que o segmento est� empenhado na melhoria de seus processos. A entidade tamb�m recomenda o consumo moderado dos chocolates.